segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Estado de Espírito

Ou a penosa existência de alguns Portugueses.

Viver em Portugal torna-se cada vez mais num exercício de contenção reactiva.
Com efeito o sistemático e repetitivo fluxo informativo, com as mesmas personagens, as mesmas frases, o mesmo intuito, o continuo falsear de factos e situações, o mesmo despudor, a mesma irresponsabilidade consciente, a mesma incapacidade em apresentarem novas ideias, o mesmo á vontade perante as indignidades que vão cometendo, o ar assumido de quem sente que está imune perante a justiça, a certeza que controlam a vida e a mente de um vasto conjunto de "pobres de espírito" que nem sequer se dão conta do desprezo que a mesma classe politica tem por eles, levou a que alguns dos dirigentes desta Associação se "vão tentando desligar" do fluir diário das noticias.
Quando estas nos chegam, pois há sempre alguém que nos vai informando, sentimos um profundo desprezo pelos Constancios, Monteiros, Noronhas, Socrates, Varas, Loureiros, Morais, e tantos outros que diariamente nos vão deixando os "nervos em franja". Esta gente vai certamente obrigar-nos a ter uma reacção, mais dia menos dia.
Esta sociedade não pode continuar a evoluir com esta gente á frente dos destinos do País. São demasiado perigosos para o futuro das próximas gerações. Nada têm para oferecer e apenas vão retirando o pouco que ainda existe. Vão deixar-nos com uma divida monstruosa e sem solução para os milhares de pessoas que aos poucos vão engrossando o numero de desempregados.
Somos um País á deriva.
Felizmente vão surgindo algumas vozes e comentários que nos fazem manter a esperança e garantem que há alternativas e soluções que nos terão de conduzir a uma nova sociedade que permita responder a questões básicas da subsistência humana, pois para lá das ideologias, aquilo que começa a estar em causa é mesmo a nossa sobrevivência.
Com toda a consideração e agradecendo o comentário assinado por Ruy, transcrevemos:
Em Portugal, a degradação e a corrupção a que chegou o sistema político desta III República, o seu bloqueamento e a manifesta incapacidade de se auto reformar, leva qualquer cidadão a admitir, a desejar, uma profunda mudança não necessariamente do regime constitucional em que vivemos mas do “sistema” político corrupto institucional erguido pela nossa classe politica ao longo dos últimos anos.
Os partidos transformaram-se em máquinas eleitorais, em partidos de notáveis, de uma nova aristocracia sufragada pelas televisões e sondagens. Neles preside uma lógica aparelhistica, oligárquica de perpetuação política da elite que dirige o partido e o representa no Parlamento. Os partidos esvaziaram-se ideologicamente e assim deixaram de representar os interesses dos cidadãos para passarem a representar somente os interesses das suas clientelas partidárias. A profissionalização dos políticos, a mediocridade no seu recrutamento, a corrupção e o tráfico de influências são a realidade dos dias de hoje. Temos um Estado de partidos, redutor e totalitário quanto à representação dos interesses plurais da sociedade. Temos uma Democracia usurpada por estas elites, com responsabilidades de tomar decisões em nome do Povo, e que o atraiçoam logo que alcançam o poder ao romperem com todas as promessas eleitorais sem que daí advenha a revogação dos seus mandatos.
O falhanço do neoliberalismo económico, do capitalismo selvagem, do mercado sem regras nem controlo, do mercado que se rege por si próprio, do menos Estado, do cidadão considerado não como um ser multifacetado, de múltiplas necessidades, éticas, culturais, sociais, mas tão só como simples consumidor. Princípios, onde conceitos como a solidariedade, fraternidade, abnegação, tolerância, benevolência, são considerados nefastos, caducos, perturbadores e prejudiciais ao funcionamento normal da sociedade, o mesmo é dizer ao funcionamento normal do mercado. Para os neoliberais, o Homem é apenas corpo, não é alma, é consumidor e isso basta.
Surpresos com a crise económica, com a crise do neoliberalismo que irrompeu no mundo, sem compreenderem os seus fundamentos, os líderes europeus, a elite oligárquica europeia e americana, ensaiam múltiplas iniciativas económicas na esperança de que alguma resulte, na esperança de que tudo retome ao “normal funcionamento” anterior. Naturalmente que todas estas iniciativas podem atrasar momentaneamente o “natural” percurso da economia mas, no fundo, o que se deseja, é manter a mesma lógica económica, o que se pretende é a perpetuação das politicas neoliberais. E, como resultado, a mais curto ou médio prazo, um contínuo decréscimo do crescimento económico e um agravamento das desigualdades sociais com nova e mais profunda crise.
Só uma nova doutrina, uma nova filosofia, poderá inverter o rumo deste desenvolvimento capitalista neoliberal. Uma nova ideologia – a Democracia Social – que encerre em si, que incorpore, o princípio da unidade dialética entre o ser individual e o ser social, tendo como expressão a democracia política, com a vontade política dos cidadãos expressa em eleições democráticas e que assegure uma empenhada, permanente e continuada participação do cidadão na vida pública. Em que o acto eleitoral seja o corolário de uma participação activa, diária, continuada do cidadão na gestão política da sociedade. Os eleitos são cidadãos temporariamente representantes, delegados das populações e a cada momento intérpretes das suas vontades.Uma nova forma de organização social que assegure o controlo social permanente sobre o Estado e as empresas.Uma nova forma de organização social, tendo como um dos seus objectivos a valorização da democracia participativa.

3 comentários:

JotaB disse...

Permitam-me, primeiro que tudo, realçar a eloquência e a clarividência do artigo do caro ruy (classepolitica.blogspot.pt), que eu venho acompanhando com imenso apreço.

Notoriamente não vivemos num estado de direito.
Vivemos claramente num sítio infestado de malfeitores.
Quem, neste momento, confia nos fulanos que ocupam os lugares de topo nas principais estruturas?!:
- O aníbal de Poço de Boliqueime e as suas inexplicadas acções da SLN e os seus amigos do BPN;
- O sousa de Vilar de Maçada e a Sovenco, as casas da Guarda, os lixos da Cova da Beira, a licenciatura, o Freeport, o apartamento na Rua Castilho, a TVI, a Face Oculta, os seus amigos e que amigos!;
- O monteiro de Porto de Ovelha e os processos que ficam esquecidos nas gavetas e os que prescrevem, as escutas que não dão em nada e as que são arquivadas ou consideradas irrelevantes, apenas porque sim...
Isto não é um país. Isto é, seguramente um sítio de malfeitores.

Porque hoje é 2ª feira, permitam-me que deixe aqui:

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=M%E1rio Crespo

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelID=00000093-0000-0000-0000-000000000093&contentID=3ED3010E-F808-4FEB-ABB7-AE0A95084F2B

Um abraço fraterno do João.

JotaB disse...

Acabo de ler a entrevista ao Dr António Barreto.
Não resisti a deixar aqui um link para essa entrevista, publicada no jornal "i" de hoje.
Convém olhar para a data em que foi publicada pela primeira vez (01 de Março de 2009).
O que mudou em Portugal, após esta brilhante análise do Dr António Barreto?!

JotaB disse...

Aqui fica o LINK que me esqueci de deixar no artigo anterior:

http://www.ionline.pt/conteudo/35227-portugal-esta--beira-da-irrelevancia-talvez-do-desaparecimento