Seja de que forma for, tem que haver uma despedida.
Tínhamos perspectivado o final de Março como o tempo necessário para que a crise fizesse os seus efeitos e se desse inicio á contestação que irá depois levar à queda deste sistema político.
Quando fizemos essa previsão tivemos em conta a situação na altura vivida e a evolução que qualquer leigo conseguiria prever, ou seja, que o País iria continuar a afundar-se.
Só não nos passou pela cabeça que um primeiro ministro incapaz e que não merece a confiança de quase 90% do população, continue a ser mantido no cargo a troco daquilo a que chamam a estabilidade democrática.
Este conceito é defendido pelos arautos da "inteligência politica", com base na importância que tem para a governabilidade do País e o funcionamento das Instituições.
Isto significa que se defende a todo o transe, aquilo a que podemos chamar de saque selectivo e manutenção da irresponsabilidade governativa.
O apelo á estabilidade, tem de ser lido como uma afronta á inteligência Nacional.
O que significa é isto:
Não se mexam, não contestem, não duvidem, não discutam, não desconfiem, não nos incomodem.
Aceitem as nossas decisões mesmo que vos sejam prejudiciais, não se aborreçam se mentirmos, ou se agravarmos as dívidas que terão de pagar, ou fizermos acordos sem consultar ninguém, ou desenharmos as leis e o sistema judicial para nos protegermos, ou se fizermos do estado o nosso Banco privado, e dos bancos privados o nosso suporte no Estado, e do Estado o nosso Centro de Empregos.... e da nossa família.... e dos nossos amigos.....etc.
Esta é a Estabilidade a que apelam os políticos.
E então se resolvermos que esta gente é incapaz, que não resolve nada a não ser os interesses que lhes dizem mais directamente respeito e tomarmos a decisão de nos tornarmos reactivos a esta situação indigna e vergonhosa como temos vindo a ser tratados?
Isto é, se nos tornarmos INSTÁVEIS, o que é que poderá acontecer?
Talvez o seguinte;
1º Os "senhores" que agora estão perfeitamente bem, ou fogem ou assumem que não podem continuar como estão. Um povo é mais que uma classe.
2º O sistema político posto em causa é abalado e obriga a ponderarem-se novas soluções governativas mais de acordo com as noções de legitimidade e representatividade popular.
3º Com o governo a ser abertamente contestado, de imediato começarão a aparecer alguns dos melhores portugueses, muitos ainda no anonimato e outros já suficientemente conhecidos e que poderão ser úteis ao País se para isso tiverem oportunidade.
4º Com um governo a prazo põe-se fim ao agravamento da dívida externa. Só por isto vale a pena tornarmo-nos instáveis.
5º Param os investimentos em obras megalómanas que não têm cabimento a médio longo prazo. Por exemplo, um novo aeroporto seja onde for não se justifica neste País.
6º Exige-se a derrogação imediata do Sistema de Encobrimento de Políticos Corruptos, leia-se estrutura judicial e algumas leis.
7º Expõe-se de forma clara, qual a situação em que se encontram as finanças publicas e as responsabilidades do estado. Nessa altura o Povo Português irá tomar consciência da enormidade do embuste feito nas nossas costas. Temos que conhecer os Títulos de Responsabilização aceites pelo Estado Português.
Alguém sabe o que se passa sobre esta matéria? Alguém imagina as garantias dadas e a quem? Não será sobre nós que irão recair as responsabilidades assumidas?
Mesmo que fiquemos por aqui, e muitos outros factores haveria a considerar, alguém duvida das vantagens de pormos fim imediato a este Sistema Politico ?
Só de pensarmos nestas vantagens e sem avançarmos mais nada, parece sem sombra de dúvida que se justifica uma aceleração na nossa tomada de consciência.
Este sentimento de desconforto até parece que é quase generalizado.
Isto é, a grande maioria do povo português "tem consciência" que os tempos que estão a chegar nada de bom irão trazer. Mas, continua a não ter a lucidez de perceber que esta classe política, TODA, nunca irá largar o poder por mote próprio.
Tem de ser empurrada, ou ajudada a sair, ou mesmo convidada a isso. Sem uma afronta directa ou uma confrontação, não há saída.
O que está em causa, NÃO SÃO TODOS os membros dessa classe. Entre eles há gente digna e com príncipios. Sabemos que não são muitos, mas há. O que está em causa é ESTE SISTEMA POLÍTICO, que não serve o País e irá continuar a agravar a situação em que já mergulhámos.
A verdade é esta.
Não há recuperação económica, não há incentivos ao investimento, o tecido empresarial de base está destruído, o que resta vai a caminho, o povo está descrente e incapaz de reagir, a credibilidade da republica vai baixando no contexto internacional, a bolsa funciona aos soluços num desce mais do que sobe, não há soluções no horizonte, os conceitos de organização económica e política estão ultrapassados, e em cada dia que passa a nossa situação vai-se agravando.
Então para que serve esta Estabilidade ?
Só para garantir a esta classe política a continuidade no poder.
Para lutar contra isso, nós estamos disponíveis.
Contamos consigo? ou prefere que nos continuemos a afundar?
Os Maquinistas, esses Bêbados!
-
Ver esta publicação no Instagram Uma publicação partilhada por Dario
Alexandre (@dariosilva948)
Há 18 horas
10 comentários:
FRASES RETIRADAS DOS BLOGS (Algumas identificam o autor, outras não. A sua ordem é arbitrária)
"Recessão é quando o vizinho perde o seu emprego, depressão quando perdes o teu e recuperação quando Sócrates perder o dele".
"(...) já não basta apenas mudar. O estado do país reclama inovação e qualquer coisa diferente, não traduzível no espírito contido no verbo [mudar]", José Eduardo Moniz no DE.
comparações úteis … em milhares de milhões de euros, por José Aguiar
A - 4,2 mil milhões de euros - "empréstimo" da Caixa ao BPN
B - 7 mil milhões - Reconstruir o Haiti
“SÓ HÁ DUAS FORMAS DE GOVERNO: O QUE TEM POR OBJECTIVO O BEM DA COMUNIDADE E O QUE VISA SOMENTE A VANTAGEM PARA OS GOVERNANTES” Aristóteles
"Para os nossos amigos, tudo;
aos nossos inimigos, nada;
aos demais, aplique-se a Lei"
autor bem conhecido
«Credibilidade»
«Está em condições de garantir o cumprimento do défice orçamental de 5,9 por cento do PIB no final deste ano?
Estou. A informação da execução orçamental do mês de Junho mostra que a despesa está sob controlo, com um grau de execução de 47,7 por cento. Estamos abaixo do padrão de segurança de 50 por cento. E a receita, apesar da quebra, está a evoluir com o perfil previsto no início do ano. Não vejo neste momento sinais de risco que comprometam a meta.»Teixeira dos Santos, ao Público, 4 de Julho de 2009
“Eu acho que não há redução nenhuma, cheira-me que há aqui um empolamento porque as contas não batem certo. O valor de 9,3 por cento é forçado para que apareça uma redução para 8,3 por cento”, disse João Duque à Agência Lusa.
Eu sei que não percebo nada de finanças públicas mas o ministro não explica
No princípio o governo estimou 5% de défice.
No fim o orçamento teve 9,3%.
Tenho uma pergunta um bocado básica: onde gastaram os tais 4,3%?
«Já o fiz antes e sei como fazê-lo»
E vale a pena recordar a receita/ameaça: 1) aumento de impostos; 2) desorçamentação e 3) receitas extraordinárias.
Não tocou na despesa. O que leva a nova crise mais à frente. Como agora.
O orçamento de 2010 em poucas palavras
Receitas totais previstas: 67,3 mil milhões de euros
Despesas totais previstas, sem juros: 75.881 milhões de euros
Défice, não incluindo juros (saldo primário): 8.620 milhões de euros
Juros: 5.335 milhões de euros
Défice global: 13.955 mil milhões de euros
É o aumento da dívida pública neste ano da graça de 2010. A juntar aos 15.367 mil milhões de 2009.
ratings
Os investidores confiam menos na Grécia e em Portugal do que na Microsoft (AAA) ou na Exxon Mobile (AAA).
OE 2010 … mais um prego no caixão
O Teixeira dos Santos tanto mexeu o taxo que acabou por cozinhar um orçamento bem indigesto. Para os desempregados fica uma barrigada de fome, para os outros a necessidade de fazerem mais uns furos no cinto. Claro que há quem, com a desculpa da crise, continue a poder banquetear-se na miséria dos outros.
Será justo ou legítimo, porventura, querer a felicidade no presente à custa da infelicidade das gerações dos nossos netos, daqueles que nos hão-de suceder?!...
"É MUITO DIFÍCIL QUE NÃO SENDO HONRADOS OS PRINCIPAIS CIDADÃOS DE UM ESTADO, OS OUTROS QUEIRAM SER HOMENS DE BEM; QUE AQUELES ENGANEM E ESTES SE CONFORMEM COM SER ENGANADOS." Montesquieu
A força a emergir!
A raiva a crescer!
A cobardia a ganhar?
Olá Manuela
Não tenha duvidas que a cobardia leva grande vantagem.
Tanta que continuamos á espera de saber onde é que nos vamos juntar, ou quem é que se junta a nós.
O que se passa com este Governo, com este orçamento, com estes políticos, só é possivel num País de cobardes, amorfos, atrasados, incapazes, indecisos.....chega?
Vamos ao que interessa.
A Manuela vai emergir ou a Reitoria irá vencer?
Mas mesmo que vença, seria interessante irmos a Évora buscar aquela que poderá ser uma das vozes consistentes no novo País que se procura.
Não há aqui qualquer analogia com a outrora ida a Coimbra. Os tempos são outros, embora o "homem" até tivesse tido razão na forma como classificava a classe política. Agora até são piores.
Esperamos por si Manuela. E já agora pela outra também. Sempre se veria alguma oposição ao estado lastimavel em que nos encontramos.
Os desmandos do governo central, deste lugarejo de gente infeliz, conformada, mas manhosa, multiplicam-se por todos os pequenos "governos" autárquicos.
É um desmando inqualificável e um fartar-vilanagem sem qualquer controlo ou responsabilização, pois sabem-se impunes.
http://desporto.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1420301&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29
Vivo num concelho que, pela sua dimensão económica e a exemplo de muitos concelhos deste falido país, deveria ser apenas uma freguesia. Mas, após as últimas eleições autárquicas, passou de um vereador, em permanência, para dois. A câmara do meu concelho não presta um único seviço aos munícipes. A única gente que que percorre constantemente o concelho é o batalhão de fiscais, à procura de algum incauto, a quem possam aplicar uma multa.
O fornecimento de água, a rede de esgotos, a recolha do lixo, o tratamento dos espaços verdes, a exploração das piscinas, a gestão do parque e equipamentos desportivos, etc, etc, etc, além das comunicações e energia, estão nas mãos de privados ou de empresas municipais. Estas empresas municipais são geridas pelos autarcas, com os correspondentes vencimentos e escapam a todo e qualquer controlo.
É um fartar-vilanagem.
Portugal é demasiado pequeno para tanto ladrão.
Ou acabamos com os ladrões, ou eles acabam connosco.
FAÇAMOS O QUE TEMOS A FAZER...
SIM! vamos continuar calados e quietos!!!
Isso o portuga sabe bem fazer!
Uma das minhas leituras obrigatórias, todas as 2as feiras:
01 Fevereiro 2010 - 00h30
Estado do Sítio
Fitas vergonhosas
O Orçamento do Estado para este ano já é conhecido e vai ser aprovado solenemente na Assembleia da República com os votos favoráveis do partido do senhor presidente relativo do Conselho e a abstenção muito responsável do PSD e do CDS.
Dito isto, convém acrescentar que o documento é uma vergonha e que ninguém sai de cara lavada deste filme de terceira categoria realizado e produzido pelo senhor presidente relativo do Conselho, com a participação especial de Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas. E é uma vergonha por várias razões. Em primeiro lugar porque não é sério.
O défice previsto de 8,3 foi arranjado no pressuposto que o de 2009 chegou aos 9,3, um valor inventado à última hora pelo inenarrável ministro das Finanças apenas para poder dizer, no final de 2010, que o conseguiu reduzir de forma significativa. É evidente que esta tentativa canhestra de enganar os indígenas e os mercados é apenas isso: uma tentativa canhestra que não produziu qualquer efeito nas análises que as agências de rating andam a fazer sobre a dívida do sítio. É evidente que o inenarrável ministro das Finanças, devidamente acolitado por um conjunto de avençados sem vergonha, anda por estes dias a fazer guerra a essas agências, os novos diabos, os verdadeiros culpados da miserável situação a que chegou este sítio pobre, deprimido, hipócrita, manhoso, corrupto e, obviamente, cada vez mais mal frequentado. Mas o Orçamento do Estado é também uma vergonha porque afirma que o desemprego vai baixar para 9,8 com uma previsão de crescimento do PIB de 0,7.
É preciso muito descaramento, quando em final de 2009 o desemprego chegou aos 10,4, o valor mais alto desta triste democracia. É por estas e por outras que o Orçamento do Estado é um documento que nada tem a ver com a realidade e que, no seu conjunto, é uma enorme falsidade, digna de quem o elaborou e vai aprovar no Parlamento. Nada de novo para quem conhece o estilo de governação do senhor presidente relativo do Conselho.
Campeão do défice e do desemprego, com o apoio de uma oposição cheia de medo de rupturas e de políticas sérias, o único obstáculo que o grande e amado líder socialista tem de ultrapassar é o Presidente da República. Um osso duro de roer que quarta-feira vai discutir no Conselho de Estado a situação política e o actual quadro parlamentar. Bom seria que, de uma vez por todas, o discurso da falsa estabilidade política desse lugar à verdade.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista
(Publicado no CM)
As poucas, raras, vozes livres do jornalismo português, vão sendo silenciadas.
Tenho curiosidade, acompanhada de muita preocupação e angústia, em conhecer o conteúdo do artigo que o JORNALISTA MÁRIO CRESPO enviou para publicação no jn (jornaleco noticieiro):
http://jn.sapo.pt/info/NotaDireccao20100201.aspx
Ainda sobre O JORNALISTA MÁRIO CRESPO:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=161455
O artigo do JORNALISTA MÁRIO CRESPO, hoje publicado no "sol.sapo.pt" e que o jn se terá recusado a publicar e que levou ao fim da sua colaboração com o referido jornaleco.
O Fim da Linha
Mário Crespo
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento.
O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa.
Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.
Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o.
Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos.
Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados.
(continua)
(continuação)
Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre.
Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009.
O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu.
O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”.
O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”.
Foi-se o “problema” que era o Director do Público.
Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu.
Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.
Enviar um comentário