A água continua a correr e as árvores que o ladeiam engrossaram junto ás margens. Os fundos são menos nítidos e os restos de sabão macaco ainda incrustado nas pedras fazem-nos lembrar o País de há 50 anos atrás. Reparamos que já não estão as lavadeiras que lhe davam o colorido e a imagem que ainda tínhamos na memória.
A algazarra da vizinhança também já não era a mesma.
De súbito o ruído de motores desperta-nos quando na nossa memória ainda estava a aflorar o bucolismo campestre que ali se podia apreciar.
Estamos contudo certos que o local era aquele, embora a água do rio se tenha transformado num esgoto a céu aberto e o cheiro nauseabundo bastante incomodativo.
Éramos então um País encostado à água e muito perto da fronteira. Os horizontes eram limitados e a vida passava-se lá fora. Aí, sempre que chegávamos alguém nos fazia sentir na pele a rejeição de sermos Portugueses.
Um acaso na história, levou a que bandeiras subissem alto e alguns cravos salpicassem as ruas. Um novo Sistema crescia e foi sendo alimentado por idealistas genuínos, sólidos e poucos, empurrados por muitos, oportunistas, que nada mais traziam que um saco de palavras e a ambição desmedida em ocupar o Poder.
Proclamava-se então o Direito á Liberdade e á Livre Expressão do Pensamento.
Tomaram conta do País.
Os ventos de mudança foram-lhes trazendo aquilo que precisavam mas que não seriam capazes de ter ou gerar.
Sem se darem conta e de repente, integravam uma nova classe. A classe política.
Sem estarem á espera, os outros da mesma classe mas de outros Países com menos água e menos fronteiras, fizeram com que os fundos fluíssem, eles engordassem e agora ao abotoarem o fato Armani acabem por fazer rebotar uma imagem porcina que não condiz com a nova condição adquirida.
Para lá de terem perdido a vergonha, perderam também a estética.
Mas ainda tinham gravada na agenda e na história essa grande conquista de há 35 anos. Sabia-lhes bem recordar esse facto de cada vez que se esforçaram por aperfeiçoar o Sistema que com tantos sacrifícios tinham implantado no País.
Que deveria ser moderno, equilibrado, socialmente evoluído, orgulhoso pelos resultados obtidos e essencialmente agradecido pela Liberdade de Expressão alcançada.
No entanto nem tudo é perfeito, as águas nem sempre correm para o mesmo lado, nem os pássaros chilreiam da mesma forma ou o vento sopra na mesma direcção.
De repente o mau cheiro veio-nos recordar que o Rio é hoje um esgoto a céu aberto.
A água que corre já não é a que lava e agora apenas se vislumbra um rosto junto á ponte que ainda o atravessa.
Nota-se que é um homem alucinado e prestes a afogar-se naquela estrumeira corrente que vai sendo empurrada pelas águas. Parece ser um escritor ou alguém ligado á comunicação. O homem gesticula descordenadamente e está prestes a lançar-se.
Parece estar completamente doido, não há duvida.
Alguem grita. É um dos últimos baluartes da imprensa livre, diz um automobilista que trava bruscamente e corre desesperado para lhe deitar a mão.
O caso torna-se conhecido e noticiado.
O governo confirma que é um débil mental a precisar que se lhe encontre uma solução. Nomeia dois dos seus ministros para tratarem do caso. Silva Pereira e Santos Silva. Dois "masters" em análises psíquicas e talvez os melhores dois produtos sintéticos a que este governo pode deitar mão. Pensam pela mesma cabeça, têm o mesmo olfacto e soletram as mesmas palavras. São mais fieis que um cão e de uma disponibilidade arrebatadora. O País não seria o mesmo sem eles.
Num instante declararam que o problema do homem é calhandrice e da mais apurada.
Tem que rapidamente ser internado.
Ainda cansados pela corrida que tiveram de fazer atrás do energúmeno que lhes conseguiu escapar, de imediato declararam! Não andamos 35 anos a lutar pela liberdade de imprensa para agora estar a ser ocupada por atrasados mentais.
O primeiro ministro atento e na defesa dos interesses do País e da liberdade de informação anuiu e deu de imediato as instruções necessárias.
O homem terá de ser em breve tratado.
Irá também ser sujeito ao pagamento de uma pesada multa por pretender agravar a poluição do rio onde antigamente se lavava.
Consciente do cargo que desempenha o primeiro ministro em defesa da cultura e das tradições deste bom povo já mandou instalar um novo lavadouro junto à margem, para onde pensa enviar o jornalista tresloucado. O País continuará assim a ter um povo que poderá continuar a lavar no rio e as peças de "merda" que alguns escreverem irão de imediato para a vala de esgoto. É apenas um problema de separação de águas.
Cada povo tem os governantes que merece.
Feliz o Povo que tais governantes tem.
Os Maquinistas, esses Bêbados!
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Alexandre (@dariosilva948)
Há 1 dia
16 comentários:
Parabéns à Força Emergente por este artigo.
Pena é que não seja lido por todos os portugueses que ainda conseguem pensar pela sua cabeça.
Excelente!!!
A 20 de Outubro de 2009, os "Repórteres Sem Fronteiras", publicaram uma classificação mundial da liberdade de imprensa (a oitava).
Portugal desceu da 10ª posição, em 2007, para a 32ª, em 2009.
Nada que preocupe os portugueses, nada que preocupe a manada de jornalistas mercenários que nunca terão estatuto para virem a ser "um problema que tem que ser resolvido".
"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há aqueles que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis".
(Bertold Brecht)
Enquanto não nos livrarmos destes partidos e destes políticos nada irá mudar, a não ser para pior.
os partidos já não lutam por ideologias.
Os políticos já não defendem valores.
O único móbil que os impele é a sua carreira, os seus interesses pessoais, por mais ignóbeis que eles sejam. Estão dispostos a pisar tudo e todos para atingirem os fins que definiram como meta.
O país e os seus cidadãos nada interessam a estes sujeitos. Apena precisam de nós para os elegermos.
A democracia, em Portugal, não passa de uma farsa. Apenas nos é concedido o direito/dever de escolher os ladrões para a temporada seguinte.
Há dias deparei com uma "gravura ilustrada" que retratava bem aquilo que muitos portugueses sentem.
Via-se um edifício prisional com um guarda à porta, no exterior. À sua frente, via-se uma enorme multidão a olhar para a prisão.
O guarda prisional questionava as pessoas porque, não tendo cometido qualquer crime, queriam ir para o interior da cadeia, a que as pessoas responderam que dentro da prisão estariam mais seguras.
Esta "história" reflete bem o momento que se vive.
Eu continuo a ler e a ouvir, diariamente, as notícias e a percorrer os blogs, na esperança de perceber alguma vaga de fundo, algum movimento de revolta, alguma tomada de decisão.
Até quando?!
Até o 1º Ministro cumprir a ameaça que deixou ontem no Concelho de Estado (prontamente desmentida, claro está!!) e largar o poder, provocando eleições antecipadas.
Seria então preciso apelar ao POVO que normalmente não vota, para se juntar numa luta pelos direitos do POVO, assegurar um governo que lute e defenda os interesses do POVO, um governo que assuma finalmente a capacidade que lhe é inerente de criar a sua própria moeda e que utilize essa "ferramenta" para aumentar a qualidade de vida do POVO, ao invés de criar riqueza para encher o seu próprio bolso e o bolso daqueles com quem sabe que pode contar quando finalmente sair do poleiro!
Este país precisa de PRODUZIR... e a UE atou-nos os pés e mãos, impondo-nos cotas apertadas na produção de bens essenciais...
Como diria um velhote cuja opinião eu muito respeito, "os políticos não sabem FAZER NADA... só sabem criar leis e mais leis, que afundam um processo simples atrás de tanta burocracia que já ninguém o consegue resolver!"
É altura de deixar alguém FAZER alguma coisa...
Muito boa análise. Brilhante texto...!
estou apaixonadamente a acompanhar os desenvolvimentos da Lei das Finanças Regionais...
Para mim é como um jogo de futebol, a ver kem consegue ROUBAR mais! E no fim do jogo, o governo demite-se!! :D
Nós descobrimos essas paragens.
Nós colonizamos essas terras.
Nós deixamos a nossa marca.
Nós somos o povo irmão, para o bem e para o mal, sobretudo para o mal, sobretudo no mal.
http://www.youtube.com/watch?v=SYVfeOEN_us&feature=player_embedded
As escutas são ilegais?!
E as leis que as tornam ilegais, são legais?!
A verdade é ilegal?!
O atentado contra o Estado de Direito é legal?!
A corrupção é legal?!
O que é preciso acontecer para que o presidente silva demita este primeiro-ministro e este procurador-geral da república?!
Que rabos de palha tem o silva de boliqueime?
Que medos o impedem de agir?
FAÇA UM FAVOR AOS PORTUGUESES. DEMITA ESSES SUJEITOS E DEMITA-SE EM SEGUIDA.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=97B4463F-22AC-42F5-A5C1-43611EE99583&channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&h=11
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181&contentid=CB59AAAD-7B0A-4412-AC58-AE69362FDD07
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentid=24716BA7-F49E-4893-B6F3-5934E3D60E50
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentid=197A93D6-E06F-498A-A61A-FB07D08DCF38
Mais links:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=161842&dossier=Caso Face Oculta
E O PROCURADOR SABIA DE TUDO...
E O PRESIDENTE DO SUPREMO SABIA DE TUDO...
E O PRESIDENTE DA REPÚBLICA JÁ SABE TUDO...
E OS PORTUGUESES, QUEREM SABER DE ALGUMA COISA?
Este senhor não tem vergonha na cara!
Este senhor não se demite.
Este senhor quer punir aqueles que nos deram a conhecer as ilegalidades, nomeadamente a sua, ao não avançar com um inquérito, considerando irrelevantes os indícios existentes.
Irrelevante é este sujeito de Vale de Ovelha.
http://www.ionline.pt/conteudo/45494-face-oculta-pgr-ordena-abertura-inquerito--divulgacao-escutas
Artigo de opinião, de ARF, hoje publicado no Correio da Manhã:
08 Fevereiro 2010 - 00h30
Estado do Sítio
A organização
As conversas entre o chefe e um dos mais activos operacionais da organização serão com certeza a cereja em cima do bolo.
Os indígenas não se podem queixar. A uma semana do Carnaval os cabeçudos saíram à rua e deram interessantes espectáculos à populaça. É certo que a vidinha está cada vez mais miserável, o desemprego aumenta, os salários estão mais do que congelados, o futuro é muito negro, vêm aí mais impostos e a crise promete continuar por muitos e bons anos. Tudo isto é verdade.
Mas enquanto o pau vai e vem assistiu-se a uma interessante fantochada na Assembleia da República, com deputados e ministros aos gritos por causa de uns milhões para a Madeira. Tudo isto com ameaças de demissão, chantagens, Conselhos de Estado e muita palhaçada pelo meio. E, quando se esperava um merecido fim-de-semana passado nos centros comerciais, eis que vêm a público umas conversas muito interessantes sobre negócios na Comunicação Social. Os indígenas não se podem verdadeiramente queixar de falta de emoção e de animação.
E podem até ficar orgulhosos pelo facto de viverem neste sítio pobre, deprimido, manhoso, corrupto e, obviamente, cada vez mais mal frequentado pelo simples facto de terem ficado a saber que por cá também existe uma organização poderosa que manipula mercados, controla empresas cotadas na Bolsa, faz negócios de milhões com o dinheiro dos outros e compra pessoas a torto e a direito. Uma organização de elevado nível que conta entre os seus membros importantes com figuras da sociedade, como políticos, gestores, advogados e, pasme-se, magistrados que ocupam altos-cargos na estrutura judicial. Alguma almas mais sensíveis ficaram chocadas com as revelações, sugeriram inquéritos e investigações suplementares e prometeram não ficar caladas perante tal afronta ao chamado Estado de Direito.
Mas são apenas palavras que o vento de Inverno se encarregará de levar para bem longe. A organização, essa, mantém-se determinada a continuar a sua obra patriótica, custe o que custar, numa espécie de tudo ou nada para continuar a controlar o poder e o dinheiro que os indígenas pagam a mal ou a bem para o Orçamento deste Estado que alguns teimam em chamar de Direito. E os indígenas, naturalmente excitados com tanta animação, já esperam ansiosamente pelos novos episódios deste extraordinário filme produzido e realizado em solo luso. Com uma certeza nas suas mentes perversas. As conversas entre o chefe e um dos mais activos operacionais da organização serão com certeza a cereja em cima do bolo.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista
Artigo de Henrique Neto, publicado no Jornal de Leiria:
Orçamento do Estado para 2010
A melhor síntese sobre
o Orçamento do
Estado encontrei-a
no editorial do Jornal
de Negócios e
dizia assim: “É um Orçamento
de um Governo que faz como
as lebres na estrada, encadeadas
pelas luzes que a vão atropelar:
está em pânico - e congela.”
De facto, depois de andar
a negar a evidência durante anos,
subitamente, o Governo passou
a mostrar desorientação com a
grave situação financeira do Pais
e o Orçamento para 2010 revela
isso. Não sabendo o que fazer,
o Governo tenta agora fazer
tudo e vira-se em todas as direcções.
Por exemplo: compreensivelmente,
a principal preocupação
do Governo é acalmar os
credores internacionais e as
agências de rating, mas acaba
por esconder, fora do O.E., uma
parte importante das dívidas do
Estado, o que compromete a
confiança; pretende dinamizar
a economia, mas concretiza uma
redução efectiva do investimento;
é anunciada a redução
do défice em 1%, mas apenas
metade é proposta através da
despesa, o que abre a porta à
indisciplina dos gastos; mostra
vontade de combater o desemprego,
mas procede à redução
de dezenas de milhares de funcionários.
Ou seja, o Governo,
no momento em que finalmente
aceitou a existência de uma grave
crise económica e financeira,
ainda que iludindo as suas
causas nacionais, em vez de
apostar, desde já, num programa
alargado e duro de equilíbrio
das contas do Estado, tenta
fazer isso pela metade e, em
muitos casos, de forma incoerente.
Acresce, que sem uma estratégia
de desenvolvimento consensualizada
com os empresários,
dificilmente a economia
crescerá 0,8% em 2010 e a probabilidade
é de que a evolução
não será melhor em 2011. Algumas
razões: o Governo baralha
as causas da crise, fechando os
olhos à sua componente nacional,
que é, verdadeiramente, a
única onde poderemos actuar;
deveria haver uma estratégia
nacional para o crescimento da
economia, definida com os
empresários, mas o Governo
não mostra pensar nisso e a
prova é pretender fazer tudo ao
mesmo tempo; são necessárias
prioridades claras direccionadas
para aumentar as exportações
e para a redução do consumo
e das importações, que o
O.E. não mostra; justifica-se
uma avaliação rigorosa de todos
os gastos do Estado, mas o
Governo limitou-se à demagogia
da possível redução dos
ordenados nominais dos políticos.
Em resumo, o Orçamento
do Estado corta apenas nas
pessoas, em vez de nas despesas
que elas fazem.
Para não me limitar a criticar,
faço algumas propostas,
porventura desagradáveis, mas
justificadas pela seriedade do
descalabro das finanças públicas:
(continua)
1-Redução da despesa: congelar
todas as grandes obras
públicas por dois anos e eliminar
o projecto para Alcântara
e a ponte rodoviária em Lisboa;
eliminar, por igual período, todas
as verbas gastas com estudos,
consultadorias, aquisição de
automóveis pelo Estado, autarquias
e empresas públicas; redução
de todas as viagens e despesas
de representação; renegociação
de todas as rendas dos
edifícios ocupados pelo Estado,
autarquias e empresas públicas
e, numa segunda fase, recuperação
e ocupação dos milhares
de edifícios que estão na posse
do Estado; impedir mais parcerias
publico/privadas.
2- Aumento das receitas:
colocação de portagens em todas
as auto-estradas que as não têm,
incluindo ao redor dos grandes
centro urbanos; aumentar o
IVA de alguns bens importados
e não essenciais; aumentar os
impostos sobre os edifícios não
utilizados; aumentar o custo da
água para o consumo privado
acima de certos valores; taxar
as mais valias feitas na Bolsa.
Não tenho espaço para mais,
mas acreditem os leitores que
se pode fazer muito mais para
equilibrar as contas públicas.
Todas estas e outras medidas
não seriam necessárias se
o Governo tivesse acordado mais
cedo para a verdade e para a
realidade. Não o fez e agora
serão os portugueses a pagar a
incompetência, a demagogia e
a ignorância dos governos. Por
isso, de facto, a melhor forma
de combater a crise seria encontrar
governantes com mais competência
e mais sentido de Estado,
mas a democracia é o que
é, e, como sabemos, também
tem os seus custos. _
Crónicas sobre o futuro
HENRIQUE NETO,
empresário
netohenrique8@gmail.com
JotaB disse...
Conheci muito bem o pai deste senhor, com quem tive a honra de conviver no âmbito da minha actividade profissional. Do Dr Aguiar Branco (PAI) retenho as melhores recordações. Pessoa de fino trato, advogado conceituado e cidadão respeitado.
Pelo que acabo de inumerar, entristece-me imenso constatar um comportamento desviante deste senhor.
Deveria ter vergonha na cara.
http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/aguiarbranco-demarcase-das-denuncias-de-rangel-no-parlamento-europeu_1421841
Sei que irão concordar!
http://todospelaliberdade.blogs.sapo.pt/
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N1213
Às 13:30... exelente hora :(
Temos de organizar algo em grande! como no dia 12 de SETEMBRO em washington! Isso é ke foi!
13:30 numa 5ª feira... é só mesmo pra quem trabalha em Lisboa... o pessoal do resto do país não tem direito de se manifestar contra isto?!
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