segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Elasticidade do Sistema

Ou o estranho País que nem rebenta nem se desenvolve.

Muito sinceramente, temos de admitir que talvez possam haver milagres.
Pelo menos daqueles que permitem que um Povo que pouco produz, que importa quase 70% do que consome, em que as principais receitas já não cobrem os juros da dívida, onde as despesas de Estado e apoios sociais continuam a aumentar de forma imparável e o investimento é quase nulo, acabemos por assistir nesta quadra a um verdadeiro festim de consumismo que parece contrariar toda a lógica de sustentabilidade da Economia.
Será que a "mão invisível" agora nos entrega dinheiro ?
Ou será que um grupo de irresponsáveis políticos tudo fazem para irem mantendo a festa do bom povo, pois sabem que enquanto houver musica e as almas andarem alegres, o amanhã é um assunto que logo se verá ?
Tudo isto se passa naquilo que continuam a chamar de um Estado de Direito Democrático. Com isso assumem a legitimidade suficiente para entrarem na dança, mesmo sabendo que o fogo de artificio é de muito curta duração.
Claro que sabemos que não há milagres para estes casos.
Claro que sabemos que tudo continua a ser feito á custa do endividamento externo.
Claro que sabemos que tudo ainda funciona por causa dos tais 10% de assalariados do Regime.
Claro que sabemos que tudo ainda funciona porque os Fundos Estruturais que chegam da U.E. vão sendo desviados para investimento não produtivo.
Claro que sabemos que os fundos financeiros provenientes de lavagem de dinheiro acrescido com os muitos milhões da U.E. que andam desaparecidos ou mal distribuídos, permitem ir mantendo as aparências e evitam a queda brusca que já se poderia ter dado. Uma Economia estagnada não funciona sem dinheiro quer ele seja sujo ou lavado.
Quer isto se passe aqui ou nos E.U.A.
Veja-se o relatório da ONU - http://www.ionline.pt/conteudo/37348-banca-sobreviveu-gracas-ao-trafico-droga-acusa-onu .
Mas....acontece que fomos surpreendidos com um fim de semana na Baixa Lisboeta como já não víamos há muitos anos. Engarrafamentos, ruas e lojas cheias, animação e música, um fervilhar de expectativas para um novo ano que provavelmente já não será próspero.
Claro que sabemos que é isso que vai acontecer, pois por muito que a corda possa ir esticando um dia quebra com toda a naturalidade.
É evidente que também sabemos que o País não é a Baixa de Lisboa. Mas quem consegue perceber minimamente a situação em que se encontram as finanças publicas e as responsabilidades contraídas com o exterior, não pode deixar de exprimir um sentimento de tristeza pelo futuro que nos estão a preparar. No nosso caso já não é só de tristeza, é mesmo de revolta.
Será que continuamos a ser tão poucos, aqueles que nos sentimos incomodados?

3 comentários:

JotaB disse...

A revolta e a impotência são, certamente, os sentimentos mais comuns entre os PORTUGUESES INFORMADOS.
Portugal está à beira do abismo.
As instituições não funcionam, por manifesta incompetência ou, pior que isso, por deliberada actuação dos seus responsáveis.
Os órgãos de soberania ( Presidente da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais ), estão nas mãos de gente corrupta e/ou incompetente.
Qualquer PORTUGUÊS INFORMADO sabe isso.
Urge alterar, direi inverter, o rumo deste pobre, miserável país.

Sei que serei repetitivo, mas água mole...

Enquanto não pudermos escolher e destituir os nossos eleitos, com a criação de CÍRCULOS UNINOMINAIS e enquanto não for imposta a TRANSPARÊNCIA DE TODOS OS ACTOS PÚBLICOS, nada de importante mudará.

ACABEMOS COM OS LADRÕES, ANTES QUE ELES ACABEM CONNOSCO.

Paulo Lopes disse...

Aparentemente somos poucos, mas bons.
Que nunca nos deixemos prender nas teias da corrupção e da traição à pátria.
Viva o Fim da 3ª República.
Por Portugal!

JotaB disse...

Vale a pena ler este artigo da revista brasileira VEJA.

Lá (Brasil) como cá (Portugal) as raizes da corrupção são praticamente as mesmas.
Talvez a língua comum tenha facilitado o intercâmbio!

Chico Buarque de Holanda canta, no seu FADO TROPICAL que... "o Brasil ainda irá tornar-se um imenso Portugal"...
Pois eu penso que Portugal irá, mais rapidamente, tornar-se um pequeno Brasil!

http://veja.abril.com.br/091209/impunidade-p-082.shtml