Pois é caros amigos, é o que andamos a fazer.
O mais aborrecido e já nem dizemos preocupante, é que não vemos intervenientes disponíveis para de forma séria e determinada se procurarem soluções que pudessem evoluir para um confronto direto com o sistema politico instalado.
Mas estranho e difícil de entender é o facto de sistematicamente vermos e ouvirmos nos mais diversos fóruns, comentários incisivos e alguns mesmo inflamados contra a actual classe politica, questionando-se muitas vezes a inércia e incapacidade de intervenção por parte daqueles que têm alguma exposição publica, de forma a que se pudesse responsabilizar quem conduziu o País até ao estado em que se encontra.
Fruto da nossa experiência em 2009 e 2010, pensamos ter algumas explicações para esta inatividade frustrante e muitas vezes incompreensível perante factos tão gravosos como os que se foram passando nestes últimos anos.
Para aqueles que não conhecem a nossa "história", indicamos algumas das iniciativas que fomos protagonizando, tendentes a confrontar o sistema e que visavam em última análise constituir um grupo com capacidade de gerar iniciativas e poder ganhar peso confrontacional com a classe politica instalada.
Em 2009, fomos a S.Bento entregar uma carta a aconselhar o primeiro ministro a demitir-se.
Constituimo-nos assistentes no processo Freeport.
Pedimos o afastamento da responsável pelo DCIAP, Cândida Almeida.
Fomos a Belém solicitar ao presidente da republica que demitisse o primeiro ministro.
Tentámos avançar com um processo relativo aos chamados "contentores de Alcantara", mas não conseguimos apoios financeiros para isso.
Tivemos contatos e reuniões com diversas forças sindicais, movimentos e quase todos os chamados pequenos partidos.
Seguimos de perto a evolução de alguns novos partidos, que á priori, parecia poderem ganhar peso politico. MEP, MMS, Partido Humanista, Partido da Terra.
Avançámos com a constituição de uma Plataforma de Intervenção Cívica - http://plataformaintervencaocivica.blogspot.pt/ - que visava congregar elementos de todas estas forças, de forma a poder-se ganhar corpo e de forma sustentada e continua poder-se ir confrontando o poder instalado. Como sabemos os pequenos partidos só no período eleitoral é que têm alguma visibilidade.
Entretanto tivemos a oportunidade de ter algumas reuniões com o Dr. Henrique Medina Carreira, que como bem sabemos era na altura a pessoa mais credenciada e que de forma critica e bem sustentada punha em causa a classe politica e os resultados nefastos a que a governação nos estava a conduzir.
Fruto dessas conversas entendemos que o problema do País não se resolvia com uma mudança de sistema, pois os políticos no poder nunca evoluiriam nesse sentido. A partir desse momento ficou claro para nós que só uma confrontação com a classe politica instalada poderia permitir que alguma coisa se alterasse.
Assim, mais do que novos partidos, o que era necessário era a constituição de um MOVIMENTO, uma PLATAFORMA, um GRUPO, seja lá o que quisermos considerar, que sem credenciais ideológicas pudesse ganhar corpo, ter capacidade de intervenção, dispor de recursos de diversa ordem incluindo financeiros e que pudesse garantir uma capacidade de pressão permanente sobre a classe politica instalada. Ou seja, ganhar VISIBILIDADE e CREDIBILIDADE perante a população, para que em qualquer momento pudesse haver capacidade de intervenção e controlo por exemplo, num possível processo de revolta contra o poder instalado.
Qualquer Nação, precisa de saber e sentir que existem pessoas que de boa fé lutam e se dispõe a tudo fazer para que haja justiça e uma equilibrada distribuição dos recursos disponíveis.
Qualquer Nação gosta de saber que existem homens capazes de gerir os seus destinos, orientando-se por princípios e valores que não descriminam, nem excluem ninguém.
Qualquer Nação sentirá orgulho quando souber que gerou gente capaz de combater e conduzir à justiça aqueles que de forma malévola, insidiosa e na busca de interesses próprios, nada mais fizeram que comprometer o seu futuro e o dos seus filhos.
A Nação precisa urgentemente de saber que essa gente existe, só que ainda não se encontrou.
Pensamos saber algumas das razões porque não se conseguiu ainda chegar até aí.
De facto existe muita gente capaz, esclarecida, honesta e que valoriza a ética e os bons principios.
Muitos optaram pela via individual para a sua afirmação publica.
Outros avançaram e avançam para a constituição de partidos.
Alguns são críticos e contestam a situação, mas continuam ligados a partidos integrados no sistema e por isso não se querem envolver.
Outros integram movimentos com determinado suporte ideológico e não conseguem entender que o essencial não está na ideologia mas sim na criação de condições para que ela se possa desenvolver.
A maioria entende mesmo que as suas ideias e propostas são suficientemente válidas e sustentadas pelo que não vêem interesse em se juntarem a quem quer que seja.
Outros ainda entendem que se o fizessem iriam perder protagonismo.
Em resultado de tudo isto, alguns dos que não quiseram avançar por pensarem que indo sozinhos conseguiriam lá chegar, hoje estão extintos. Outros dissolveram-se. Outros continuam remetidos a esta pequenez em que também nos encontramos e nenhum ganhou protagonismo.
Com isto, os partidos instalados continuam impávidos e impunes perante o descalabro das diferentes governações e o País está orfão de gente determinada e capaz de fazer renascer a esperança.