Vale a pena transcrever o artigo de Henrique Cardoso.
Provavelmente continuaremos sentados. Mas se calhar iremos sentir algum incómodo.
"A austeridade não é uma invenção ou escolha, é a realidade, é a vidinha que temos pela frente. O debate está apenas na fórmula dessa austeridade. Porque os números que se seguem são isso mesmo: números, factos, e não estados de alma.
(a). Portugal tem cerca de 10,5 milhões de pessoas, mas só tem 4,8 milhões de trabalhadores no activo. E o rácio vai continuar a diminuir, ou seja, os cortes nas reformas são e serão mais ou menos inevitáveis. Só havia um caminho para evitar esses cortes: emissão de dívida para armazenar dinheiro no sistema antigo, libertando os mais novos para um sistema diferente. Os polacos fizeram isto. Mas, agora, Portugal não tem a folga necessária para fazer essa mudança. Eis, talvez, a maior das lições desta crise: a dívida deve ser usada em mudanças de fundo, e não na gestão corrente do Estado.
(b). Em 2004, a dívida pública portuguesa era de 90 mil milhões; em 2011, já estava nos 174 mil milhões. Em seis anos, um primeiro-ministro quase duplicou a dívida soberana do país. 93% de aumento em apenas seis anos. Isto gerou crescimento? Não. Gerou emprego? Não. Gerou a terceira bancarrota do Estado desde 1977. Mas não faz mal: os ministros e restante canalha deste primeiro-ministro continuam na palminha da mão dos média. A culpa é da Merkel, do protestantismo, dos "neoliberais", do Bush e quiçá do degelo.
(c). E as PPP? Devido à gentileza socialista , as famosas PPP representam um encargo de 26 mil milhões entre 2012 e 2050 (mas cheira-me que este sub-buraco será maior). Isto faz disparar a dívida do Estado para 200 mil milhões.
(d) E, agora, temos a parte divertida: relacionar este buraco financeiro com o buraco demográfico. Em 2004, o Estado devia 8,500 euros por cada português; em 2011, devia 19.032 euros. Isto seria sempre mau, mas torna-se pornográfico quando sabemos que esta política económica, perdoem-me o eufemismo, não gerou crescimento.
(e). Se acha que o cenário é péssimo, o meu caro leitor deve esperar mais um pouco. As contas têm de ser feitas não com o número de cidadãos, mas com o número de trabalhadores no activo. Portanto, a nossa vidinha é assim: por cada trabalhador, o Estado devia em 2004 cerca de 18 mil euros; em 2011, devia 41 mil euros.
(f). Em 2012, o país ainda não quer olhar para a dimensão deste buraco, ainda quer pensar que a realidade é só a representação da nossa vontade".
7 comentários:
-> É essa a minha filosofia!!!
-> Analisar a 'coisa'... e não... ficar à espera que os políticos sejam paizinhos!!!
.
-> Nacionalização de negócios 'maddofianos', privatização de empresas estratégicas (e que dão lucro!) para a soberania, PPP's, etc... SALTA À VISTA que os políticos têm de passar a ser muito controlados por que paga (vulgo contribuinte)!
.
Uma sugestão: blog «fim-da-cidadania-infantil».
.
Uma outra sugestão: Islândia: a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa! -> nota: dever-se-ia consultar o know-how islandês.
Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos),digo simplesmente que os trafulhas,os velhacos,os pulhas,os cínicos,os hipócritas da Alta,da Média,da Pequena Burguesia com destaque para os Vigários de Cristo mas também gente da Plebe,que sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo,agora em liberdade e «democracia» e com o liberalismo económico-financeiro em que cada qual se safa como pode,ÊLES,seus apaniguados e «filhos da mesma escola»,muito melhor sabem como tirar o melhor partido desta Situação.Só os bem intencionados ou os palermas como eu,é que foram,são e serão sempre as eternas vítimas.E não esquecer que ÊLES estão a vingar-se do 25 d'Abril.
Claro que estão.O Sócrates,o Soares,Guterres e restantes detonadores da dívida,vingaram-se bem do 25 de Abril.
Atrás deles,os Loureiros,Varas,Isaltinos,Lellos,etc,tudo a vingar-se do 25 de Abril.
E estão prontos a vingar-se mais.
O Gonçalvismo ainda conseguiu gerar muita riqueza e prosperidade,com aqueles negócios da venda de vinhos à Rússia,etc.
E alguns membros do partido comunista também se têm vingado bem.Atente-se na camarada Odete com património financeiro acima de 2,5M de euros e mais de 70 imóveis.
O Mário Lino antigo membro do comité central,só poude vingar-se agora nos contratos das PPP's.
Enfim,cada um vinga-se como pode.
Olhe,eu tenho que trabalhar duramente todos os dias para sustentar a família e pagar os impostops que sustentam todos os vingadores.
«Portugal tem cerca de 10,5 milhões de pessoas, mas só tem 4,8 milhões de trabalhadores no activo. E o rácio vai continuar a diminuir»
Este tipo de raciocínio não faz qualquer sentido. A tecnologia e a automação tem vindo a evoluir a uma velocidade exponencial. Seja na manufatura, seja nos serviços, seja em que atividade for.
Ou seja, o paradigma de uma sociedade baseada no trabalho humano vai sendo substituído por um paradigma de uma sociedade baseada no trabalho da máquina. Donde, estar a ficar preocupado com a proveniência das reformas…
Não posso nem devo aceitar, como inevitável, o empobrecimento dos portugueses.
Claro que o país tem que produzir mais, criar mais riqueza, exportar mais.
Mas também é necessário que a riqueza gerada seja melhor distribuída por todos aqueles que a produzem e dela necessitam. Esta condição é indispensável para o desenvolvimento do país e para uma maior justiça e equidade.
A solução dos nossos problemas financeiros não poderá passar por acabar com a escola e a saúde públicas ou com o sistema de segurança social. A alternativa, a meu ver, deverá passar por uma reestruturação profunda de todas as áreas sociais, dotando-as dos meios necessários ao seu funcionamento equilibrado e sustentado.
Não faltam bons exemplos por essa europa fora. Basta copiá-los e adaptá-los.
Terá que se solucionar o problema das PPP.
Terá que se acabar com a acumulação indevida e indecorosa das pensões.
Há que pôr fim às mordomias dos políticos e gestores públicos.
Há que combater, eficazmente, a fuga aos impostos, terminando com algumas benesses e “domesticar” os monopólios sanguessugas da nossa economia, como a EDP, a GALP, etc.
Claro que o sistema político terá que mudar e a justiça terá que funcionar.
Caso contrário, NADA FEITO.
Como as desigualdades de rendimentos prejudicam a sociedade... PORTUGUESA!
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=yWGFBhpb_FE
Políticos na Suécia: sem luxos e sem mordomias!
http://www.youtube.com/watch?v=-Yk4NQwpdYA
Reformas na Suiça com máximo de 1700€
http://www.youtube.com/watch?v=N5Sa6ravE1w
TRAPACEIRO!
«Ao longo dos últimos meses, o governo [PS] adoptou, em diversos momentos, medidas gravosas, visando a redução do défice orçamental, que tiveram e têm consequências directas sobre o rendimento das pessoas e das famílias, sobre a actividade das empresas e sobre o desempenho da economia portuguesa como um todo. Sempre que tal aconteceu, o governo garantiu, pela voz dos seus mais altos responsáveis nesta matéria - o primeiro-ministro e o ministro das finanças - que as medidas em causa eram as adequadas e suficientes para a realização dos objectivos pretendidos em matéria de finanças públicas. Impor agora novos aumentos de impostos, cortes nas pensões, no Serviço Nacional de Saúde ou na rede escolar, confirma a estratégia do governo de transformar medidas de emergência - que pelos sacrifícios que impõem aos cidadãos - apenas devem ser assumidas em situações extraordinárias e de modo conjuntural. (...) Ao agir dessa forma, o governo está também a evidenciar, perante o país inteiro, quer a sua incapacidade para cumprir adequadamente aquela que é a sua responsabilidade, quer o seu despudor em transferir para os portugueses o custo dos seus sucessivos erros. Se estas medidas adicionais são necessárias, é porque o governo não soube, ou não quis fazer, aquilo que a ele - e só a ele - lhe compete.»
(Pedro Passos Coelho, a 11 de Março de 2011)
http://www.youtube.com/watch?v=62Jmw3S3gRQ&feature=relmfu
(Via Ladroesdebicicletas)
Enviar um comentário