domingo, 26 de fevereiro de 2012

Por onde anda a reação ?

Os que viveram os tempos do PREC lembram-se bem do slogan mais utilizado na altura para apontar ou hostilizar todos aqueles que parecessem não estar configurados á matriz revolucionária / comunista instalada.
Nesses anos de 74 e 75 a única alternativa que se apresentava a quem não se  enquadra-se naquela via, era optar pelo apoio ao chamado socialismo democrático. Como sabemos as coisas no Norte passaram de forma diferente.
Ser revolucionário era na altura quase uma obrigação e um dever. O país, a nível de algumas das principais cúpulas no poder, tinha enveredado por uma linha marxista / estalinista.
Fruto desse estado de coisas, a constituição consagrou mesmo como grande objetivo, a construção de uma sociedade a caminho do socialismo.
Por principio e convicção era na altura "reacionário" e paradoxalmente, alguns dos meus amigos mais próximos eram "comunas inveterados", como gostava de lhes chamar. Ao assumir que era reacionário era  a consequência de não gostar do modelo politico-social subjacente ás propostas que na altura dominavam o espectro politico e comunicacional.
Para quem conhecia o mundo e muito em particular a forma de vida instalada na U.R.S.S e países lemitrofes, algumas das boas ideias comunistas eram contrariadas pela prática em vigor naqueles países.
O slogan "fascismo igual a comunismo" era o cavalo de batalha da reação.

Sempre me pareceu que as ideologias acabavam por servir apenas para se concretizarem projetos de vida de alguns dos seus defensores.
Com maior ou menor dificuldade, os revolucionários da ocasião depressa se foram integrando no novo sistema que acabou por se implantar.

Tudo isto vem a propósito de algumas intervenções que na semana passada pudemos ver na assembleia da republica. Quando a determinada altura ouvimos dizer "senhor deputado o seu tempo terminou" pudemos ver o rosto sorridente do deputado comunista António Filipe. Estava na altura com as funções de presidente substituto. Via-se que o homem estava satisfeito e mesmo até "inchado".
Lembrei-me do PREC.
Estes não eram aqueles homens que queriam pela via revolucionária alterar o regime politico ?
E agora o que é que querem ou propõem ? O que é que fazem para contrariar esta linha politica que vai ao arrepio de tudo aquilo que são os fundamentos da teoria marxista ?
O que é que propõem os seus sindicalistas ás massas trabalhadoras, para lá de manifestações inócuas e sem qualquer resultado ?
Iresia suprema. Defendem também a tão inadmissível estabilidade ! Lembremo-nos da "repulsa" dos dirigentes da Inter sindical pelos distúrbios verificados aquando da ultima manifestação.
Concerteza que os verdadeiros comunistas devem sentir repulsa pelos seus actuais representantes.
Certamente que não será com esta gente que irão conseguir alguma vez alterar o agora designado sistema democrático.
Será que este também lhes serve ? Já não sentem vontade de vir para a rua gritar ?

Acabámos assim por chegar a um regime politico anacrónico e sem capacidade de resposta ás necessidades do País, onde as ideias servem apenas para serem lançadas ao vento e o que conta é a mesa da sala de jantar onde todos se encontram e onde comem do mesmo prato.
Sinto saudade daqueles que fizeram o Maio de 68.
Sinto saudades do Zeca Afonso.
Sinto saudades de todos aqueles que foram genuínos e sinceros mesmo que as suas ideias não fossem as minhas.
Gosto daqueles que se assumem e combatem mesmo sabendo que uma batalha não faz a guerra.
Sem duvida que fui "reacionário" em 74, assim como sou em 2012.
Continuo a pensar que é exigível um outro tipo de ação politica que permita corrigir a estrutura social e atenuar as desigualdades, propiciando níveis de desenvolvimento que nos possibilitem afastar da espiral de pobreza em que nos encontramos.
O actual regime politico não pode subsistir por muito mais tempo, pois apenas serve a classe politica instalada e os grupos de interesses que a ela estão ligados. Para este combate aceitamos integrar-nos com todos aqueles que façam da ética e dos valores os referenciais obrigatórios a atingir. Sejam quais forem as bandeiras ou as ideologias.
Os amigos não se escolhem e os melhores que tive até se diziam comunistas.
Onde é que andará o Afonso Gradiz? 
Como oficial miliciano no R.A.C. em 1970, tudo fazia em prol da melhoria das condições dos soldados ali destacados. Encontrava-se mais vezes nas casernas que na messe dos oficiais.
O Fernando Ribeiro que é actualmente professor numa universidade em Moçambique e que no final dos anos 60 como técnico do SNE - serviço nacional de emprego, prolongava pela noite dentro o seu horário de trabalho para junto daqueles que se apresentavam á procura de emprego os poder ajudar da melhor forma possível.
Estes sim, justificavam as ideias que tinham e comprovavam diariamente um elevado sentido de solidariedade.
O nosso tempo de passagem ficará perdido se nas memórias dos que ficam nada ficar registado que nos possa orgulhar. Por muito pouco que nos possa parecer.
Foi por isso que hoje me lembrei do Fernando e do Gradiz. Com eles presentes, o combate seria mais fácil.
Carlos Luis

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O lento despertar

A fuga de Cavaco e os apupos de Coelho são talvez os primeiros sinais do fim da letargia instalada. Parece que o impulso da população se vai dirigindo cada vez mais no sentido de focar diretamente os principais responsáveis pela manutenção do sistema.
E é urgente que isso aconteça, pois aquilo que não desculpamos a quem compete a responsabilidade pela governação é vermos a continua impunidade dos gestores que continuam no ativo e a aumentarem as despesas e os prejuízos das empresas do estado.
E vermos o aumento galopante dos encargos resultantes dos acordos feitos no governo de socrates com as concessionárias das scuts, por exemplo.
E continuarmos a não ver renegociados e corrigidos os contratos das parcerias publico / privadas.
E continuarmos sem saber quem são os arrendatários dos edifícios do Campus da Justiça.
E continuarmos sem reagir ao aumento brutal dos custos da electricidade.
Poderíamos continuar com mais uma série de exemplos. No entanto aquilo que já se torna incompreensivel e inaceitável é a manutenção do encobrimento inter partidos.
Tornou-se claro e é evidente que estamos cercados e aperreados a um ciclo politico de gente sem princípios nem valores, a quem apenas interessa ir garantindo a alternância politica para manutenção do sistema que lhes vai garantindo os privilégios, sabendo que a grande maioria da população é facilmente controlável através dos meios de comunicação que têm ao dispor.  
Aquilo que se vem passando com as medidas tomadas até agora por este governo são reveladoras do intuito subjacente à politica seguida e que se traduz na redução da massa salarial em cerca de 30% de forma a "equilibrar" o sistema com os "mercados" e assim garantir a continuidade da politica de um País, duas classes. A classe politica que continuará a usufruir a seu belo prazer do sistema e a restante população subdividida numa classe média nos limites da pobreza e os verdadeiros pobres.
Será que os que apuparam Coelho já perceberam isto ?
Claro que não. Por enquanto só sabem que estão mal e necessitam gritar.
Mas... se amanhã houvesse eleições aqueles que tinham votado psd, iriam certamente votar ps. Quebrar este equivoco é certamente um desiderato a alcançar. Mas como ?
Se souberem, ajudem-nos.
Obrigado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Face dupla

Isto é um assunto muito sério, pois trata-se de saber até que ponto a classe politica continua a dispor do erário publico em beneficio próprio e à margem das exigências de rigor que impôs à restante população.
É ofensivo continuarmos a ouvir apelos à estabilidade e termos que assistir a esta ausência do sentido das responsabilidades, que pelo vistos se alarga a toda a escumalha politica.
Leia-se o excelente artigo de Rui Costa Pinto.
À beira do inimaginável
Passos Coelho continua a fazer orelhas moucas à revelação dos gastos com recurso a cartão de crédito, enquanto apregoa a necessidade de rigor para os outros.
O primeiro-ministro e o governo estarão acima da lei e dos tribunais?
A situação económica e financeira tem permitido ao governo e à maioria PSD/CDS-PP impor medidas excepcionais no limite da legalidade. Em parte serão justificadas pelos tempos de emergência, mas importa saber quais são os limites da governação que parece cada vez mais balizada por uma espécie de estado de sítio, desde já levantando a questão que se impõe: o primeiro-ministro e o governo estarão acima da lei e dos tribunais? A resposta formal é não, mas a percepção é contrária, tendo em conta que Pedro Passos Coelho e outros membros do governo ainda não respeitaram uma dupla decisão do Supremo Tribunal Administrativo (7 de Dezembro de 2011 e 24 de Janeiro de 2012) que obriga à disponibilização de documentos relativos às despesas e subsídios auferidos pelos elementos dos gabinetes governamentais no exercício de funções.
Ambas as decisões judiciais, que resultam de uma acção interposta pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, honram o exercício dos direitos de cidadania e os deveres da administração. E os magistrados até vão mais longe, com base no direito constitucional dos cidadãos à informação. Isto é, a partir de agora, por exemplo, um qualquer jornalista pode escrutinar a actividade do governo, exigindo ao primeiro-ministro, a um ministro ou a qualquer outro elemento de um gabinete governamental que revele, detalhadamente, como, quando e com que fundamento gastou o dinheiro dos contribuintes.
As duas decisões corroboram também o alerta da auditoria aos gabinetes governamentais levada a cabo pelo Tribunal de Contas (Relatório n.o 13/2007 – 2.a Secção): “Para além das componentes remuneratórias atrás referidas, encontram-se ainda atribuídos ao pessoal dos gabinetes outros benefícios suplementares para os quais não existe um quadro legal que regulamente a sua atribuição.” Não obstante a recomendação ignorada e as duas decisões fundamentadas de um tribunal superior, Passos Coelho continua a fazer orelhas moucas à revelação dos gastos com recurso a cartão de crédito, ao uso de viaturas e telefones móvel e fixo, enquanto vai apregoando aos sete ventos a necessidade de disciplina e rigor para os outros. Ou seja, são exigidos sacrifícios máximos aos portugueses e disciplina financeira férrea à administração e às empresas do sector público, mas o regabofe despesista nos gabinetes dos titulares do poder executivo continua no maior e mais injustificado segredo. O primeiro-ministro passou a poder evitar os deputados quando chamado vinculativamente a uma comissão parlamentar, respaldado na interpretação regimental de Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, ratificada em plenário pela maioria. Mas só faltava que tentasse escapar às decisões judiciais com base no silêncio, num expediente processual ou até através da alteração da lei in extremis para tentar acautelar a interposição legítima de queixas-crime por encobrimento ou desobediência.
A manter-se esta incompreensível recusa de ceder a documentação exigida, com particular destaque para Vítor Gaspar, ministro das Finanças, estamos à beira de um braço-de-ferro inimaginável, que põe em crise a separação de poderes.
Para quem ambiciona afirmar a imagem de rigor nas despesas do Estado não há qualquer margem de manobra, pois já não se trata apenas da prestação de contas política. A não ser que se pretenda liquidar a réstia de transparência na governação, escondendo deliberadamente aos portugueses a realidade dos gastos nos gabinetes governamentais.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Estado em Desenvolvimento ?

A conjuntura mundial, o desfasamento entre as economias e a politica, a dependência dos mercados financeiros, a gestão dos recursos disponíveis e a cada vez maior inter relação do risco empresarial face ás expectativas e exigências de equidade colocadas pelo fator trabalho, irão determinar as linhas de pensamento que irão servir de guia para o desenvolvimento dos futuros regimes políticos.

O que está a falhar agora, tem a ver com o desfasamento entre o conceito e o funcionamento da economia assente num suporte intermédio excessivo ( Banca e Bolsa ), com uma relativa desvalorização da componente trabalho que já nada tem a ver com os modelos do século passado e que levaram à perda da noção de responsabilidade empresarial.
Muita da energia que sustentou grande parte da história do crescimento das economias modernas perdeu-se. Hoje existe um "gap" enorme entre as expectativas individuais e aquilo que a estratégia politica pode oferecer em termos de oportunidades de desenvolvimento.
A forma e a atitude individual entraram em falência.
As próprias ideologias que ainda sustentam os slogans políticos, já vêm do século XVIII.
Vivemos assim numa época de transição que terá fatalmente que conduzir a novas formas de organização social e económica.
Desde há muitos anos que defendemos um conceito de empresa que equilibre as relações entre capital e trabalho. Dada a extensão do tema não é possível desenvolve-lo num texto de blogue. Nada impede no entanto que se afirme, que por todas as razões, será aconselhável que o sentimento de realização e compromisso possa ser alargado de igual forma a patrões e empregados. As vantagens  são de tal monta que temos dificuldades em perceber porque é que não se avançou já nesta direção. Não basta falar em economia social. Isso é apenas mais um slogan tanto ao gosto da escumalha socialista.

Entretanto continuam a surgir os apelos ao empreendadorismo.
Retirando o facto de ser mais um balão de oxigénio para alguns que vão ficando sem perspectivas de vida, nada de substancial ou com interesse irá resultar. Estas iniciativas vão surgindo de gente que pouco ou nada sabe da realidade "concreta" que é o País.
Ao dizermos isto, é porque aquilo que sempre fomos, foi sermos empreendedores.
Por esse facto, conhecemos por dentro a mediocridade da classe politica que há tantos anos vem defraudando as expectativas de muitos daqueles que pensaram que em Abril tinha nascido uma flor. Ou uma esperança. Ou uma sociedade mais justa.
A verdade é que nunca tão poucos enganaram tanta gente.
Nasceu de facto uma nova sociedade, só que com gente corrupta, sem ética nem responsabilidade.
O País pouco se desenvolveu devido a este ciclo de gente pouco séria.
Dentro das nossas possibilidades, tudo fizemos para correr com socrates e a escumalha socialista que o acompanhava.
E conseguiu-se.
Em resultado das ultimas eleições  depositámos alguma esperança em Álvaro Santos Pereira, pois seguíamos o blogue Desmitos que na altura era uma das referências na NET e comprámos mesmo o ultimo livro que tinha publicado - Portugal na hora da verdade -, afim de verificarmos se algumas das suas ideias para o Desenvolvimento poderiam coincidir com as nossas.
Uma delas, o Turismo residencial, correspondia ao que vimos a defender há mais de 20 anos como uma das opções para o desenvolvimento sustentável do País.
Pensando poder dar algum contributo para que se pudesse avançar rapidamente, apresentámos ao ministro um conjunto de ideias e projetos aos quais estamos ligados e que julgamos serem adequados para dinamizar a curto prazo um concelho do Interior e assim servir de referência para futuros desenvolvimentos. Nesse sentido, em 18 de Agosto entregámos no Ministério da Economia uma exposição e pedimos uma audiência, a que ainda não tivemos resposta.
Não estamos certos se o Ministro estará consciente de que o Ordenamento do Território inviabiliza quase totalmente a capacidade para se poder de forma séria e sustentada desenvolver tais projetos.
É que para nós são mais de 20 anos de expectativas goradas e cuja consequência maior continua a ser o despovoamento de vastas áreas no Interior do País.
Ao mesmo tempo fomos perdendo energias, tempo, dinheiro e acima de tudo sermos obrigados a ter que lidar com a insensibilidade e incompetência dos mais diversos órgãos da administração pública.
Passados 6 meses, interrogamo-nos.  Para lá da austeridade, que não estava escrita no livro, em que áreas é que o ministro entende que se deve empreender ?

Das poucas coisas que ainda somos capazes de oferecer ao País é a nossa capacidade em fazer,  assim como um "know-how" especifico que julgamos deveria ser aproveitado enquanto é tempo.
Embora não tenhamos publicado nenhum livro, fizemos algumas exposições sobre o tema da RURALIDADE versus TURISMO RESIDENCIAL.
E elaborámos CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Sabem o que é que disto resultou ? Nada em concreto.
Apenas um convite para me candidatar a presidente da Câmara de um determinado concelho.
As ideias e os conceitos para o Desenvolvimento da Região foram uma coisa secundária a que não deram qualquer sequência.
Os resultados são hoje bem visiveis e comprovam a total incompetência que se instalou no País.
Esta é a "nossa gente" !
Carlos Luis

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

De nervos em franja

O rápido desmantelar das estruturas básicas de funcionamento da nossa economia, provocam-nos uma sensação de impotência e revolta que cada vez mais temos dificuldade em controlar.
A quase totalidade dos políticos que desde 74 nos arrastam atrás de slogans e promessas sem sentido, não conhecem a realidade social em que assenta o funcionamento da nossa economia e mais não fizeram que desbaratar fundos e apoios externos que nos foram concedidos.
Quando isso não chegava para as loucuras que lhes foram sendo permitidas, recorreram aos "mercados".
Com um País sempre em endividamento constante, nunca se inibiram de ir utilizando as empresas publicas e os organismos de estado, para aí se instalarem e sem qualquer pudor irem auferindo vencimentos e regalias que fazem corar qualquer vigarista em inicio de actividade.
Esta situação continua em pleno funcionamento e aquilo que se passa nas Galps ou nas EDPs ou nas Carris ou nas Fundações etc, são autênticos crimes de lesa pátria.
É revoltante ver um Jorge Sampaio vir apelar ao nosso sentido de responsabilidade e compreensão para com os sacrifícios pedidos, quando o traste custa ao estado mais de 40.000 Euros mês. Temos que pensar em que armas poderemos pegar para limpar esta merda toda. Estamos cansados de ver e sentir tanta falta de reação deste povo.
Como é que é possível que ninguém se incomode com a continuidade deste estado de coisas ?
Muito sinceramente, estamos desiludidos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

De facto devemos ser muito estupidos, ou se calhar.... não conseguimos atingir o óbvio.

Talvez seja tempo para pensarmos na nossa sanidade mental, ou melhor dito, na capacidade que temos para entender algumas realidades que nos são apresentadas e que percecionamos de forma completamente diferente.
Comecemos pela premissa fundamental da politica do governo.
A austeridade é necessária para se sair da crise!
O nosso entendimento: A austeridade vai aprofundar a crise em que estamos mergulhados.
Vejamos agora o caso da banca que apresentou prejuízos arrasadores e que, a qualquer observador, pareceria indiciar dificuldades acrescidas para o futuro.
Este nosso entendimento é no entanto contrariado pelo governador do Banco de Portugal e alguns banqueiros que dizem que agora a banca está em melhores condições para poder apoiar o sector empresarial.
Peguemos nas estatísticas que quase diariamente nos vão sendo fornecidas relativamente ao numero de falências, crescimento do desemprego, agravamento do deficit, forte crescimento das dividas à banca, cheques sem provisão, queda no consumo, etc.
Nós, na nossa débil capacidade de entendimento diríamos que estamos em via acelerada para o abismo.
No entanto a voz suave e sabida do governo vai-nos esclarecendo que este é apenas o passo necessário para começarmos o nosso crescimento económico já no próximo ano.
Perante isto a nossa tentação é dizer que estamos a ser governados por uma cambada de atrasados mentais.
Isto é a reação típica que por vezes temos, assim como de todos aqueles que não conseguem atingir o patamar do óbvio.
Analisando a afirmação dos nossos governantes, que em principio deverão ser bastante mais inteligentes que nós, decidimos ponderar a nossa lucidez mental e chegámos à conclusão que de facto somos estúpidos e o governo está coberto de razão.
Penso que é tempo de começarmos a ser mais ponderados nas criticas e confiar um pouco mais nas elites deste País. Temos que assumir que eles não estão lá com o propósito de nos enganarem.
Vejamos se eles têm razão e se iremos de facto iniciar a recuperação económica a partir do próximo ano. Ou quem sabe, talvez mesmo ainda antes do final deste ano! 
Com efeito ao ritmo que se está a afundar a actividade económica, é natural que a curto prazo pouco reste das estruturas intermédias que garantem o funcionamento da economia. Em poucos meses o fisco irá ser o grande detentor do património empresarial e os bancos irão vender a pataco alguns milhares de casas que entretanto irão receber.
O País verá nascerem alguns novos proprietários e o fundo de desemprego será a santa casa da misericórdia final.
Os governantes, impávidos e serenos pelos apoios da troica, verão cumprida a previsão que fizeram e será com um sorriso de vitória que virão anunciar ao País, logo no inicio de 2013, que tal como previram o país já está a começar a crescer.
E certamente que irão ter razão!
É evidente que após se afundar o País com a maior taxa de desemprego da nossa história, a recessão mais grave e profunda que as estatísticas permitem, o desmembrar do tecido empresarial e a baixa brutal no rendimento das famílias, só poderá sobrar um País assente no fundo e a necessitar que se recuperem da miséria vastas franjas da população  
E se já batemos no fundo, a única possibilidade é subirmos, crescermos, recuperarmos, pois a maioria do povo faminto, exausto, vivendo de expedientes e sem expectativas, não terá outra alternativa.
Que bom será depois, meu deus, vermos alguns maltrapilhos transformados de novo em agricultores ou a dedicarem-se á pesca, ou ás pequenas tarefas artesanais, ou voltarem a usar computadores e começarem a vislumbrar a nova modernidade.

Como é que levámos tanto tempo a perceber isto ?
Há quem diga que a única coisa que o "criador" concedeu em abundância foi a inteligência, pois ninguém se queixa que tem pouca. No nosso caso vamos assumir o pecado e confessar que a quantidade que nos foi distribuída não foi suficiente para perceber o alcance das previsões deste governo.
Até chegámos a pensar que o primeiro ministro não tinha tido consciência ao afirmar que primeiro teriamos que empobrecer!  De facto isso é fundamental para se atingirem os objetivos politicos anunciados.
Tínhamos mesmo que bater no fundo. Essa é a condição para que a única alternativa seja começarmos a subir e assim se cumprir a profecia no inicio da nossa recuperação económica.
Era óbvio, tão óbvio que é pena termos levado tanto tempo para o entender.
Mas mesmo assim estúpidos, ainda nos ocorre perguntar. Que mal é que fizemos para ter de suportar esta classe politica?

Como não estamos sozinhos e até cada vez mais interdependentes, veja-se como as profecias deste governo até poderão vir a ser prejudicadas por uma nova crise que poderá estar a despontar no horizonte. É verdade. A China também já produziu algumas "bolhas imobiliárias"´.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Coisas que se deviam fazer

O estado de incómodo perante a falta de medidas que possam corrigir e moralizar o ordenamento jurídico e funcional do País, leva a que muita gente vá fazendo sugestões sobre aspetos que reflectem o despudor e a falta de ética na gestão da coisa pública. É o caso do texto que inserimos abaixo.
Gostamos de ler e apoiamos todos os que expressam sentimentos e fazem análises sobre o estado de degradação a que chegámos. Seria bom que quem assim escreve fizesse também um esforço de agregação com outras gentes e entidades de forma a podermos criar "um corpo de intervenção" com alguma eficácia. Esse tem sido o nosso esforço desde há 3 anos sem qualquer resultado.
A Plataforma de Intervenção Cívica foi um sonho perdido.
Analise este conjunto de sugestões que há algum tempo vão circulando.
Nenhum governante fala em:
1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três ex-Presidentes da República.
2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.
3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.
4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.
5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem ser auditados?
6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.
7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.
8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.
9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País.
10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...
11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.
12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.
13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.
14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.
15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder.
16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.
17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.
19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.
20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.
21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.
22. Acabar com os ordenados de milionários, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).
23. Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado.
24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".
25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;
26. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".
27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.
28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.
29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.
30. Pôr os Bancos a pagar impostos.
31. Limitar a reforma a 5.000 euros e nestes casos não devem receber sub de natal nem de férias.
32. Um reformado com mais de 3.000€ não pode em circunstância alguma continuar a trabalhar para o Estado e se o fizer para um privado deve descontar 70%. desta forma acabava-se com muitos tachos e dava-se oportunidade aos mais novos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Opção fatal

Atingimos o estado de saturação !
À nossa volta continuamos a ver empresas que encerram e o desemprego é galopante. As que ainda se mantêm ativas vão sendo esmagadas pelos impostos e a baixa acentuada na procura.
Os incentivos ao investimento cessaram.
O País está moribundo e vai definhando "a olhos vistos". O pulsar de energias já é imperceptível e nada se vislumbra que nos possa dar alento. Assim se vai cumprindo a profecia deste governo que apostou em sermos um país cada vez mais pobre.
A única coisa que sentimos crescer e aumentar é a raiva, apenas contida pela esperança no acordar das gentes que também sentem que não nos podemos render á escumalha que encaminhou este País para este buraco cada vez mais negro e fundo.
A raiva que agora sentimos não é a mesma que nutrimos por socrates e a escumalha socialista que por aí prolifera, pois foram eles que deram a mão aos loureiros e aos limas e que em conjunto nos entregaram as contas do BPN, assim como os mais ruinosos compromissos das PPP ou de contratos de concessões  que configuram roubos astronómicos. 
A nossa raiva é assim alimentada por esta monstruosidade criada a partir de Abril 74.
Com a bandeira da Democracia e as palavras Liberdade e socialismo, andam há quase 40 anos a enganar um povo. Nem vale a pena perdermos tempo a demonstrar a mistificação feita com estas palavras.
Hoje estamos encurralados num sistema em que tudo é ilusório e manipulado. Somos conduzidos por slogans e amestrados pelos sentidos. A mensagem que nos vão passando tem por intuito principal arrefecer-nos os ímpetos e acenar-nos com uma esperança que nunca irá chegar.
Quem é que tem dúvidas que com esta austeridade o País se está a afundar cada vez mais ?
Ou nós ou o governo alguém está a fazer figura de parvo!
Sabemos que uma das leis fundamentais da física é a de que quanto mais fundo for o buraco maior será a queda e é isso que está a acontecer.
Então se sabemos que estamos a cavar a nossa sepultura não deveremos fazer alguma coisa para evitar que o buraco se alargue? ou estamos á espera que seja um qualquer "seguro" a garantir-nos a saída ?
Caros amigos
Esta gente traiu-nos e enganou-nos ao longo de quase 40 anos. Não construíram democracias ou socialismo. Construíram para si e para os grupos de interesses nos quais se interligam, uma vasta teia de negócios que conduziram a uma estratificação social incrivelmente desequilibrada e nada consentânea com o epíteto de socialista com que durante tantos anos se escudaram. Neste rol cabem mário soares, almeida santos e os mais recentes socrates e varas a que se juntam os loureiros e os limas. Esta escumalha politica arruinou as esperanças de Abril.
Os próprios revolucionários da altura, muitos deles do pc, acomodaram-se ao sistema e hoje sentem-se bem na assembleia ou nos sindicatos ou nas câmaras ou nas juntas. O erário publico lá vai alimentando toda esta gentalha. De vez em quando lá fazem algum folclore para marcarem a diferença, mas têm sempre em conta que não devem comprometer a Estabilidade que é o suporte essencial do sistema.
O País está sem esperança e sem saída.
Os fluxos financeiros que irresponsavelmente se tornaram na nossa alimentação vital, estão cada vez mais inacessíveis e caros.
As matérias primas essenciais para o funcionamento do País vão aumentando de preço, o que mais dificulta a nossa capacidade competitiva.
O nosso tecido empresarial, já de si fraco, vai definhando a cada dia que passa.
O dinheiro que é a mola real da economia já não consegue cumprir uma das suas principais funções, a produtiva.

Todos sabemos que Austeridade não é uma forma de Desenvolvimento. Isto mesmo foi comprovado pelo primeiro ministro ao assumir que tínhamos que empobrecer. Nem era necessário vir agora o Paul Krugman lembrar-nos disso.
Então, se com austeridade não vamos conseguir sair da crise, qual a razão para apostarem nesta politica?
Talvez porque é a única que possibilita ir mantendo o barco a flutuar, ou seja garantir os interesses instalados, até se ver o resultado da evolução a que se vai assistindo no seio da UE.
Muita desta gente sabe e está consciente que o País foi conduzido até ao ponto da insolvência. As responsabilidades existentes não são susceptíveis de poderem ser cumpridas sem uma dramática redução nas condições de vida actual. É o que eles vão paulatinamente fazendo. Os fluxos financeiros do BCE ou do FMI são essencialmente dirigidos a ir mantendo a funcionar esta máquina, já débil, mas que garante a esperança aos nossos credores e não complica a continuidade do Euro, pelo menos durante mais algum tempo. Estamos assim dentro de um sistema de respiração artificial de que dificilmente nos livramos e do qual só poderemos sair com uma rotura do actual sistema. É isso que entendemos ser necessário e urgente.
A pergunta que se coloca é esta. Continuamos a aceitar esta rota pacifica para o cadafalso ou entendemos que ainda há gente capaz de vislumbrar outras soluções para o País?
Nós sabemos que existem, assim como sabemos que a Austeridade é a  opção fatal que se apresenta no horizonte. Contra isso estamos disponiveis para lutar.