segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

De facto devemos ser muito estupidos, ou se calhar.... não conseguimos atingir o óbvio.

Talvez seja tempo para pensarmos na nossa sanidade mental, ou melhor dito, na capacidade que temos para entender algumas realidades que nos são apresentadas e que percecionamos de forma completamente diferente.
Comecemos pela premissa fundamental da politica do governo.
A austeridade é necessária para se sair da crise!
O nosso entendimento: A austeridade vai aprofundar a crise em que estamos mergulhados.
Vejamos agora o caso da banca que apresentou prejuízos arrasadores e que, a qualquer observador, pareceria indiciar dificuldades acrescidas para o futuro.
Este nosso entendimento é no entanto contrariado pelo governador do Banco de Portugal e alguns banqueiros que dizem que agora a banca está em melhores condições para poder apoiar o sector empresarial.
Peguemos nas estatísticas que quase diariamente nos vão sendo fornecidas relativamente ao numero de falências, crescimento do desemprego, agravamento do deficit, forte crescimento das dividas à banca, cheques sem provisão, queda no consumo, etc.
Nós, na nossa débil capacidade de entendimento diríamos que estamos em via acelerada para o abismo.
No entanto a voz suave e sabida do governo vai-nos esclarecendo que este é apenas o passo necessário para começarmos o nosso crescimento económico já no próximo ano.
Perante isto a nossa tentação é dizer que estamos a ser governados por uma cambada de atrasados mentais.
Isto é a reação típica que por vezes temos, assim como de todos aqueles que não conseguem atingir o patamar do óbvio.
Analisando a afirmação dos nossos governantes, que em principio deverão ser bastante mais inteligentes que nós, decidimos ponderar a nossa lucidez mental e chegámos à conclusão que de facto somos estúpidos e o governo está coberto de razão.
Penso que é tempo de começarmos a ser mais ponderados nas criticas e confiar um pouco mais nas elites deste País. Temos que assumir que eles não estão lá com o propósito de nos enganarem.
Vejamos se eles têm razão e se iremos de facto iniciar a recuperação económica a partir do próximo ano. Ou quem sabe, talvez mesmo ainda antes do final deste ano! 
Com efeito ao ritmo que se está a afundar a actividade económica, é natural que a curto prazo pouco reste das estruturas intermédias que garantem o funcionamento da economia. Em poucos meses o fisco irá ser o grande detentor do património empresarial e os bancos irão vender a pataco alguns milhares de casas que entretanto irão receber.
O País verá nascerem alguns novos proprietários e o fundo de desemprego será a santa casa da misericórdia final.
Os governantes, impávidos e serenos pelos apoios da troica, verão cumprida a previsão que fizeram e será com um sorriso de vitória que virão anunciar ao País, logo no inicio de 2013, que tal como previram o país já está a começar a crescer.
E certamente que irão ter razão!
É evidente que após se afundar o País com a maior taxa de desemprego da nossa história, a recessão mais grave e profunda que as estatísticas permitem, o desmembrar do tecido empresarial e a baixa brutal no rendimento das famílias, só poderá sobrar um País assente no fundo e a necessitar que se recuperem da miséria vastas franjas da população  
E se já batemos no fundo, a única possibilidade é subirmos, crescermos, recuperarmos, pois a maioria do povo faminto, exausto, vivendo de expedientes e sem expectativas, não terá outra alternativa.
Que bom será depois, meu deus, vermos alguns maltrapilhos transformados de novo em agricultores ou a dedicarem-se á pesca, ou ás pequenas tarefas artesanais, ou voltarem a usar computadores e começarem a vislumbrar a nova modernidade.

Como é que levámos tanto tempo a perceber isto ?
Há quem diga que a única coisa que o "criador" concedeu em abundância foi a inteligência, pois ninguém se queixa que tem pouca. No nosso caso vamos assumir o pecado e confessar que a quantidade que nos foi distribuída não foi suficiente para perceber o alcance das previsões deste governo.
Até chegámos a pensar que o primeiro ministro não tinha tido consciência ao afirmar que primeiro teriamos que empobrecer!  De facto isso é fundamental para se atingirem os objetivos politicos anunciados.
Tínhamos mesmo que bater no fundo. Essa é a condição para que a única alternativa seja começarmos a subir e assim se cumprir a profecia no inicio da nossa recuperação económica.
Era óbvio, tão óbvio que é pena termos levado tanto tempo para o entender.
Mas mesmo assim estúpidos, ainda nos ocorre perguntar. Que mal é que fizemos para ter de suportar esta classe politica?

Como não estamos sozinhos e até cada vez mais interdependentes, veja-se como as profecias deste governo até poderão vir a ser prejudicadas por uma nova crise que poderá estar a despontar no horizonte. É verdade. A China também já produziu algumas "bolhas imobiliárias"´.

6 comentários:

Anónimo disse...

O fulcro da questão é que no meio de tanto palavreado de "especialistas" e "técnicos",a verdade passa despercebida.
Quem está a pagar os prejuízos de dezenas de anos de má governação,de irresponsabilidade,de imoralidade no uso do dinheiro dos portugueses e em particular de seis anos em que os comandos do país foram entregues a um ladrão de viela e à sua Vara,são os pobres e os que menos contribuiram para o descalabro.
O propósito do actual governo foi desde o início resolver o descalabro das contas públicas à custa dos grupos com menor poder reinvidicativo,ou seja dos estratos económicos mais baixos.
Tudo o que seja funcionários superiores do Estado,políticos,juízes,gestores públicos,etc,etc vão sobrevoar a crise sem dela se aperceberem.
O resto é demagogia,quer do governo,quer de uma oposião inominável,onde pontifica o sr Seguro que se tivesse o mínimo de vergonha na cara,reconhecia os malefícios que o seu partido causou e prometia uma limpeza nas listas.
Ter a lata de se apresentar como alternativa aos portugueses,com a bancada cheia de gente moralmente desclassificada e directamente responsável pela miséria da nação,é de um atrevimento atroz,só possível com esta imprensa vendida,nas mãos da seita do sr Seguro.

pvnam disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
pvnam disse...

«Penso que é tempo de começarmos a ser mais ponderados nas criticas e confiar um pouco mais nas elites deste País»


---> Confiar mais... não significa passar um cheque em branco!!!!!!
---> De facto:
Os políticos não são - nem podem ser - 'paizinhos'!!!
O cidadão tem de abrir a pestana! Isto é: NÃO SE PODE POR A JEITO!
Leia-se:
- DIREITO AO VETO de quem paga (vulgo contribuinte): blog fim-da-cidadania-infantil.
{um ex: a nacionalização do negócio 'madoffiano' BPN nunca se realizaria: seria vetada pelo contribuinte!}


P.S.
Só um reparo: «deste País» -> hesitações a esse nível: não obrigado! Leia-se, isto é, ou seja, NOSSO PAÍS!

Força Emergente disse...

Caro anónimo Não se quer, ou pode, assumir? Os seus comentários têm sido de uma grande lucidez e um bom contributo para a valorização deste blogue. Um dia ainda vamos ter de nos juntarmos, todos !

Diogo disse...

Força Emergente,

O Anónimo está errado. O actual governo não está a tentar resolver nada.

Os sucessivos governos (PSD e PS), a soldo da banca internacional, criaram deliberadamente uma dívida externa em obras com tanto de inútil como de dispendiosas.

O actual governo está a cumprir a segunda parte do plano: pagar a «dívida» com juros agiotas e entregar de mão beijada, com as privatizações, a prata da casa aos ladrões.

JotaB disse...

Para que não tenhamos dúvidas quanto aquilo que nos espera…, a não ser que tenhamos a coragem de alterar o rumo dos acontecimentos:


http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=mHKWoE8qyu0#t=2s