quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O País que não acorda

Por vezes as ausências forçadas deixam-nos tempo para reflectirmos sobre as realidades que se vão processando e que mais directamente nos tocam.
É o caso da Comunicação social versus actividade politica.
Talvez melhor dito ou apresentado de outra forma;
Será que a Comunicação social e os políticos, pensam que somos um Povo de gente atrasada ? Incapaz ? Débil ? Mentalmente deficitários ? comprovadamente manipuláveis ? ou pensa o quê ?

Centramo-nos apenas em mais este episódio da venda de títulos de divida publica versus manifestação de alegria da classe politica por se ter conseguido isso. Sabe-se que foi por um preço proibitivo e certamente com garantias de estado. Todos sabemos que isso é um pesado fardo que no futuro irá cair sobre todos. Não haveria motivos para festejar fosse o fosse.

Será que não sentimos vergonha por irmos assistindo de forma passiva a esta autêntica delapidação dos recursos humanos e materiais com que se deveria projectar o futuro ?
Será que não percebemos que a satisfação dessas aberrações politicas que dão pelo nome de socrates e teixeira, é apenas a reacção patética a uma desgraça há muito anunciada ?
Será que não entendemos que quando nos compram títulos de divida apenas estamos a cavar a desgraça futura ?
Será que ainda não entendemos que por cada emissão que se faz a única coisa que se gera é DIVIDA ?
Será que ainda não percebemos que dessa troca fatídica nada resulta em comprovado desenvolvimento e que na sua essência apenas serve para manter no poder a actual classe politica ?
Será que ainda não percebemos que para pagar essas dividas o País teria de aumentar a produção e aquilo para que tudo aponta é para estarmos a mergulhar num ciclo recessivo ?
Será que ainda não percebemos que a nossa liberdade tem vindo a ser negociada por estes excrementos políticos que pululam por aqui ?
Será que ainda não percebemos que quando pedimos dinheiro temos que o pagar e esses empréstimos exigem garantias sobre bens transacionáveis ?
Será que ainda não percebemos que não estamos a crescer, não produzimos o suficiente, não temos capacidade futura de pagamento e continuamos sentados no sofá ou a passear no Centro Comercial ?

Face a tudo isto e alimentando a paranóia colectiva, vemos a quase totalidade da comunicação social contemporizar com as mais diversas verborreias dos políticos que mais não fazem que entreter este povo de apalermados e imbecis. Eles se calhar até têm razão. Que me desculpem mas é isto que sinto.
Já era tempo de sairmos à rua e "expressarmos" de forma violenta e incontida a nossa indignação !
Está em causa a nossa sanidade mental e o futuro dos nossos filhos. Não podemos continuar a ser "civilizados" e "passivos", quando temos que lidar com a escumalha politica que tomou conta do País. E essa luta terá de ser travada.
Pela nossa parte estamos disponíveis para tudo o que se refira á defesa de valores fundamentais que visem a obtenção de uma Justiça social e um Sistema Politico que garanta os direitos individuais e responsabilize a classe politica perante o Povo que os elege.
Esta impunidade perante o desvario continuo que vamos observando, tem de terminar com o julgamento de todos aqueles que enganaram este País.
Já é tempo de sair à rua.

posto por Carlos Luis

6 comentários:

JotaB disse...

Quero desejar as melhoras totais e definitivas para o Amigo Carlos Luís e saudar o regresso de uma voz esclarecida e lutadora.
Não acredito nos portugueses como um colectivo. Somo individualistas, assumindo, perante o sofrimento dos outros, uma postura de distanciamento.
Somos incapazes, isoladamente, de mudarmos o rumo aos acontecimentos. Alguém, de fora, terá que vir pôr ordem na nossa casa.
Os portugueses ainda não perceberam que a única coisa que temos para exportar é a nossa DÍVIDA!

JotaB disse...

I had a dream…
Uma vez tive um
sonho. Tal como
muitos de vós.
Uma vez tive um
sonho que se
dividiu em
milhentas visões de um mundo
melhor e com o qual procurei
viver sempre a minha vida.
Uma vez tive um sonho que
a Liberdade havia de chegar. E
chegou. E que seria algo que
ficando no coração dos homens
e das mulheres, haveria de ser
conservada e defendida. Mas hoje
vejo, com tristeza, que este sucedâneo
de Liberdade é uma manipulação
pura de um Estado autoritário
que nos governa mal e
que nos obriga a pagar pelos seus
pecados.
Uma vez tive um sonho de
que a Democracia seria o respeito
pelos outros, a discussão
das diferenças e a procura de
encontrar, em muitas coisas, as
semelhanças. Mas, afinal, isto a
que chamam “democracia” não
é mais do que um jogo corrompido
de poder e a podridão instalada
nos organismos de um
Estado que serve os maiores e
reprime os desfavorecidos.
Uma vez tive um sonho de
que a ética seria o guia moral
dos políticos e que estes se regeriam
pelos mais elevados padrões
de honestidade, de competência
e de lealdade para com aqueles
que juraram servir, o Povo que
os elegeu. Mas quem não vê que,
na sua grande maioria, estes mesmos
políticos ocupam o centro
decisório para se banquetearem
com o Estado e que, sem vergonha,
delapidam os seus recursos
e oferecem quantias astronómicas
e lugares chorudos aos seus
comparsas?
Uma vez tive um sonho de
que os partidos políticos, parte
integrante e fortalecedora da
democracia, seriam fontes de elites
dedicadas e de escoramento
de um sistema político que fortalecesse
a vida social, política
e não, como acontece em muitos
casos conhecidos e muitos
mais por conhecer, fontes de
emprego partidário, verdadeira
sanguessuga daquilo que deveria
ser um bem de todos mas é
só de alguns amigos, fiéis ao chefe
ou encartados no partido do
governo.
Uma vez tive um sonho de
que a economia estaria ao serviço
da política e que os instrumentos
de desenvolvimento
seriam os adequados para que
os povos não sofressem privações.
E que os políticos tudo
fariam para que nas suas promessas
eleitorais estivesse acima
de tudo a verdade e que, em
falhando metas essenciais, se
demitiriam porque com palavra
dada ao povo não se brinca.
Nunca sonhei que os governantes privatizassem
os lucros e nacionalizassem
os prejuízos. Mas afinal
é o que fazem, transferindo as
culpas da crise para aqueles que
não a provocaram, os trabalhadores,
e fazendo-os pagar este
roubo declarado, desculpando os
verdadeiros rostos, mãos e cérebros
de fraudes mundiais, o capital
especulativo e imoral, agora
chamado puerilmente de mercado.
O capital desregulado cria as
crises e os buracos financeiros e
os governos, ao seu serviço, agitando
o papão da austeridade,
forçam quem trabalha a pagar
duplamente.

(continua...)

JotaB disse...

Uma vez tive um sonho de que
os povos da Europa seriam mais
unidos porque diferentes, mais
completos porque mais solidários.
Mas a Europa dos cidadãos
de Jacques Delors tem vindo a
ser destruída, numa amálgama
de regulamentos e de leis que
procura tudo uniformizar e se
transformou, luz dos tempos!, na
Europa do capital e refreia e reprime
as vontades dos povos e dos
seus cidadãos. Quem não se lembra
de Sócrates ter prometido
referendar o Tratado que viria a
ser de Lisboa e depois nunca ter
cumprido essa jura? Quem não
se recorda dos votos contra a
constituição europeia dados por
vários povos, até que novos e
sucessivos referendos, apoiados
em campanhas gigantescas e
chantagens políticas e emocionais,
mudaram as decisões iniciais?
Uma vez tive um sonho de que
Portugal seria um país honrado,
onde os seus habitantes vivessem
dignamente e onde o fosso
entre ricos e pobres fosse inexistente.
Mas afinal, segundo
dados do INE publicados hoje
(10.1.2011), há dois milhões de
pobres no meu País, um quinto
dos meus compatriotas vive com
menos de 360 euros por mês e
32% da população activa entre
os 16 e os 34 anos seria pobre se
dependesse só do seu trabalho.
É este o Portugal dos meus
sonhos? É este o meu País renascido
numa manhã de Abril? É
esta a utopia, tão singela afinal,
que pragmaticamente me querem
recusar? É sonhar e pedir
muito… que haja verdade, justiça
e combate à corrupção?
Uma vez tive um sonho que
ainda quero sonhar. Como cidadão,
como professor, desejo que
um dia, mais velho e ainda idealista,
os alunos a quem há mais
de 30 anos procuro ensinar, me
reconheçam na rua e me apontem
como aquele que não deixou
cair o sonho da esperança.
Continuo a sonhar. Porque
quero ter em mim, modestamente,
todos os sonhos do mundo.

FERNANDO JOSÉ RODRIGUES
Professor, escritor

JotaB disse...

O artigo de opinião de FERNANDO JOSÉ RODRIGUES, foi publicado no Jornal de Leiria de hoje (13jan11).

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:

Crónicas sobre o futuro
Campanha presidencial

Confesso que gosto cada
vez menos de campanhas
eleitorais, ainda
que saiba que em
democracia são necessárias
e inevitáveis. Apesar disso
suponho que muitos portugueses
concordarão comigo de
que as campanhas eleitorais, como
são geralmente praticadas entre
nós, servem principalmente para
revelar o pior que existe na politica
portuguesa: demagogia, ausência
de um pensamento estruturado
sobre o futuro de Portugal,
falsas promessas, vaidades várias.
Aquilo que deveria ser uma oportunidade
para conhecer o pensamento
e as propostas mais inovadoras
dos candidatos, acaba
por se transformar, com poucas
excepções, numa penosa e repetitiva
banalidade, baseada em
ideias mais velhas do que a idade
dos próprios candidatos à eleição.
Não menos séria é a previsibilidade
com que tudo se passa,
sem sombra de inovação, quer
na forma quer no conteúdo. Uma
maçada.
Mesmo o candidato Cavaco
Silva, que durante um quarto de
século esteve no topo do poder
politico dezassete anos, consegue
o milagre de basear a sua
campanha na seriedade pessoal
e na ideia peregrina de que está
acima das desgraças do nosso
sistema político. Confrontado
com dúvidas dos jornalistas e
dos eleitores sobre actos por si
praticados, considerou ilegítimas
as dúvidas e abespinhou-se, em
vez de se sentar e calmamente
explicar de forma pedagógica
tudo aquilo que os portugueses
queiram saber. Até porque provavelmente
nada fez de muito
excitante, além de uma pequena
e vulgar tentação por um rendimento
um pouco mais fácil do
que o adquirido ao longo de muitos
anos de trabalho, o que certamente
não envolveu qualquer
ilegalidade. Mesmo assim, achou
que não devia dar explicações e
insultou, ou mandou insultar, a
boa prática democrática de escrutínio
dos dirigentes políticos.
Confesso que não compreendi e
sobre esta questão declaro que
Cavaco Silva tem o direito a ser
como é e são os portugueses que
daí devem retirar as necessárias
consequências.

(continua...)

JotaB disse...

Por mim já o fiz e não voto
em Cavaco Silva. E não fora a
conhecida fraca memória dos
portugueses, acredito que a sua
presidência terminaria aqui. Mas
sendo as coisas como são não
arrisco um prognóstico, recordarei
apenas algumas decisões
do ex - primeiro ministro Cavaco
Silva que ajudaram, e de que
forma, a conduzir Portugal para
o atoleiro em que agora nos encontramos:
1- Foi Cavaco Silva que iniciou
a politica do betão e as famosas
revisões de preço das obras
públicas. Lembram-se do regabofe
com o custo do Centro Cultural
de Belém?
2- Idealizou a valorização do
escudo, que amputou a economia
portuguesa de uma parte
relevante das suas exportações,
coisa que ainda hoje estamos a
pagar.
3- Criou a miragem do bom
aluno da União Europeia, que
conduziu à destruição da agricultura,
das pescas e da marinha
mercante e abriu a porta à nossa
dependência e relativa irrelevância
no contexto internacional.
4- Foi Cavaco Silva que escancarou
as portas da administração
pública à contratação de muitos
milhares de funcionários e
que aumentou os salários por
razões eleitorais, início do descalabro
financeiro do Estado que
hoje vivemos.
5- Foi ainda ele que inaugurou
a contratação de dirigentes
da administração e de gestores
pela via partidária, desmantelando
o tradicional profissionalismo
existente na administração
pública.
6-Foi ainda o actual candidato
Cavaco Silva que criou, através
das privatizações, a economia
dual que está a arruinar o
País, com um sector protegido
pelo Estado de bens não transaccionáveis
e cuja renda é paga
pelas pequenas e médias empresas,
retirando competitividade à
parte mais dinâmica da economia
portuguesa que concorre
internacionalmente
7-Criação essa que conduziu
à promiscuidade hoje existente
entre o poder político e alguns
grupos económicos, causa das
actuais dores de cabeça de Cavaco
Silva no BPN.
8-Foi ainda Cavaco Silva que
como Primeiro Ministro disse na
televisão a célebre frase de que
as dívidas do Estado não são para
pagar, princípio teórico praticado
com gosto pelo desvario gastador
dos governos de José Sócrates.
Em resumo, se os portugueses
votarem com a memória do
que foram os dez anos de Cavaco
Silva como primeiro ministro,
haverá uma segunda volta
nestas eleições e teremos, por força
da unidade da esquerda, um
novo Presidente da República em
Belém.


HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com