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Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!
As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos alheados (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!
De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!
... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/Woodstock/Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.
Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!
Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":
1º- A Crise Financeira Mundial: desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - o FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história!...
2º- A Crise do Petróleo: Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...
3º- A Contracção da Mobilidade: fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.
4º- A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!
5º- A Destruição da Classe Média: quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.
6º- A Europa Morreu: embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e pelos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há dias na Irlanda!
7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalho e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).
8º- A Crise do Edifício Social: As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum...
9º- O Ressurgir da Rússia/Índia: para os menos atentos - a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!
10º- A Revolução Tecnológica: nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!
Eis pois, a Revolução!
Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.
Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!
Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!
Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...
Lamento, mas o 25 de Novembro não foi uma revolução de direita
-
Existe um lado cómico, na data que hoje se assinala, corporizado por um
sem-número de almas equivocadas, que acredita piamente ter sido a direita a
planear...
Há 3 horas
11 comentários:
Excelente!! Uma visão realista, do que irá ser o mundo daqui alguns meses...anos. Uma excelente crónica.
Ocorre-me deixar aqui 3 poemas de Bertolt Brecht :
Tempos Sombrios
Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes,
pois implica em silenciar
sobre tantos horrores.
Os Esperançosos
Pelo que esperam?
Que os surdos se deixem convencer
E que os insaciáveis
Lhes devolvam algo?
Os lobos os alimentarão, em vez de devorá-los!
Por amizade
Os tigres convidarão
A lhes arrancarem os dentes!
É por isso que esperam!
Nada É Impossível De Mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
..."Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!... "...
Nem Sempre Caros Amigos,
e a situação presente não tem quaisquer antecedentes no paasado.
É certo, que existiram grandes Impérios, que com o tempo acabaram por ruir, foram muito importantes para o desenvolvimento da Humanidade, mas hoje estamos noutra era, nunca como agora, houve a possibilidade de reduzir em segundos enormes cidades a escombros, nunca como hoje, existiram armas de destruição maciça tão eficazes como na nossa era, nunca a Humanidade esteve tão ameaçada de extinção total ou quase total como hoje.
É certo, que houve guerras altamente destruidoras, mesmo em épocas mais recentes as duas grandes guerras do século passado, destruiram dezenas de milhões de pessoas, mas isso não é nada comparado com o poder destrutivo actual.
Ora tendo em atenção a emergência de países altamente povoados, como a China, a Índia, e a própria Russia, que por si só representam mais de 40% da população mundial, tendo em atenção que grande parte da população deses países tem um baixíssimo nível de vida, acreditando que os governos desses países, até por força de se poderem manter no poder, vão ter de aumentar o nível de vida dessas populações, isso só será possível à custa dum decréscimo do nível de vida dos países ocidentais, aliás, assiste-se a isso mesmo hoje em dia.
Outro grande problema é que para esses países crescerem precisam de desenvolver a sua capacidade produtiva e para isso precisam de matérias primas, a China por exemplo, tem utilizado um processo de infiltração em países produtores de matérias primas fundamentais, não só adquirindo essas matérias primas como colonizando esses países, muitas vezes dirigidos por governos corruptos, dessa forma, é de prever, que um destes dias passem a ser os chineses a controlar a produção não só de produtos manufacturados como das próprias matérias primas, iremos chegar ao ponto dos países ocidentais se quiserem esses materiais, terem de os adquirir aos chineses, estes por sua vez, como não são parvos, vende-los-ão pelo maior preço, isso se os quiserem vender, ou seja, ficam com a faca e o queijo nas mãos.
Claro que com isso sufocarão o Ocidente, este, ou se deixa afogar de vez ou reage e só pode reagir duma forma violenta, e aí, temos aquilo que qualquer pessoa mais informada vai esperar, uma guerra como nunca houve no Mundo, será uma guerra de sobrevivência de culturas como nunca houve igual, simplesmente porque já não estamos em tempos feudais ou na idade média, agora o que manda na civiização é o poder industrial e sem matérias primas não há industria, não havendo industria não há modo de alimentar os quase 7.000 milhões de pessoas, vai ser um verdadeiro Holocausto que eclipsará todas as previsões que os mais entendidos possam prever, pois uma vez começada, dificilmente poderá terminar sem que uma ou ambas as partes estejam completamente destruídas.
Pode parecer ficção mas não, é o fim inevitável arranjado e preparado há muito pelos ditos "eleitos" que tem dominado o Mundo até agora, "esquecendo-se" foi, que quer a China, quer a Índia são civilizações muito antigas e que aprenderam a sobreviver a todo o tipo de desafios, a sua experiência de vários milénios, juntamente com a sua filosofia de sacrifício em prol dos seus descendentes irá mudar o Mundo e não irá demorar muito, aí, estou de acordo convosco, no máximo uns dez a quinze anos e surgirá essa destruição fantástica.
Cumprimentos.
LUSITANO
Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:
Crónicas sobre o futuro
“Inside Job – A verdade da Crise”
A crise financeira mundial,
que rebentou em
2008 nos Estados Unidos,
está longe de ser
ultrapassada e, porventura
mais importante, a sua
solução a médio prazo está a ser
conduzida no sentido errado, por
duas ordens de razões: (1) porque
tendo sido uma das causas da crise
o gigantismo das instituições
financeiras, gigantismo que conduziu
à perda da sua adesão à realidade,
muitas dessas instituições
são agora maiores como resultado
da própria crise; (2) porque a maioria
dos dirigentes e das atitudes que
criaram a crise, não só não foram
penalizados mas foram recompensados
com indemnizações imorais,
além de novos lugares na administração
Obama e na generalidade
dos centros do poder financeiro
norte americano. O mesmo se
passa aliás em todo o mundo.
Para compreender isso mesmo
com rigor é essencial ver o filme
“Inside Job – A Verdade da Crise”,
que passa presentemente nas salas
portuguesas. Feito de forma extremamente
clara e pedagógica, além
de rigorosa, o filme mostra quase
tudo o que há a saber sobre a crise
e as suas causas. Mostra as causas
longínquas dos tempos de Ronald
Reagan e de Margaret Thatcher, a
desregulação levada a cabo pelo
presidente Clinton e os ouvidos
moucos e inconscientes do presidente
Bush. Mas mostra também
os preconceitos ideológicos que,
contra toda a evidência objectiva,
guiaram as decisões dos principais
responsáveis pelas finanças dos
Estados Unidos e do mundo, desde
Alan Greenspan ao actual Presidente
da Reserva Federal Ben Bernanke.
Como mostra a ganância,
a desonestidade e a incompetência
dos principais dirigentes bancários
americanos e a sua relação
privilegiada e perigosa com o poder
político. Mais surpreendente ainda,
mostra também uma área menos
conhecida, a da venda por bom
preço de estudos e de avaliações
que ignoraram os mais que evidentes
riscos e erros que estavam
a ser cometidos e as leis que estavam
a ser ultrapassadas, estudos
produzidos por alguns dos mais
conhecidos economistas das mais
respeitadas universidades americanas.
Estudos que sustentaram a
ideia da supremacia da desregulação
da actividade financeira que
conduziu ao desastre.
O filme explica ao pormenor
como foram criados e vendidos em
todo o mundo os diversos produtos
financeiros agora rotulados de
tóxicos, produtos que conduziram
á falência da Islândia e de todos os
bancos irlandeses, além de terem
provocado uma crise generalizada
na economia mundial. Explica como
os dirigentes bancários americanos,
ao mesmo tempo que vendiam
esses produtos, apostavam
na sua queda através de seguros,
os quais lhes permitiriam ganhar
ainda mais dinheiro por força da
desgraça a que conduziam os compradores
desprevenidos dos riscos
existentes e enganados por avaliações
fraudulentas.
(continua...)
Como há anos tenho dito e escrito,
a supremacia do pensamento
financeiro dominante na maioria
dos conselhos de administração das
maiores empresas mundiais, bem
como nos conselhos de ministros
da maioria dos países, conduzirá a
economia ocidental a um beco sem
saída, ao empobrecimento de milhões
de europeus e, em menor grau, de
norte americanos. Esse pensamento
financeiro exclui a maior parte do
progresso cientifico e tecnológico,
a participação dos engenheiros e
da engenharia no desenvolvimento
das economias dos países e privilegia,
sem quaisquer outros critérios,
as deslocalizações de sectores
produtivos inteiros para os países
de mão de obra barata e sem
direitos políticos e sociais, da Ásia.
Para um pequeno pais europeu
de apenas dez milhões de pessoas
e com uma economia aberta como
Portugal, esta crise mundial e o
desvario financeiro que a sustenta
poderá constituir uma oportunidade.
Bastará para isso deixar
de copiar os mesmos critérios financeiros
e adoptar a diferença e a
inovação como motor do progresso
nacional e privilegiar a engenharia
apoiada num sistema cientifico
e tecnológico exigente, em tudo
e também em resultados concretos
para a economia nacional. Ou
seja, na medida em que os gestores
mundiais da crise não querem
compreender as suas causas
e com toda a probabilidade contribuirão
para o agravamento das
condições que provocarão uma
nova crise ainda de maiores dimensões
no futuro, temos a oportunidade
de prever os acontecimentos
e de inovar na sua prevenção,
com vista à superação
virtuosa dos seus efeitos e ao progresso
de Portugal no contexto
da Europa e do Mundo.
HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com
..."Para um pequeno pais europeu
de apenas dez milhões de pessoas
e com uma economia aberta como
Portugal, esta crise mundial e o
desvario financeiro que a sustenta
poderá constituir uma oportunidade.
Bastará para isso deixar
de copiar os mesmos critérios financeiros
e adoptar a diferença e a
inovação como motor do progresso
nacional e privilegiar a engenharia
apoiada num sistema cientifico
e tecnológico exigente, em tudo
e também em resultados concretos
para a economia nacional."...
O Sr. Neto não deve viver no mesmo Mundo em que eu vivo, será que não percebeu exactamente, que o que tem destruído a Economia Ocidental na qual naturalmente, incluimos Portugal, é exactamente esta política criminosa de portas abertas???
Porque pensa ele que os portugueses são melhores do que os chineses e os indianos, só para citar estes dois exemplos???
Não terão também esses povos igualmente capacidade para produzir produtos novos e inovadores, ou acha que são umas bestas incapazes de fazer seja o que for???
Ainda por cima, em países em que os direitos autorais pouco valem, aonde se copia tudo, desde relógios a automóveis, que tem regimes de trabalho e sociais compltamente diferentes dos nosssos, como quer esperar que a "diferença e a inovação" contem para o totobola???
O Sr. Neto é uma típica figura PS, ainda acredita na "Alice do País das Maravilhas", ainda espera que a Europa e o Mundo Ocidental alguma vez venham a levantar cabeça.
Ainda há dias, fui com a minha esposa visitar duas grandes superfícies, que não pertencem a chineses, cujos produts são na sua maioria de origem chinesa ou indiana, tinham desde decorações de Natal até geradores eléctricos de média potência e a preços absolutamente inferiores aos produtos ocidentais congéneres, tivemos a ver vários tipos de loiça, a qual, a preços tais, que os portugueses nunca conseguiriam produzir a pelo menos duas a três vezes mais caro, como é possível então, concorrer com essas situações???
Porque é que as industrias tradicionais portuguesas, têxteis, confecção, conservas, vidros, loiças, etc., estão todas a dar o berro, será pela sua não inovação ou por não conseguirem concorrer com os produtos orientais???
Não se produzem na China materiais de avançado carácter tecnológico? Ou acha que a maioria dos chips e outros componentes avançados são feitos nas Berlengas???
O Sr. Neto, talvez devido à sua provecta idade, ainda pensa que está no tempo do Condicionamento Industrial do Salazar, deve acertar o relógio senão ainda se vai arrepender.
Cumprimentos.
LUSITANO
Não concordo com quase nenhuma das premissas que indicou, mas estamos de facto a viver uma revolução: tecnológica. Nunca a humanidade teve tanta capacidade de produzir como hoje. É o paradigma económico que está cada vez mais desajustado da realidade.
Hoje tomei a decisão de votar em Fernando Nobre, para Presidente da República!
É a primeira vez que publicito a minha orientação de voto. Ela resulta da razão e de, entre outras coisas, de uma simples afirmação:
- “O Presidente da República não pode ser um mero adorno…, um vazo de flores em Belém”.
Permitam-me que traga aqui mais um artigo de opinião, publicado no Jornal de Leiria, de 09 de Dezembro:
O triunfo dos porcos
Os desenvolvimentos que a política económica,
financeira, social e política portuguesa tem sofrido
às mãos de Sócrates e companhia faz-nos crer
que, neste cantinho à beira-mar plantado, se materializa
definitivamente o triunfo dos porcos.
Esta república socratina, decadente e corrupta continua a
penalizar o trabalho e a premiar a especulação e o carreirismo
político, colocando quem menos tem, a pagar mais. Ou,
melhor dizendo, a pagar quase tudo.
Numa altura em que nos dizem que temos que apertar
euroicamente o cinto eis que, sem vergonha, o governo isenta
diversos grupos, esses sim, os verdadeiros donos de benesses
e privilégios.
Ele foi o Orçamento, rigorosíssimo para alguns mas que
permite aos quadros mais bem pagos das empresas públicas
terem um regime de excepção nos cortes de 5% dos vencimentos.
O ministro das Finanças declarou, a preceito, que tal
é apenas uma adaptação. Enfim, com papas e bolos já enganaram
muitos tolos mas não creio que agora alguém acredite
numa única palavra política deste governo. Mas como se
não bastasse, o governo dá mais regimes de isenção a altos
quadros do Estado que já acumulam ordenado e pensão, não
sendo abrangidos pela proibição dessa regalia. Por outro lado
as grandes empresas ficam isentas de pagar impostos pela
antecipação de distribuição de dividendos, tendo o partido
de Sócrates chumbado a iniciativa parlamentar que permitiria
que entrassem nos cofres do estado muitos milhões de
euros. Por isso quando nos falam em austeridade, quando
nos exigem que nos verguemos ao poder do capitalismo especulativo,
quando nos aplicam medidas financeiras de um peso
esmagador, falam mesmo só para nós, para aqueles que pagam,
para aqueles que não usam offshores, para aqueles que ao
fim do salário ainda falta muito mês. Por isso, tal como escrevia
George Orwell no seu O triunfo dos Porcos (Animal Farm),
“todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que
os outros”. O rigor e a austeridade pertencem a todos mas há
uns que a sofrem muito mais e outros a quem quase não toca.
Aos porcos. Que agora triunfam. Esperemos que na hora das
decisões saibamos dar resposta à pocilga e ao estrume que
nos estão a dar.
***
Falemos agora de Educação. O Presidente do Conselho de
Escolas (CdE), em entrevista ao Expresso (4.12) confirma o
óbvio: o CdE não conta para nada, os seus pareceres são ignorados
pelo Ministério. Cito “o Ministério tem a preocupação
de nos ouvir, mas na grande maioria das situações toma decisões
que nos mereceram pareceres desfavoráveis”; e continua,
“a tutela tem sentido necessidade de legislar sobre determinadas
matérias e não tem havido margem de manobra
para nos sentarmos à mesa para pensar como poderíamos
melhorar as nossas escolas. Ainda não ouvi os responsáveis
do ME dizer o que pensam para a educação a longo prazo”…
É triste ouvir alguém com um poder nominativo dizer
que o Ministério da Educação despreza o que propõem e
que o seu trabalho, enquanto conselheiros, é de ouvir e calar.
Não entendo como colegas (pois professores são!) se predispõem
a baixar a cerviz, a discordar dizendo que sim,
comendo e calando, incapazes de tomar posições sérias e
incómodas. Estes conselheiros não são directores de escolas,
estão directores de escolas! Por isso, enquanto membros
do tal Conselho de Escolas, para além de deverem ouvir
os seus colegas professores, os seus sentires e angústias,
deveriam exigir que os seus pareceres, as suas propostas,
as suas reflexões fossem tidas em conta. Como o não são,
só haveria, e há, uma saída de cabeça erguida e porventura
eficaz: a demissão em bloco.
Não o fazendo tornam-se coniventes das políticas do ME,
pelo silêncio e pela inércia efectiva.
Boas Festas para todos os leitores. E que o ano de 2011
seja de mudança.
incómodas
FERNANDO JOSÉ
RODRIGUES
Professor, escritor
Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:
Crónicas sobre o futuro
Falar da pobreza
É Natal, o tempo em
que os cristãos e,
de alguma forma,
todos nós, festejamos
a paz e a solidariedade,
de que
neste ano de 2010 estamos mais
necessitados do que nunca. Não
apenas da solidariedade das palavras,
mas dos actos. Não apenas
o Natal dos cartões de boas festas
e dos presentes, de que porventura
não precisamos, mas de
uma preocupação activa pelos
portugueses que só não passam
fome porque milhares de outros
portugueses fazem alguma coisa
para o evitar. Foi em boa hora que
a semana passada o Sport Operário
Marinhense e o JORNAL DA
MARINHA GRANDE realizaram
um debate em que foi dada a palavra
às instituições de solidariedade
do concelho, para alertar
para a pobreza e para as misérias
de muitos dos nossos concidadãos.
Foi um banho de realidade
perante os muitos jogos de enganos
em que temos vivido, e, porque
não dize-lo, convivido.
Convivência que os partidos
políticos e os governos usam para
ignorar a realidade, ao mesmo
tempo que criam máquinas administrativas
enormes que consomem
o dinheiro que faz falta aos
que precisam, tendo nesse processo
endividado o país. Ao mesmo
tempo que milhares de instituições
de solidariedade real e umas
dezenas de milhar de voluntários
lutam com falta de meios para
matar a fome e a doença de muitos
mais. Perante esta desgraçada
situação não basta a revolta, é
preciso também acordar as consciências,
não apenas para a ajuda
aos mais necessitados, mas para
olhar de frente os erros cometidos
e avaliar os sofismas de que os
mais pobres são vítimas.
Um dos sofismas mais frequentes
é de que os portugueses têm vivido
acima das suas posses, como se
fosse possível viver acima das posses
quando se ganha o salário mínimo.
Ou seja, uma das mais antigas
formas de esconder a realidade e
defender os interesses dos mais
poderosos é meter tudo e todos no
mesmo saco. Outro sofisma é o de
que a economia do país não resiste
ao salário mínimo de quinhentos
euros, sem qualquer esforço
para avaliar com rigor o que isso
quer dizer em termos da economia
real e sem falar nunca em salário
máximo, ou de qual será o equivalente
efeito na economia de milhares
de salários anuais de centenas,
ou de milhões, de euros. Ou qual
o efeito que a corrupção tem na
economia e que o poder político
tudo faz para ignorar.
(continua...)
De facto, o salário mínimo de
quinhentos euros só afectará, se
afectar, aquela parte da economia
que já deveria ter desaparecido há
dezenas de anos e que nunca poderá
contribuir para o progresso e
para o desenvolvimento de Portugal.
Trata-se de um modelo económico
hoje insustentável devido
à concorrência asiática, modelo que
herdámos da EFTA e que aqui há
muito tenho explicado e combatido,
mas que os governos sustentam
pelas mais diversas formas.
Entretanto, parece que o primeiro
ministro não gosta que se
fale da pobreza e, espanto dos
espantos, descobriu que o Presidente
da República também aprendeu
a usar todos os truques de ilusionismo
politico de que José Sócrates
é, por direito e competência
próprios, o grão mestre. Neste processo,
a obra volta-se agora contra
o seu principal obreiro, não
para repor a política da verdade e
da decência, mas para uma luta
fingida de falsos concorrentes.
Neste final de 2010, em tempo
de Natal e na presença do maior
ataque feito no Portugal democrático
aos mais pobres e aos mais
fracos, sob a falácia de uma crise
internacional e por força de uma
realidade provocada por anos de
incúria e de ignorância de diferentes
governos, bom seria que
os portugueses compreendessem
a necessidade de interromper o
ciclo vicioso de José Sócrates, político
forte e corajoso com os pobres
e os fracos e fraco e pusilânime
com os fortes e os ricos. Há que
parar de vez com a politica de
mentira e aproveitar as condições
favoráveis que a economia portuguesa
tem, as qualidades de trabalho
e de sacrifício dos portugueses
e o crescimento das economias
europeia e mundial, para
apostar no nosso próprio crescimento
económico. Sem isso, poderemos
querer varrer os pobres e a
pobreza para debaixo do tapete,
mas a pobreza e a ignorância continuarão
a atormentar as nossas
vidas.
HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com
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