segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pelos olhos dos outros

O nosso amigo Zé Muacho enviou-nos esta oportuna análise do exterior.  Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo, a ler com olhos de ler.
"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.
Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.

Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário.
Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade. À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.

Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda.
Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.

A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.

Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios.
Jacques Amaury

Entretanto não se esqueça que temos uma obrigação a cumprir.
Levar a julgamento aqueles que trairam o País. Comecemos por j.socrates.
Divulguem, por favor.
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N9288
Estamos nas 30.670 assinaturas. São precisas pelo menos 35.000.

4 comentários:

JotaB disse...

A corrupção é transversal a todos os sectores da nossa sociedade, mas é na classe política, nos partidos, que impera a verdadeira CORRUPÇÃO, aquela que mais danos traz a Portugal e aos Portugueses!

Nós, cidadãos anónimos, assistimos, impotentes, aos crimes perpetrados por poderosos gangues organizados (políticos, financeiros, maçons...).

Temos que encontrar o antídoto adequado.

Anónimo disse...

A população formatada para ter medo da esquerda?
Ou será o contrário? O papão da direita contado nas lêndias e narrativas deste regime caldeado por socialismos vários?
O PCP é de facto um partido não democrático.Defende a ditadura do proletariado.O BE idem,mas com estratagemas de dissimulação para concorrer ao mercado principal dos votos.
O PCP é o partido que colaborou com os soviéticos para criar movimentos revoltosos que arrastassem a África portuguesa para a órbita da ex-URSS.
Conspiraram com soviéticos e cubanos,ajudaram a introduzir armamento nas nossas ex províncias.Protagonizaram alta traição à pátria em favor do imperialismo soviético.
Defenderam no seu jornal oficioso,O Diário,o camarada Pol Pot quando eram denunciadas internacionalmente as suas matanças que acabaram em genocídio.
Teve sempre estreitas relações com os países onde vicejavam democracias como a norte coreana,cubana,etc,onde o poder passa de pais para filhos,de irmão para irmão.Onde não há eleições,onde não há liberdade de imprensa nem de opinião.As pessoas são detidas,torturadas,assassinadas por escolherem caminhos diferentes,divergentes da religião marxista.
Este é o ADN do PCP.Sempre foi isto.A sua história está por escrever.Ninguém tem coragem para a fazer.
Se é com gente desta que queremos contar para o futuro do país,estamos conversados!
No resto da análise não tenho grandes discordâncias,sendo que os culpados da miséria onde nos enterraram têm nome.Muitos estão vivos,detêm fortunas e a sua prole já vive do Erário Público também.Todos eles pretender reescrever a História.
Um deles lançou agora um livro cheio de falsidades e que ninguém neste país parece com vontade de desmascarar.

Diogo disse...

Jacques Amaury acerta, de raspão, ali e acolá mas falta-lhe a visão global da questão. O que está a acontecer em Portugal está a acontecer em Espanha, em França, na Alemanha, na Suécia e nos Estados Unidos.

Quem está aos comandos da actual «CRISE» é o monopólio bancário internacional que domina os governos e os Media. É em benefício dela que tudo está a acontecer. Amaury limita-se a falar de mexilhões.

Anónimo disse...

Acredite, assinaria, e de bom grado!, se incluíssem os anteriores... Ou acha mesmo que o descalabro a que chegámos foi só devido a esse senhor?
Ainda assim, divulgarei.