domingo, 14 de novembro de 2010

Paragem forçada

Caros amigos
Por razões inesperadas e diversas, estamos numa suspensão temporária deste blogue.
Uma, devido a problemas de saúde que implicaram já duas intervenções cirúrgicas e que aconselham a uma pausa durante alguns meses.
Outra, porque o nosso amigo Pedro Duarte teve de optar por uma situação profissional que o impede de continuar a dar a sua colaboração nos moldes que o fez ao longo de quase dois anos e que muito contribuíram para algumas das realizações levadas a efeito por esta Associação.
Embora forçada e temporariamente ausentes, continuamos determinados nesse combate maior que é o de trazer a Dignidade á política e exigir responsabilidades a quem conduziu o País para a situação calamitosa, que a passos largos lá iremos chegar.
Leia-se o texto que nos enviaram:
Afinal já se vai sabendo por onde anda e para aonde vai o nosso
dinheiro. Reavê-lo é que ainda não sabemos como, mas não devemos parar
até o conseguir.
Veja-se ao ponto a que se chegou!
Por cada reunião do conselho de administração das cotadas do PSI-20, os administradores não executivos - ou seja, sem funções de gestão - receberam 7427 euros. Segundo contas feitas pelo DN, tendo em conta os responsáveis que ocupam mais cargos deste tipo, esta foi a média de salário obtido em 2009. Daniel Proença de Carvalho, António Nogueira Leite, José Pedro Aguiar-Branco, António Lobo Xavier e João Vieira Castro são os "campeões" deste tipo de funções nas cotadas, sendo que o salário varia conforme as empresas em que trabalham.

Proença de Carvalho é o responsável com mais cargos entre os administradores não executivos das companhias do PSI-20, e também o mais bem pago. O advogado é presidente do conselho de administração da Zon, é membro da comissão de remunerações do BES, vice-presidente da
mesa da assembleia geral da CGD e presidente da mesa na Galp Energia.
E estes são apenas os cargos em empresas cotadas, já que Proença de Carvalho desempenha funções semelhantes em mais de 30 empresas.
Considerando apenas estas quatro empresas (já que só é possível saber a remuneração em empresas cotadas em bolsa), o advogado recebeu 252 mil euros. Tendo em conta que esteve presente em 16 reuniões, Proença de Carvalho recebeu, em média e em 2009, 15,8 mil euros por reunião.

O segundo mais bem pago por reunião é João Vieira Castro (na infografia, a ordem é pelo total de salário). O advogado recebeu, em 2009, 45 mil euros por apenas quatro reuniões, já que é presidente da mesa da assembleia geral do BPI, da Jerónimo Martins, da Sonaecom e da Sonae Indústria. Segue-se António Nogueira Leite, que é administrador não executivo na Brisa, EDP Renováveis e Reditus, entre outros cargos.
O economista recebeu 193 mil euros, estando presente em 36 encontros destas companhias. O que corresponde a mais de 5300 euros por reunião.

O ex-vice presidente do PSD José Pedro Aguiar-Branco é outro dos "campeões" dos cargos nas cotadas nacionais. O advogado é presidente da mesa da Semapa (que não divulga o salário do advogado), da Portucel e da Impresa, entre vários outros cargos. Por duas AG em 2009,
Aguiar-Branco recebeu 8080 euros, ou seja, 4040 por reunião.

Administrador não executivo da Sonaecom, da Mota-Engil e do BPI, António Lobo Xavier auferiu 83 mil euros no ano passado (não está contemplado o salário na operadora de telecomunicações, já que não consta do relatório da empresa). Tendo estado presente em 22 encontros dos conselhos de administração destas empresas, o advogado ganhou, por reunião, mais de 3700 euros.

Apesar de desempenhar apenas dois cargos como administrador não executivo, o vice-reitor da Universidade Técnica de Lisboa, Vítor Gonçalves, recebeu mais de 200 mil euros no ano passado. Membro do conselho geral de supervisão da EDP e presidente da comissão para as
matérias financeiras da mesma empresa, o responsável é ainda administrador não executivo da Zon, tendo um rácio de quase 5700 euros por reunião. dn.pt, 16 Abril

Nota: não haverá por acaso qualquer ligação entre isto, o "déficit", e a situação de total descalabro do país? Se estes senhores são tão bons para ganharem tanto dinheiro só para assistirem a reuniões e manifestarem as suas opiniões, como pode o país destes senhores
encontrar-se no estado em que se encontra? Qual é o real valor, a credibilidade e o reconhecimento internacional destes senhores tão bem pagos e que andam há tantos anos "por aí" na vida política e empresarial portuguesa? (estas "dúvidas" estendem-se aos administradores executivos que sempre farão um pouco mais que assistir a reuniões e mandar "palpites"... e por isso sempre ganharão um pouco mais)
É urgente varrer este País.

posto por Carlos Luis

7 comentários:

JotaB disse...

Amigo CARLOS LUIS
Força, ânimo. Os seus AMIGOS estarão sempre presentes.
Um abraço,
João

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria (04 Novembro):

Crónicas sobre o futuro
É esta a crise em Portugal

Andam pelas ruas das
cidades de mão
estendida, envergonhados,
receosos de
encontrar alguém
conhecido da sua outra existência.
São os novos pedintes,
atraiçoados pelo Estado e pela
vida, velhos e velhas da classe
média com bom aspecto exterior,
aterrados ao ver desaparecer
rapidamente o pequeno pecúlio
amealhado ao longo de muitos
anos de trabalho, ou recebido
de uma pequena herança.
Passam horas a tentar descobrir
algumas novas formas de ganhar
qualquer coisa honestamente,
como sempre quiseram. Para eles
recorrer á caridade é o último
passo, a maior vergonha. Por
vezes recorrem a truques pueris
para disfarçar a indigência: Meu
senhor, perdi a carteira e não
tenho dinheiro para regressar às
Caldas da Rainha. Algumas destas
velhas senhoras recordam-
-me a minha mãe e puxo pela
pequena nota que as faz agradecer
com lágrimas nos olhos e
me faz desviar os meus. Também
é isto, a crise.
Do outro lado, na rua em frente,
há um centro comercial com
gente que se acotovela para comprar
o vestido ou o telemóvel de
que não precisa. Há muitos jovens
em restaurantes caros, muitos
Porches, Ferraris, Jaguares e Mercedes,
sem que se perceba bem
de que forma são pagos, talvez
por um sucateiro. Os maiores e
melhores andares são vendidos
rapidamente. As revistas mostram
o que pensam e desejam
as mulheres na moda e os velhos
senhores de carteiras aparentemente
recheadas. Os Bancos
oferecem dinheiro numa hora
ou pelo telefone. Casas, ou palácios,
podem ser comprados para
pagar em quarenta anos. Os
aviões para locais exóticos, ou
simplesmente para qualquer lugar,
vão cheios. Abrem novas lojas
de produtos de marcas luxuosas
vendidos a preços dificilmente
compreensíveis para o
comum dos mortais. Um único
especulador que mal sabe falar
amealhou, em trinta anos consumidos
a obter licenças camarárias,
tanto dinheiro que um
banco vive com medo de que
ele o leve para outras paragens.
Também é isto a crise que se vive
em Portugal.

(continua...)

JotaB disse...

A dívida de Portugal que era
em 1996 de 8,3 mil milhões de
euros atingiu 161 mil milhões
em 2008 e a despesa pública
de 15,7 % do PIB em 1960 é
de 49,8% do PIB em 2009. Neste
tempo as empresas do regime
engordaram a olhos vistos,
os concelhos de administração
cresceram, cinco, dez, quinze
ilustres doutores pagos na casa
dos milhões para assistirem
silenciosos às poucas reuniões.
Jovens recentemente glorificados
pelo partido no poder
passam rapidamente a conhecidos
gestores da coisa pública
ou da actividade privada,
desde que tenham relações privilegiadas
com o governo. Quadros
e políticos com duplas e
triplas reformas tornaram-se
uma vulgaridade. Consultores
e escritórios de advogados não
têm mãos a medir, mas os contractos
feitos pelos governos
com entidades privadas são
consistentemente ruinosos para
o erário público. Cinquenta mil
milhões de euros em ruinosas
parcerias público/privadas. As
revisões dos preços contratados
nas obras públicas tornaram-
se normais e o Tribunal
de Contas produz relatórios a
seguir a relatórios denunciando
o regabofe, perante a indiferença
calculada de governantes
e de autarcas. A crise
também passa por aqui.
Conforme publicado, o Orçamento
do Estado para 2011 traz
uma transferência de 587 milhões
de euros para a empresa Ascendi
do universo Mota Engil, o
que foi questionado no site do
Expresso pelo cronista Henrique
Raposo. Quando o texto já
circulava, a Ascendi e não o
Ministério das Finanças, esclareceu
que era um engano (como
é possível um engano desta
dimensão?) e o valor certo seriam
uns escassos 150 milhões. A
seguir Jorge Coelho, Presidente
da Mota Engil, escreveu uma
carta a Henrique Raposo exigindo
que ele se retratasse, o
que só pode ser considerado
humor negro ou uma forma suave
de pressão ao uso da liberdade
de denunciar actos duvidosos,
ou impróprios, dos governos.
Carta onde Jorge Coelho
também justifica: “servi a Causa
Pública durante mais de 20
anos”. A falta de vergonha é
porventura a maior crise que se
vive em Portugal.

HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com

JotaB disse...

A cambada do partido socretino e as suas maquinações de baixo nível:

http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=ED629F0B-9C8C-4CDF-A4DA-439625195A52&channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181

Rui Pinto disse...

Espero que esteja bem de saúde, das intervenções cirúgicas que fez.
Vamos continuar a desmascarar estes politicos incompetentes, gestores e empresários ávidos da ganância, dos corruptos, dos ladrões...enfim, limpar este país da escumalha.
Bem-vindo de novo a este blog, fazia falta!!
Saúde!!

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria (11 Novembro):

Crónicas sobre o futuro
Uma questão de linguagem

O Jornal de Negócios
publicou recentemente
uma entrevista
minha que contém
algumas imprecisões
que justificam um esclarecimento.
Não porque a jornalista tenha
escrito algo que eu não tenha dito,
coisa de que os políticos se queixam
com alguma frequência, mas
porque eu interpretei o pedido
para uma conversa sobre a história
da minha vida pessoal como
um trabalho jornalístico e não
como uma entrevista em discurso
directo. De facto a jornalista
produziu um bom trabalho profissional,
mas a minha confusão
sobre qual era o produto final fez
com que eu não tenha utilizado o
rigor necessário na conversa e
tenha contado a minha vida de
forma demasiadamente livre e com
alguma falta do método que passo
a vida a pedir aos outros. Assim,
para evitar interpretações que causem
confusão a quem habitualmente
se interessa pelo que digo
ou escrevo, aqui vai.
Confirmo que nunca gostei
da maçonaria, apesar de compreender
que é uma instituição
que no passado prestou bons
serviços à democracia e à liberdade,
mas que no nosso tempo
não tem qualquer justificação.
Opinião que tem a ver com o
secretismo e a solidariedade existentes
entre os seus membros,
que certamente tinham a sua
razão de ser, como forma de
resistir aos regimes políticos
totalitários, mas que hoje são
regras desnecessárias, além de
perniciosas. Seja porque apenas
servem para promover carreiras
e outros objectivos não públicos,
seja porque viciam objectivamente
a democracia interna
dos partidos políticos, na
medida em que os filiados da
maçonaria têm o mau hábito de
actuar de forma previamente
concertada entre si e quase sempre
para fins de interesse pessoal,
frequentemente ilegítimos.
Como muitas vezes acontece na
vida dos povos as qualidades de
um certo período histórico podem
transformar-se em perigos para
a democracia quando transportas
para outra época.
Confirmo também a referida
animosidade relativamente ao
Dr. Mário Soares, mas neste caso
referia-me essencialmente ao
período anterior ao 25 de Abril,
quando Mário Soares voltou do
exílio e defendeu a separação
de águas relativamente a outros
sectores da oposição democrática,
no que interpretei ser um
ataque à unidade da oposição
ao regime de Salazar. Animosidade
que aumentou quando
acompanhei o José Vareda em
algumas reuniões com Soares e
Salgado Zenha, entre outros,
para tentar a unidade entre a
CDE e a CEUD, momento em que
Mário Soares surgiu aos meus
olhos como arrogante e pouco
rigoroso. Isto no contexto da
linguagem usada, que era aquilo
a que me referia, também de
forma pouco rigorosa, na entrevista.
O que deu como resultado
que sempre tenha preferido
Salgado Zenha a Soares, mas
que não impediu que mais tarde,
em vista do que globalmente
aconteceu nos últimos trinta
e cinco anos, tenha concluído
ser Mário Soares o politico português
com maior influência
positiva no progresso de Portugal
do século XX. É esta a realidade
e não gostaria de deixar
ficar registada uma história mal
contada por mim próprio.

(continua...)

JotaB disse...

Voltando à questão da linguagem,
falada ou escrita, considero
que entre nós o tema é
da maior importância. Porque
apesar de reconhecer que a linguagem
corrente, ou principalmente
a linguagem política, dificilmente
será a mesma da que é
praticada, por exemplo, pelos
cientistas, preferia em qualquer
caso ver maior rigor e seriedade
no que dizem e escrevem os
políticos portugueses. Porque a
linguagem usada entre nós se
tornou parte dos problemas do
País e fonte continuada de divergências,
enganos e razão de uma
certa confusão generalizada que
existe na nossa vida politica, que
não é pedagógica nem útil ao
progresso de Portugal no contexto
das nações.
Porventura por alguma razão
Portugal é um país de poetas, onde
a linguagem é usada, e bem, para
deixar ao leitor, ou ao ouvinte,
uma grande margem de interpretação
e de recriação. Todavia a
pedagogia da linguagem como
veículo de ideias e promotora de
soluções, é uma questão central
e causa provável de parte do nosso
atraso como povo. Por isso
lamento ter falhado nessa pedagogia
durante a entrevista dada
ao Jornal de Negócios. _

HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com