Talvez seja tempo para pensarmos na nossa sanidade mental, ou melhor dito, na capacidade que temos para entender algumas realidades que nos são apresentadas e que percecionamos de forma completamente diferente.
Comecemos pela premissa fundamental da politica do governo.
A austeridade é necessária para se sair da crise!
O nosso entendimento: A austeridade vai aprofundar a crise em que estamos mergulhados.
Vejamos agora o caso da banca que apresentou prejuízos arrasadores e que, a qualquer observador, pareceria indiciar dificuldades acrescidas para o futuro.
Este nosso entendimento é no entanto contrariado pelo governador do Banco de Portugal e alguns banqueiros que dizem que agora a banca está em melhores condições para poder apoiar o sector empresarial.
Peguemos nas estatísticas que quase diariamente nos vão sendo fornecidas relativamente ao numero de falências, crescimento do desemprego, agravamento do deficit, forte crescimento das dividas à banca, cheques sem provisão, queda no consumo, etc.
Nós, na nossa débil capacidade de entendimento diríamos que estamos em via acelerada para o abismo.
No entanto a voz suave e sabida do governo vai-nos esclarecendo que este é apenas o passo necessário para começarmos o nosso crescimento económico já no próximo ano.
Perante isto a nossa tentação é dizer que estamos a ser governados por uma cambada de atrasados mentais.
Isto é a reação típica que por vezes temos, assim como de todos aqueles que não conseguem atingir o patamar do óbvio.
Analisando a afirmação dos nossos governantes, que em principio deverão ser bastante mais inteligentes que nós, decidimos ponderar a nossa lucidez mental e chegámos à conclusão que de facto somos estúpidos e o governo está coberto de razão.
Penso que é tempo de começarmos a ser mais ponderados nas criticas e confiar um pouco mais nas elites deste País. Temos que assumir que eles não estão lá com o propósito de nos enganarem.
Vejamos se eles têm razão e se iremos de facto iniciar a recuperação económica a partir do próximo ano. Ou quem sabe, talvez mesmo ainda antes do final deste ano!
Com efeito ao ritmo que se está a afundar a actividade económica, é natural que a curto prazo pouco reste das estruturas intermédias que garantem o funcionamento da economia. Em poucos meses o fisco irá ser o grande detentor do património empresarial e os bancos irão vender a pataco alguns milhares de casas que entretanto irão receber.
O País verá nascerem alguns novos proprietários e o fundo de desemprego será a santa casa da misericórdia final.
Os governantes, impávidos e serenos pelos apoios da troica, verão cumprida a previsão que fizeram e será com um sorriso de vitória que virão anunciar ao País, logo no inicio de 2013, que tal como previram o país já está a começar a crescer.
E certamente que irão ter razão!
É evidente que após se afundar o País com a maior taxa de desemprego da nossa história, a recessão mais grave e profunda que as estatísticas permitem, o desmembrar do tecido empresarial e a baixa brutal no rendimento das famílias, só poderá sobrar um País assente no fundo e a necessitar que se recuperem da miséria vastas franjas da população
E se já batemos no fundo, a única possibilidade é subirmos, crescermos, recuperarmos, pois a maioria do povo faminto, exausto, vivendo de expedientes e sem expectativas, não terá outra alternativa.
Que bom será depois, meu deus, vermos alguns maltrapilhos transformados de novo em agricultores ou a dedicarem-se á pesca, ou ás pequenas tarefas artesanais, ou voltarem a usar computadores e começarem a vislumbrar a nova modernidade.
Como é que levámos tanto tempo a perceber isto ?
Há quem diga que a única coisa que o "criador" concedeu em abundância foi a inteligência, pois ninguém se queixa que tem pouca. No nosso caso vamos assumir o pecado e confessar que a quantidade que nos foi distribuída não foi suficiente para perceber o alcance das previsões deste governo.
Até chegámos a pensar que o primeiro ministro não tinha tido consciência ao afirmar que primeiro teriamos que empobrecer! De facto isso é fundamental para se atingirem os objetivos politicos anunciados.
Tínhamos mesmo que bater no fundo. Essa é a condição para que a única alternativa seja começarmos a subir e assim se cumprir a profecia no inicio da nossa recuperação económica.
Tínhamos mesmo que bater no fundo. Essa é a condição para que a única alternativa seja começarmos a subir e assim se cumprir a profecia no inicio da nossa recuperação económica.
Era óbvio, tão óbvio que é pena termos levado tanto tempo para o entender.
Mas mesmo assim estúpidos, ainda nos ocorre perguntar. Que mal é que fizemos para ter de suportar esta classe politica?
Como não estamos sozinhos e até cada vez mais interdependentes, veja-se como as profecias deste governo até poderão vir a ser prejudicadas por uma nova crise que poderá estar a despontar no horizonte. É verdade. A China também já produziu algumas "bolhas imobiliárias"´.
6 comentários:
O fulcro da questão é que no meio de tanto palavreado de "especialistas" e "técnicos",a verdade passa despercebida.
Quem está a pagar os prejuízos de dezenas de anos de má governação,de irresponsabilidade,de imoralidade no uso do dinheiro dos portugueses e em particular de seis anos em que os comandos do país foram entregues a um ladrão de viela e à sua Vara,são os pobres e os que menos contribuiram para o descalabro.
O propósito do actual governo foi desde o início resolver o descalabro das contas públicas à custa dos grupos com menor poder reinvidicativo,ou seja dos estratos económicos mais baixos.
Tudo o que seja funcionários superiores do Estado,políticos,juízes,gestores públicos,etc,etc vão sobrevoar a crise sem dela se aperceberem.
O resto é demagogia,quer do governo,quer de uma oposião inominável,onde pontifica o sr Seguro que se tivesse o mínimo de vergonha na cara,reconhecia os malefícios que o seu partido causou e prometia uma limpeza nas listas.
Ter a lata de se apresentar como alternativa aos portugueses,com a bancada cheia de gente moralmente desclassificada e directamente responsável pela miséria da nação,é de um atrevimento atroz,só possível com esta imprensa vendida,nas mãos da seita do sr Seguro.
«Penso que é tempo de começarmos a ser mais ponderados nas criticas e confiar um pouco mais nas elites deste País»
---> Confiar mais... não significa passar um cheque em branco!!!!!!
---> De facto:
Os políticos não são - nem podem ser - 'paizinhos'!!!
O cidadão tem de abrir a pestana! Isto é: NÃO SE PODE POR A JEITO!
Leia-se:
- DIREITO AO VETO de quem paga (vulgo contribuinte): blog fim-da-cidadania-infantil.
{um ex: a nacionalização do negócio 'madoffiano' BPN nunca se realizaria: seria vetada pelo contribuinte!}
P.S.
Só um reparo: «deste País» -> hesitações a esse nível: não obrigado! Leia-se, isto é, ou seja, NOSSO PAÍS!
Caro anónimo Não se quer, ou pode, assumir? Os seus comentários têm sido de uma grande lucidez e um bom contributo para a valorização deste blogue. Um dia ainda vamos ter de nos juntarmos, todos !
Força Emergente,
O Anónimo está errado. O actual governo não está a tentar resolver nada.
Os sucessivos governos (PSD e PS), a soldo da banca internacional, criaram deliberadamente uma dívida externa em obras com tanto de inútil como de dispendiosas.
O actual governo está a cumprir a segunda parte do plano: pagar a «dívida» com juros agiotas e entregar de mão beijada, com as privatizações, a prata da casa aos ladrões.
Para que não tenhamos dúvidas quanto aquilo que nos espera…, a não ser que tenhamos a coragem de alterar o rumo dos acontecimentos:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=mHKWoE8qyu0#t=2s
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