Quando a Islândia decretou a falência técnica oficial, no final de 2008, o mundo ficou surpreendido. Apesar do choque, imediatamente se sucederam outros exemplos até ser institucionalizada a crise económica internacional que chegou mesmo a ganhar títulos como "recessão mundial" e "depressão". Simultaneamente, Madoff burlava em mais de 50.000 milhões de dólares muitos investidores que viram as poupanças das suas vidas desaparecerem de um dia para o outro sem que o Estado norte-americano se preocupasse com isso. Estava então "decretado" o tema para 2009: a crise mundial.
Por cá tivémos o equivalente de Madoff, mas a duplicar: o caso BPP e BPN. Para a dimensão do nosso país, era de esperar que o Governo tivesse tomado medidas de excepção. Em vez disso, passámos 2009 em preparativos para as eleições legislativas realizadas estrategicamente no final do ano por sugestão de outra grande figura da política nacional: o Presidente da República. Entre combate político e muitos casos de corrupção que envolviam o Primeiro-ministro, os portugueses observaram o pingue-pongue televisivo e mediático que manteve o povo distraído do essencial: o desemprego galopante, o desmantelar da indústria de ponta portuguesa e a destruição de uma parte importante do tecido empresarial e comercial nacional.
Nada foi feito de realmente importante em 2009 do ponto de vista de medidas para a crise. Sócrates manteve-se indiferente às desgraças, elogiando apenas os grandes empresários, que numa atitude pró-socialista, se mostram subservientes e obedientes, para receberem os seus subsídios de milhões com os quais se vêem "pagos" por este marketing e propaganda.
Todo o país que discorda de Sócrates, vai caindo, desmoronando-se pois, por não o reconhecer como o grande representante nacional desta NWO, é desprezado, abandonado e espezinhado. Os casos de corrupção envolvendo ligações ao Governo adensam-se nas mesas da Procuradoria-Geral da República, mas logo um obediente e "honorável mestre" aí se encarrega de os arrumar num armário com o rótulo: "arquivado por falta de provas". Gravações, escutas, relatórios dão trabalho administrativo a muitos funcionários judiciais, mas apenas isso. Não é suposto servirem para rigorosamente mais nada.
E assim é reeleito Sócrates, já sem maioria, mas quase tão arrogante como no primeiro mandato, durante o qual atacou inúmeras classes profissionais sem lógica política ou estratégia social. Os desempregados continuaram desempregados. Alguns não-desempregados foram promovidos a desempregados, enquanto inúmeros administradores de empresas e da banca recebiam prémios escandalosos de milhões. Aliás a palavra milhões passou a figurar em todos os Media diariamente. São milhões para o TGV, que apenas servirá grandes cidades e um punhado de privilegiados que não gostam de viajar de avião. São milhões para o Governador de Portugal, um militante do PS que nunca conseguiu antever nada relacionado com os desastres financeiros de 2009. Apesar dessa miopia, foi promovido e convidado para vice-presidente do BCE.
Agora o Governo lança a sua última piada sobre economia e finanças em plena situação de crise financeira e de desemprego: o PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento. Este plano, pressionado pela UE agrava os impostos pela redução das deduções e benefícios fiscais, e leva à alienação do património empresarial que ainda estava na posse do Estado: EDP, TAP, CTT, REN. Seguir-se-ão a CP, REFER e METRO. Depois vender-se-ão os restantes edifícios do Estado que ainda não foram alienados e...
...e não se sabe o desfecho destes 100 anos de República, ciclo que é encerrado pelo pior Ministro das Finanças e pelo pior Primeiro-ministro da história socio-política portuguesa. Todo o investimento financiado pela UE desde a nossa adesão desmoronou-se nestes últimos cinco anos. O que ficou? A dívida para pagar à banca europeia, com a qual se ocuparão para as próximas décadas os políticos, pois esse será o único tema a debater no hemiciclo. Uma coisa ficou clara nas palavras de ontem de Cavaco Silva (que já por inúmeras vezes repetiu que tudo tem feito para reduzir o desemprego em Portugal): "devemos evitar usar a bomba atómica"...
Posto por Pedro Duarte
9 comentários:
Obrigado, Pedro Duarte
A partir de hoje o Blogue da Força Emergente recebe um novo impulso de grande qualidade.
O Pedro, para lá das suas capacidades de analista atento ao evoluir da situação política interna e externa, é um dos raros elementos combativos e disponiveis para a luta que teremos de continuar a travar em prol da dignidade neste País.
Outros se irão seguir e completar a lista de colaboradores mais assiduos.
Entre aqueles que já por aqui passaram, ainda nos lembramos dos posts do Zé Muacho e também gostariamos de poder tê-lo aqui de novo.
A Força está em movimento e esperamos que seja acelerado.
Nós por cá continuaremos, tal como até agora.
Carlos Luis
Para que precisamos de trastes destes no parlamento...
Sinto-me envergonhado...
http://www.sabado.pt/Pessoas_V2/Entrevista-Dura/Ines-de-Medeiros/Ines-de-Medeiros.aspx#
Caro amigo João
O link que agora enviou é muito oportuno e demonstrativo da qualidade de gente que se encontra nos órgãos de soberania deste País.
Por favor, tente inseri-lo nos comentários de outros blogues.
Vou repetir:
acedam a http://www.sabado.pt/Pessoas_V2/Entrevista-Dura/Ines-de-Medeiros/Ines-de-Medeiros.aspx#
e vejam até onde descemos. E esta senhora parece que também foi recomendada por esse vulto brilhante que dá pelo nome de Rui Pedro Soares.
Crónica semanal de Henrique Neto, no Jornal de Leiria:
PEC- Programa de Estabilidade e Crescimento
O PEC, Programa de
Estabilidade e Crescimento,
agora em
debate, vai impor um
conjunto de restrições
e de sacrifícios aos portugueses,
o que justifica algumas
considerações. Este compromisso
é a forma escolhida pela União
Europeia para tentar controlar
o descalabro das finanças públicas
de alguns países membros,
em particular a Grécia, Espanha
e Portugal, países com elevados
deficits das contas do Estado e
dividas públicas superiores ao
que é considerado aceitável. Na
prática, trata-se de países que
precisam de continuar a pedir
mais dinheiro emprestado no
mercado internacional, para
poderem cumprir os seus compromissos
e o PEC pretende criar
as condições de credibilidade
financeira suficientes para, com
a aprovação de Bruxelas, os credores
continuarem a conceder
os seus empréstimos. Caso contrário,
os juros sobem para cobrir
o risco acrescido e, mais tarde ou
mais cedo, não há mais empréstimos.
A situação parece portanto
simples e sem margem para grandes
debates e o Governo, para
impedir os protestos dos visados
pelos sacrifícios, ou para
evitar debater as causas anteriores
que nos conduziram até
aqui, procura apresentar a questão
de forma a não haver alternativa.
Todavia, sendo verdade
que no curto prazo as alternativas
não são muitas, isso deve-
-se a que durante anos se desprezaram
os sinais negativos da
evolução económica, através da
negação da realidade desagradável
e não se construiu um
modelo económico alternativo.
Modelo que eu próprio reclamei
em duas moções apresentadas,
há quase dez anos, em dois congressos
do PS. Ou seja, os governos
continuaram a endividar o
País com políticas erradas e obras
inúteis, enriquecendo nesse processo
os sectores mais oportunistas
e mais corruptos da sociedade,
além de enfraquecerem
a base cívica e ética da Nação.
(continua...)
Acresce que no mundo global
e altamente competitivo em
que hoje vivemos, apenas os países
que possuam alguma capacidade
para prever as mudanças
futuras – nas tendências, nos
mercados e nas oportunidades
– construindo a partir daí uma
estratégia clara e cujos resultados
se verificarão no médio prazo,
apenas esses, podem aspirar
ao progresso e ao desenvolvimento.
Ora Portugal, depois da
adesão à União Europeia, nunca
mais teve uma estratégia e
navega à vista de forma errática,
sem quaisquer políticas económicas
que transcendam a conjuntura
mais imediata. Ainda
hoje, apesar de no momento em
que escrevo o PEC não ser conhecido,
posso jurar que o documento
não apresentará qualquer
visão sobre o futuro de Portugal.
Ou seja, os portugueses não
saberão para onde estão a conduzir
o País, porque a visão
governamental não ultrapassará
2013 e mesmo isso por obrigação
europeia e essencialmente
na óptica financeira. Assim,
com este vazio estratégico e com
uma visão deturpada e frequentemente
ignorante da realidade,
nacional e internacional,
Portugal continuará a estagnar
e a empobrecer.
Quanto ao PEC, o actual Governo
já demonstrou suficientemente
a sua filosofia e os seus objectivos,
para deixar dúvidas de que
pedirá mais sacrifícios aos do
costume, mantendo as mais diversas
protecções e mordomias das
empresas e das classes sociais do
regime. Está no código genético
do actual PS que assim seja. Pela
minha parte, defendo mudanças
profundas e desde logo: (1) realização
de uma grande conferência
nacional sobre o emprego,
envolvendo políticos, empresários
e associações empresariais;
(2) debate público para a adopção
da estratégia Euro – Atlântica,
proposta ao País há sete anos
pela AIP; (3) distribuição justa
dos sacrifícios necessários, em
que a maior parte caberá aos sectores
mais privilegiados da sociedade;
(4) prioridade ao crescimento
económico direccionado
para os mercados externos e para
a substituição das importações,
envolvendo nesse processo as
associações empresariais e as
empresas mais dinâmicas e que
vivam fora da órbita do Estado;
(5) medidas imediatas para aumentar
a concorrência nos sectores
protegidos da economia; (6) moralização
da vida pública. Provavelmente
terei de esperar sentado
que estas sejam as opções do
Governo. _
HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com
Plano Endividamento Crónico... é o significado de PEC!
Ainda esta semana o Estado emitiu mais N Milões (a tal palavra) em DIVIDA PUBLICA! com juros a 4,71%
Fantástico!
Este dinheiro vai servir para quê!? Para pagar com juros os anteriores Titulos de Obrigação do Estado Português!
Contraír dívidas para pagar dívidas antigas é, realmente, o melhor método (aliás amplamente receitado e confirmado) para o ENDIVIDAMENTO CRÓNICO e para o DESCALABRO TOTAL!
Por isso, vamos todos bater palmas à maravilhosa e sempre consagrada procura pela Dívida emitida pelo Estado, e da qual o Tesouro se gaba tanto! (ninguém se lembra é que este éum Tesouro GASTO!)
Caros Amigos,
Venho aqui pela primeira vez afirmar aquilo que aqueles que já me leram noutros blogues sabem que venho repetindo até à exaustão, pura e simplesmente Portugal não tem qualquer saída neste regime iníquo.
Portugal tem uma Economia de vão-de-escada, muito baseada no sector terciário, comércio e serviços, ora isso é uma pura galinha dos ovos de ouro para meia dúzia de grandes empresários e banqueiros, mas o resto do país pouco beneficia disso, aonde os empresários deveriam investir era no sector primário e secundário, esse é o único caminho que pode evitar ao país a gravíssima miséria que se aproxima, não é possível continuarmos a endividar-nos mais, é uma utopia total que um país que pouco ou nada produz possa ter tantos centros comerciais, super e hiper-mercados, é um erro craso e que nos vai pura e simplesmente custar o país, podem acreditar que já não há saída neste regime, ponham quem puserem no governo ou na Presidência da República, podem mudar os estilos, mas no fundo, tudo irá ficar na mesma.
Este PEC (Plano para Enterrar o Contribuinte), é apenas um disfarce para nos comerem por tolos, vão retirar a uma boa parte dos cidadãos deste país mais uns tostões e tudo ficará naesma, aliás, acredito que até ficará pior, se não vejamos, com o aumento dos juros das casas, com o fim de certos benefícios fiscais, o que acontece é que vão as famílias ficar com menos dinheiro, isso significa que irão gastar menos, pois mas o problema é que temos uma quantidade brutal de oferta comercial, se se reduzir o consumo, lá vão ficar mais uns tantos milhares sem emprego, o que quer dizer mais pessoas a depender do Estado, deixando por outro lado de contribuir para o mesmo, ora este vórtice não pode continuar, caso contrário entraremos numa situação sem retorno, numa situação em que não vai haver qualquer saída, nem mesmo com sacrífios muitos pesados, estaremos numa bancarrota sem retorno.
(continua)
(conclusão)
Ora, com um PR complacente, que, consecutivamente invoca a necessidade de "estabilidade", quando na realidade o que mais há é instabilidade, prova disso é a continua fuga de fábricas e empresas estrangeiras e nacionais, com uma emigração que começa a tomar contornos, já não de uma emigração normal, mas de uma fuga em massa, com o desespero dos mais jovens, que, tendo-lhes sido dito que o país precisava de mais licenciados, o que vêem após a conclusão dos seus cursos é uma saída (quando a tem) como caixa de supermercados, será então dessa maneira que alguém vai a lado algum???
O Governo que nos dê linhas de rumo, que o PR se pronuncie sobre o que pensa como futuro para Portugal, ou será, que essas figuras esqueceram as promessas que fizeram aos eleitores que lhes tem proporcionado as mordomias que usufruem???
Claro, que este regime já deu o que tinha a dar, acreditar nele só quem dele beneficia ou alguém tapado de todo, somente uma mudança de regime, completada com uma mudança de mentalidades poderá salvar Portugal, mas, honestamente, não acredito que haja gente com tomates para isso, assim, bem podem ir escrevendo o epitáfio para o enterro deste país.
Cumprimentos.
LUSITANO
Caro amigo Lusitano
Obrigado pelos seus comentários.
O senhor é uma referência e já tivemos oportunidade de o citar, tal a clarividência das suas análises e a lucidez com que se debruça sobre alguns dos temas dominantes da situação do País.
Agradecemos a sua colaboração.
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