Era uma vez um coelho branco, peludo, jovem, atraente. Todas as coelhas o consideravam distinto entre os demais. Um dia esse coelho, apesar de não violento quis mais protagonismo e propôs umas eleições para governar a comunidade de coelhos local. Era um direito e, por encantar tantas coelhinhas, o coelho ganhou as eleições. Coelho passou a escrever o seu nome com maiúscula: Coelho.
Não parava de receber elogios pelas suas belas palavras e todas as coelhinhas sorriam e trocavam olhares matreiros ao agora Coelho. Mas perante a ameaça de que uma família de raposas se aproximava do seu território, foi pedido ao Coelho que tomasse medidas para resolver essa crise no seio da comunidade de coelhinhos fofos... Coelho sentia-se um chefe, discursava, encantava as doces coelhinhas inocentes, mas não convencia o Coelhão, seu antecessor no poder. Ele observava-o como um pai observa o filho. O Coelhão era antes o n.º 1 do poder e dominava melhor o território que o agora recente nomeado Coelho. Vendo que Coelho não resolvia a crise das raposas convenientemente, Coelhão resolveu então retirar o poder a Coelho. E como o faria?
Simplesmente não faria nada, pois sabia que a vaidade de Coelho e a sua inexperiência o levariam a perder aquilo que tanto ambicionara: o poder...!!!
No dia seguinte Coelho reuniu-se com outro Coelho, da colónia de coelhos mais próxima, conhecido como o Coelho Pinóquio, pelo seu grande nariz que tudo cheirava. Sentaram-se durante uma manhã inteira em conversações e, depois de muitas cenouras comidas e trocas de palavras e elogios, sairam da toca e anunciaram para as suas comunidades de coelhos:
- Caros amiguinhos peludos,
A solução para esta crise das perigosas raposas passa apenas por isto: todos os coelhos mais velhos, feridos ou sem tarefas específicas na nossa comunidade deixarão de se poder sentar à nossa mesa de refeições para comer conosco. Assim, serão obrigados a procurar comida na floresta e servirão de alimento às raposas, que desta forma, deixarão os elementos mais fortes e saudáveis da nossa comunidade em paz.
A comunidade de coelhinhos brancos estava já com as longas orelhas em pé, mas mesmo assim não queriam acreditar nas palavras que estavam a ouvir. Coelho, adorado na comunidade, tinha desiludido profundamente os seus semelhantes. Ninguém imaginara estar perante um Coelho-chefe tão insensível e cruel. Uma coelhinha fofa, candidata a sua esposa não aguentou e discursou do meio da multidão:
- Senhor Coelho - disse - tinha-lhe o maior respeito, mas agora que revelou a sua verdadeira natureza quero dizer-lhe que, por muito que me custe, abandonarei hoje mesmo esta comunidade por não lhe reconhecer mais o mérito de ser chefe da comunidade. E quem estiver de acordo comigo, que somos uma comunidade inseparável, acompanhe-me e fundaremos uma comunidade mais justa e pacífica.
Coelho, confiante respondeu:
- Amiga coelhinha, és muito bonita mas de política nada percebes. Podes ir-te embora, mas arriscas-te a ser comida pela raposa.
A coelhinha respondeu:
- Antes ser comida por uma raposa com pele de raposa, que enganada por uma raposa com pele de coelho...!!!
E dizendo isto a coelhinha abandonou a comunidade, e a ela se juntaram TODOS os outros. Coelho, sozinho e abandonado, foi assim uma presa fácil para as raposas, que se banquetearam com a sua carne suculenta de político bem alimentado...
MORAL DA HISTÓRIA: Vida de Coelho é curta.
posto por Pedro Duarte