segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Impotência

Seja ela qual for, é sempre uma sensação de incapacidade em se poder responder aos desafios que nos são colocados.
A impotência é tanto maior quanto mais justificadas forem as razões que lhe estão subjacentes e pode mesmo gerar sentimentos de revolta quando sentimos estar a ser espoliados por alguém ou alguma classe, que através de enganos sucessivos nos coloca nessa posição.
Este estado de alma em que fomos obrigados a cair, exponencia-se quando são os próprios agentes que o criaram a evidenciarem esse direito mínimo que nos assiste e que dá pelo nome de revolta.
Assim, se já andamos abatidos, taciturnos, perplexos e impotentes, mais difícil se torna assistir ás comemorações de Abril.
Não se questiona a pequena melhoria verificada na liberdade de expressão que ainda se viveu durante algum tempo.
No entanto até isso já vai sendo posto em causa e passados 36 anos temos de olhar para a situação miseravelmente encoberta a que estamos a chegar.
Aquilo que resultou, foi o emergir de uma classe de gente corrupta e o País estar agora mais atrasado em relação ás Nações mais desenvolvidas em que era pressuposto estarmos integrados. Os desníveis sociais são mesmo mais acentuados e tornámo-nos numa Nação sem chama e sem objectivos.
Do presidente da republica a diversos agentes políticos ouvimos agora consagrar-se este direito inalienável que é o de não nos sujeitarmos á indignidade constante de quem nos governa.
À Injustiça prevalente neste novo estado criado e artificiosamente composto para servir apenas a nova classe.
À incapacidade mais que demonstrada por quem assume o dever de governar e que apenas se governa.
Ao crescente desagregar de estruturas básicas de sustentabilidade social, reflexo de politicas económicas e fiscais cegas e que apenas visam a receita imediata para cobrir as incompetências.
Tudo isto seria mais que suficiente para fazer vibrar os homens e as mulheres que se espalham por este País amorfo e sentem dia a dia a incomodidade de nada verem que possa despertar a esperança.
E a quem por vezes ouvimos os desabafos e apelos.
E onde sentimos também alguma revolta.
E muitas vezes ouvimos o pedido para se reagir.
Mas que.....quando a oportunidade surge nunca aparecem.
Somos de facto um País de moribundos e impotentes, onde cada vez mais nos custa assumir a nacionalidade e até o cheiro dos cravos já nos incomoda.

posto por Carlos Luis

2 comentários:

JotaB disse...

Como já se tornou um hábito, deixo aqui o artigo de Henrique Neto, publicado no semanário Jornal de Leiria:

A Estratégia Atlântica
Nas últimas semanas
identifiquei neste jornal
os principais
desafios da economia
europeia, de que
a economia portuguesa é fortemente
dependente. Escrevi que o
modelo social europeu está em
perigo de desagregação e que com
ele desaparece a liderança civilizacional
da Europa. Noutros escritos,
defendi que a forma de Portugal
lutar contra a previsível decadência
europeia, será através da
nossa estratégia Atlântica, cujo
objectivo é transformar Portugal
na porta de ligação entre a Europa
e os outros continentes e países,
apostando no mar e numa
logística marítima e ferroviária e
no conhecimento científico, com
tudo o que isso implica. Além de
antecipar algumas transformações
previsíveis na economia e na sociedade,
com efeitos na educação, no
modelo de consumo e nos transportes/
mobilidade. Ou seja, transformar
Portugal num espaço atractivo
para o investimento nacional
e internacional, por força da sua
posição geográfica, da qualidade
do território e das ligações frequentes,
fáceis e baratas com os
outros continentes e para o exterior
e interior da Europa. Como é
evidente, nada disto é possível sem
um Estado moderno, desburocratizado,
profissional e com elevado
sentido ético e inteligência estratégica,
de forma a resolver os nossos
constrangimentos actuais, em
particular na justiça e na educação.
Sem esquecer que a visão
Atlântica implica a afirmação do
território português e das políticas
portuguesas na península ibérica,
hoje como há cinco séculos.
Tudo isso sem deixar de valorizar
ao máximo a participação portuguesa
na União Europeia, privilegiando
as negociações e soluções
multilaterais, relativamente a quaisquer
acordos bilaterais. O Mibel.
Mercado Ibérico de Electricidade,
e o TGV, são exemplos de negociações
bilaterais erradas e a evitar.
Relativamente à Europa, se o
movimento for no sentido de abandonar
a tentação proteccionista e
de revisão das regras aprovadas
em sede da OMC- Organização
Mundial de Comércio, há cinco
áreas de prioridade, a saber:

(continua...)

JotaB disse...

(1)Reformular o modelo educativo
de Bolonha, no sentido de uma
aposta na exigência, na qualidade
e na profundidade do ensino
cientifico, privilegiando a liberdade
e a diversidade à custa da
uniformidade; (2) financiamento
da investigação cientifica que se
preocupa com a economia e com
um modelo de inovação orientado
para as empresas e menos dependente
da burocracia de Bruxelas;
(3) logística e grandes obras públicas
de base comunitária, ultrapassando
os diversos modelos de
gestão nacional tolerados até aqui;
(4) Maior disciplina governamental,
orçamental e fiscal nos países
da União Europeia, balizada por
avaliações pré definidas e com
uma forte penalização da indisciplina;
(5) Maior democraticidade
na escolha dos líderes europeus e
maior profissionalização dos quadros
superiores da administração.
Falando de logística e de obras
públicas, é inaceitável que se continue
a apostar no transporte rodoviário
em detrimento do transporte
ferroviário, para pessoas e
mercadorias. Da mesma forma, é
necessário um esforço coerente de
inovação para implementar novas
formas de transporte mais eficientes,
mais baratas e mais amigas
do ambiente. Por exemplo, o
sistema “Eurofreightrain”, transporte
de camiões em plataformas
ferroviárias, que com outras pessoas
e instituições apresentámos
ao Governo de Durão Barroso, sem
qualquer resultado, deveria ser
proposto a Bruxelas, com vantagens
claras para o ambiente e para
a competitividade da Europa. Infelizmente,
as mercadorias que atravessam
a Europa por via ferroviária,
fazem-no a velocidades risíveis
de 20 KM hora, o que justifica
a urgência de uma rede europeia
de transporte ferroviário. Igualmente,
é inaceitável a inexistência,
em grande parte da costa europeia,
do transporte marítimo de
mercadorias, em particular o transporte
de camiões por barco.
No caso da energia, não se compreende
que tão pouco tenha sido
feito para melhorar a independência
energética da Europa, sendo
urgente a formalização de um
Mercado Europeu de Energia, que
parta da sã competição entre os
diversos parceiros, num quadro
estratégico de complementaridade
entre os diversos modelos já
existentes, sejam de base nacional
ou regional. Voltaremos ao
assunto.

Crónicas sobre o futuro

HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com