sábado, 10 de julho de 2010

Ver a paisagem

Diz-se que uma imagem vale mais que mil palavras.
Aqueles que costumam ver a volta à França em bicicleta têm oportunidade de ter uma visão geral daquele País, muito particularmente o ordenamento a arquitectura e a paisagem de tantas aldeias, vilas e cidades por onde passa a caravana ciclista.
Quem vê essas imagens que nos são transmitidas, tem de sentir quão distantes estamos dessa outra Europa.
O nosso problema não é apenas o PIB, ou a divida externa, ou o fraco crescimento comparativo.
É acima de tudo um problema cultural que se reflecte na pobreza da paisagem urbana e numa população atrasada mais de cem anos relativamente ás gentes dessa outra Europa.
O problema grave resultante disso é que a classe politica mais evoluída e detentora do poder há muito que percebeu que as gentes deste povo embrutecido são o verdadeiro fermento que precisavam para fazerem do País aquilo que querem com a quase garantia que ninguém os irá contrariar.

É este atestado de pobreza intelectual ostentado por mais de 90% da população, que permite o lançamento de expectativas politicas pelos mesmos actores do PS e do PSd, mesmo quando já passaram mais de 30 anos a fomentarem a injustiça social e sem que este povo perceba que é deles a responsabilidade pela situação em que nos encontramos.

E se os incentivássemos a verem passar as bicicletas ?
Quem sabe se ao verem aquelas imagens, não começarão a pensar na razão porque é que não têm um País parecido com aquele.
E está logo a seguir a Espanha, numa altura em que já não há fronteiras.

Podemos estar integrados na U.E, mas isso é apenas um pormenor de decisão politica, desmentida pelo nosso urbanismo, a que acresce o atraso cultural que tão bem tem sido aproveitado por esta matilha de gente sem escrúpulos.
Enquanto esperamos pela evolução deste povo, confesso que vou continuar a ver a paisagem.

posto por Carlos Luis

8 comentários:

Saozita disse...

Caríssimos excelente blogue, vim aqui ter através do blogue do José Maria Martins e gostei sinceramente, os meus parabéns.

Portugal, precisa de um abanão é preciso consciencializar, mostrar ao povo que em 30 anos, é sempre mais do mesmo. Portugal está mal por culpa dos partidos do costume, é preciso mudança!

tenham um bom fim de semana.
Bj

Saozita disse...

Luís, peço desculpa, gostaria de colocar este seu post no Voz do Povo, e ajudar a divulgar o vosso blogue, se tiver algo em contrário contacte-me, retirarei o post!

Obrigado.
Bom fim de semana.
Bj

JotaB disse...

A pobreza e a ignorância sempre foram apadrinhadas por aqueles que, em nome de um deus ou de um iluminado, quiseram dominar e explorar os seus semelhantes.
Recordo o padre da minha aldeia, na minha infância, que amedrontava e insultava as “suas ovelhas”, com o beneplácito dos poderosos locais, a quem reverenciava. Entre os dissidentes, aqueles que se recusavam a pertencer ao rebanho, pontuavam dois homens de cultura e formação acima da média, o Professor e o Escritor/Poeta. Estes dois CIDADÃOS ousavam dizer não ao poder eclesiástico instituído e, concomitantemente, ao caciquismo local.
A maioria dos habitantes da aldeia, pobres e ignorantes, estavam ao lado dos que os insultavam e exploravam, “dando graças a deus” por estes ainda condescenderem em que tivessem direito a umas míseras migalhas, ou porque lhes era prometido “o reino dos céus”, garantia dada “aos pobres de espírito”.
Decorreram cerca de 50 anos sobre estes factos, mas a pobreza continua e a ignorância, sobretudo a IGNORÂNCIA, é praticamente igual à desse tempo.
Com gente desta não é possível mudar o que quer que seja. Aceitam a miséria como uma fatalidade e “dão graças a deus” por ainda terem um trabalho onde são explorados, ou por ainda não estarem a morrer à fome, como alguns dos seus vizinhos.
POBRE PAÍS, POBRE GENTE!!!

Força Emergente disse...

Olá Saozita
Obrigado pelo seu comentário.
Não sei se sabe, mas o José Maria Martins é o actual presidente da Associação Força Emergente.
O nosso blogue está disponível para todos os que apreciarem aquilo que escrevemos. Se o pretender fazer, ficaremos agradecidos.
O nosso esforço é no sentido da sensibilização de todos os que sentem que este País não pode continuar a ser dirigido pela actual classe politica.

Lusitano disse...

Caro
Carlos Luís,
Será uma fatalidade, passarmos o tempo a ver passar as bicicletas???
Será que somos assim tão incapazes relativamente a outros povos???
Porque não queremos deixar de viver numa utopia, que nos tem vindo a destruir???
Porque temos sempre de olhar para os outros como os melhores, e não para nós, como igualmente capazes de ultrapassar essa barreira???
Estamos condenados a viver eternamente de artimanhas???
Vejamos a História, Portugal sempre tem vivido de esquemas e não é só de agora, é desde a fundação do país, primeiro foram conquistando o Sul mas ao invés de matarem ou correrem com os seus habitantes, os sarracenos, optou-se por os colocar a trabalhar para nós - por algum motivo, Lisboa tem um bairro que se chama Mouraria - mais tarde, fomos por esse Mar fora à procura de uma saída que cá não encontrávamos, a seguir foi as especiarias, os ouros e as pratas, juntamente com a exploração e comércio de escravos, no último quartel do século XIX, uma vez acabado o ouro do Brasil, foi o ínicio da emigração, fosse ela para os EUA, fosse para o Brasil, fosse ainda para as ex-províncias ultramarinas, mais tarde, começou a época dos "brasileiros", gente que tinha enriquecido no Brasil e cá construia grandes mansões, nem que fosse por pura ostentação, de seguida foram as remessas que os emigrantes, principalmente na segunda metade do século XX, com o fim do "Império", e com a chegada e regresso de centenas de milhares de pessoas refugiadas desses territórios, ficámos não só descalços dos mesmos, como a população cresceu 1 milhão de pessoas, mais de 10% do anterior número, aí, começou mais uma das célebres caminhadas pelo deserto que nos caracteriza, ao fim duns anos, por influência do "pai" da democracia e também de outros interesses, lá nos colocaram na CEE/UE, com um dote nada desprezível de muitos milhares de milhões de Euros, foi um novo Brasil ali mesmo ao virar da esquina, durante mais 10 anos a festa foi à fartazana, todos se convenceram que o dinheiro nascia do chão, não se fazia nada, até começámos a ter "criados", abriu-se as portas à imigração, eles que trabalhassem para nós, que a gente ia a banhos, quando a coisa começou a esgotar-se, arranjou-se logo outro estratagema, o "salvador "Euro, era nesse símbolo que tínhamos de apostar, de uma forma estúpida e com uma fé dogmática, embarcámos como uma carneirada no filme, sem sequer termos realizador e produtor, era tudo um conjunto de actores saltibancos desapartados, que só se queriam safar a eles próprios, ao fim de pouco tempo, a fragilidade do esquema deu raia, como não podia deixar de ser, mas, como o crédito internacional era do mesmo tipo dos cartões, toca a endividar-nos que depois logo se via, de tal forma, que chegámos a um ponto em que já não há esquemas à vista, estamos prestes a bater com a cabeça na parede, chegou o pesadelo, porque, sem uma estrutura produtiva a sério, com um sector de serviços e comércios ultra excedentário, sector esse, que nada produz de riqueza para o país, antes pelo contrário, vive das importações, o que vamos fazer???
A conclusão a que chego, é que os portugueses sempre se comportaram como uma espécie de "chulos simpáticos", não excessivamente duros, antes, razoavelmente manhosos, e agora, que já não há "putas" para explorar, qual a saída deste imbróglio???
(continua)

Lusitano disse...

(continua)
Será, que agora é a nossa vez de nos transformarmos nas "prostitutas" dos outros???
Penso bem que sim, tanto mais, que a único altura em que tivemos alguma auto-estima, em que tivemos algum orgulho em nós, foi durante o célebre e tão denegrido (pelas bestas do costume), perído do "orgulhosamente sós", que nos levou a a acreditar nas nossas possibilades, em que se iniciou algum arremedo de auto-suficiencia, nomeadamente, ao criarmos a base duma industria pesada, assim como ao reforço de tantas outras industrias consideradas tradicionais, entre as quais as conservas (não se esqueçam, que exportávamos para todo o Mundo, hoje importamos, dá menos trabalho), os têxteis, a confecção e o calçado, igualmente, base de boa parte da nossa anterior exportação, no sector pesado, íamos desde material ferroviário até navios (hoje, importamos tudo isso, trabalhar faz mal às costas), e por aí fora.
Por outro lado, a Agricultura e as Pescas, foi forno que já cozeu pão, hoje vivemos completamente dependentes do que nos vendem, com dinheiro emprestado, obviamente, então agarramo-nos a quê? Expliquem-me por favor!!!???
A esta telenovela, de apostar ora num, ora noutro político, como aquela que se assiste actualmente???
Meus Caros, sem trabalho, esforço e inteligência, não se vai a lado nenhum, se não querem que os nosssos descendentes sejam empregados de bordel, abram os olhos, não há neste sistema corrupto e apodrecido, quaisquer hipóteses de sobrevivência como Nação minimamente independente, há que procurar novos caminhos, há que mandar esta gente pastar, de preferência para bem longe, há que voltar a termos orgulho em nós, há que "exportar" a cartilha do "politicamente correcto" assim como os seus "bispos" daqui para fora, apenas com bilhete de ida, há que acreditar, que, se somos bons lá fora, se conseguimos chegar a bom porto noutras paragens, cá também o poderemos fazer, há que procurar quem esteja de facto como povo e não ao serviço da escumalha do costume, há que ter e apostar numas Forças Armadas verdadeiramente ao serviço da Nação e não como serviçais dos políticos do regime e dos interesses estrangeiros, para isso, há que lhes fazermos sentir orgulho na farda que vestem, há que perceber, que se já fomos grandes no Mundo, hoje, temos de pelo menos não estarmos ao lado dos piores, e há que apostar numa coisa que anda muito arredada da maioria dos portugueses, o amor à nossa terra, à nossa língua, aos nossos costumes, deixarmos de sermos os analfabetos funcionais em que nos querem transformar, nomeadamente, com passagens mágicas e cursos que não interessam a ninguém, para além dos que os promovem, temos de perceber, que Portugal não é um país pequeno ao nível da média europeia, temos recursos apesar de tudo, temos uma plataforma marítima de fazer inveja aos maiores países - daí, que nos queiram enterrar em dívidas para nos sacarem tudo o que ainda possuimos - a qual pode e deve ser explorada pelos portugueses e não andarmos dá-la em concessão aos estrangeiros, temos dois arquipélagos, Açores e Madeira que poderíam bem, ser destino de férias dos portugueses, ao invés de outras paragens no estrangeiro, isto, para além do nosso território continental, com tantas paisagens variadas e maravilhosas - mais do que muitos julgam, fala quem conhece Portugal de uma ponta à outra - enfim, temos tantas potencialidades, que nos poderíam levar a um melhor nível de vida, que até desespera não as aproveitarmos, mas, para isso, falta o fundamental, acabarmos com este ódio de estimação que temos por nós próprios, e acima de tudo, há que arranjar um verdadeiro líder para a Nação e correr com estes amanuenses de serviço, que estaríam melhor como porteiros dos Ministérios.
(continua)

Lusitano disse...

(conclusão)
Ou vai ser assim, ou despeçam-se deste país, Portugal apenas está ligado à vida por um fio muito ténue, não se esqueçam: "já não há mais putas para explorar"!!!
Continuem a vir aos blogues (que tanto poderíam fazer por este país, mas parecem alheios às suas potencialidades como meios de divulgação ), apenas para fazerem as vossas cartases diárias, que depois logo vêem quem é que vai parar ao manicómio.
Cumprimentos.

LUSITANO

Força Emergente disse...

Caro amigo Lusitano
Peço desculpa por só agora ter lido mais este excelente documentário que aqui deixou. Por motivos profissionais ( que espero um dia possam vir a ter consequências politicas ) tenho estado a fazer um esforço considerável na tentativa de dar seguimento a alguns projectos que em conjunto com outras pessoas desta Associação estamos a tentar concluir. Nesse sentido tivemos que abrandar um pouco a condução deste Blogue.
Indo ao cerne da sua questão e que tem a ver com a nossa verdadeira identidade, confesso que neste momento estou bastante desconfiado da verdadeira "fibra" deste povo.
Não é que tenhamos alguma limitação mental relativamente a outros povos. Mas temos e tivemos limitações culturais graves que nos limitam a capacidade de entendimento da sociedade em que vivemos e do papel que a cada um competiria ter na defesa dos seus interesses. A maioria da nossa população não tem capacidade reactiva pois nem sequer entende os meandros politicos em que a foram envolvendo.
Como é evidente a religião tem uma quota de responsabilidade acrescida nesta matéria.
Somos assim um povo fácil, amestrado e disponivel para as mensagens selectivas que os poderes instituidos nos fazem chegar e que nos obrigam á classificação de povo embrutecido, amorfo e crente. Isto já pouco se vê nas sociedades mais evoluidas.
Penso que já aqui referi isto. Em 1972 estava em Tóquio e quando me cruzei com uma rapariga Nórdica, ela perguntou-me de onde era e respondi que era Português. De imediato fez uma "careta" de repúdio e foi-se embora.
Tenho impressão que se fosse hoje, era capaz de me cuspir em cima, tal é a imagem de incapacidade que cada vez mais vamos revelando ao estrangeiro.
Um abraço e obrigado.