domingo, 22 de julho de 2012

Um funeral demasiado pequeno para um homem suficientemente grande

A dimensão de José Hermano Saraiva justificava outra "despedida".
Não contam sequer as suas qualificações politicas ou como historiador.
Olhamos apenas para o homem na sua vertente de COMUNICADOR e temos em conta o numero de anos em que se fez sentir a sua presença na televisão e nos mais diversos fóruns.
O seu jeito, a sua fluência  e a sua arte, impunham-se nos ecrans.
Sentia e fazia-nos sentir o País através de factos e histórias que muitas vezes nos surpreendiam.
Isso, acabou por gerar sentimentos que certamente para a grande maioria representaram motivos de satisfação e orgulho por verem enaltecidos factos e situações que muitos desconheciam da história dos seus locais  de origem.
O sentimento de pertença a uma comunidade foi fortemente influenciado pelas várias intervenções que foi fazendo ao longo do País.
Foi triste vermos tão pouca gente a acompanhar a sua última intervenção entre nós.
 
Na história da televisão houve até hoje três "vultos" que se impuseram e atravessam os tempos.
Vitorino Nemésio, que no seu estilo lheca-lheca primeiro nos fez rir e depois obrigou-nos a escutar, João Vilaret, que muitas vezes excedeu os limites da declamação com especial destaque para a Toada de Portalegre de José Régio e José Hermano Saraiva, com o domínio total da palavra, da imagem e da expressão.
Este homem fez programas para o POVO.
Mais uma vez o povo falhou.
Pobre País que nem sabe reconhecer quem lhe aconchega a alma.

5 comentários:

Anónimo disse...

Sabe que era vontade do Professor ter um funeral sem pompas?

Força Emergente disse...

Caro anónimo
Admito que sim. Mas...quando queremos ou sentimos vontade para isso, poderemos sempre comparecer.

Anónimo disse...

Não estiveram seguramente no funeral as centenas de estudantes que em 1969 ele mandou prender e agredir, expulsou da Universidade ou, por intercepção sua, foram mandados para a guerra colonial.

Força Emergente disse...

Caro anónimo
Sabe que o tempo e as circunstâncias condicionam muito as pessoas. No meu caso e tendo por referência o tempo histórico, acabo por ter mais consideração por JHS do que tenho por Alvaro Cunhal ou Mario Soares. Um deu corda a Rosa Coutinho para que fossem trucidados barbaramente centenas ou milhares de Portugueses em Angola. O outro encolheu os ombros á desgraça de centenas de milhares.
Isto para falarmos apenas da época colonial. No entanto, são as referências do chamado sistema democrático português e os responsáveis em ultima análise pelo desenvolvimento da escumalha politica que proliferou e prolifera no País. Entre um e os outros seria na campa de JHS que poria uma flor.
Entre 66 e 71 foi o meu tempo universitário em Lisboa. Tenho bem presente o ambiente que na altura se vivia.

Força Emergente disse...

Caro anónimo
Já agora o artigo era sobre um comunicador e não sobre um político ultrapassado no tempo.
Os factos em apreço eram apenas a sua extraordinária capacidade de expressão.