segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ascenção e queda do Sistema

Vivemos os tempos finais deste sistema político.
As súbitas facilidades e os recursos financeiros que há cerca de 20 anos nos foram sendo atribuídos, originaram o advento de uma geração de oportunistas a quem se aplica bem o epíteto de "esperteza saloia".
Com efeito se analisarmos as origens de muitos daqueles que foram passando pelos sucessivos governos, identificamos com facilidade de onde vieram e aquilo que tinham.
O que conseguiram, foi obtido pelo simples facto de sermos um País de "saloios", "governados" por gente que se aproveitou dessa nossa proverbial caracteristica. Aquilo que hoje somos no contexto das Nações de que estamos mais próximos, acaba por ser isso mesmo. Um povo de atrasados e "coitadinhos".
Sabendo isso e como não são "parvos de todo", o que pretendem continuar a fazer é irem moldando uma nova orgânica que lhes permita justificar a continuação no poder.
Se repararmos, de súbito e quase em simultâneo, começamos a ouvir falar na necessidade de um pacto de regímen.
O chamado toque a reunir, assenta contudo numa palavra deveras curiosa face à situação a que chegámos.
Invocam a necessidade de GOVERNABILIDADE.
Desde a Presidência da Republica, dirigentes políticos, antigos presidentes etc, todos estão já a apresentar as justificações para que isso aconteça.
É a tentativa final para não serem desalojados do poder.
Todos já perceberam que a rápida degradação a que estamos a chegar irá certamente originar fortes movimentos de contestação.
Todos já perceberam que não têm políticas nem capacidade para recuperar o País.
Todos começam a ganhar consciência que só juntos conseguirão aguentar por mais algum tempo.
É a tentativa de sobrevivência.
É o Pacto de Regímen.
É o ridículo da questão!
Como é que é possível falar-se em governabilidade, da sustentação da mesma e da classe política que a exerce, quando tudo aquilo que vemos e sentimos é o resultado catastrófico da acção governativa destes mesmos personagens.
Todos são cúmplices.
O próprio Presidente da República, como economista que é, não poderia ficar indiferente ás opções estratégicas da acção governativa, ao deficit galopante das contas publicas, aos orçamentos desastrados que este governo apresenta, ao aumento do desemprego, ao desmembrar do tecido empresarial de base etc, etc.
Então é esta gente que irá garantir a governabilidade que nós precisamos?
NÃO.
Como tal, tudo teremos de fazer para impedir que isto aconteça.
Infelizmente parece-nos que esta gente conhece bem o povo que tem e até onde pode chegar.
Será que vamos ter uma surpresa?

ADENDA - Neste povo amorfo e indeciso não estão homens da fibra do advogado José Maria Martins. Podem por-lhe todos os rótulos que quizerem. Quem o conhece, sabe bem até que ponto vai a sua generosidade, assim como a sua postura sobre a acção política e o funcionamento da justiça. Com homens deste calibre o País seria certamente outro. Agora que regressou á blogoesfera depois de ter derrotado o tabaco, vai certamente ajudar a fazer o mesmo a esta classe política.
Sabemos que este homem não falha nesta luta.

ADENDA 2 - José Manuel Fernandes, José Eduardo Moniz, Manuela Moura Guedes, jornal de sexta, já estão resolvidos. Mário Crespo já está em vias de solução. A cada dia que passa este País vai ficando entregue a um bando de autênticos psicopatas. Já pouco daquilo que lemos ou ouvimos reflecte a realidade deste País de cobardes que nem a própria dignidade conseguem defender. Da última vez fomos 15 á TVI. Agora onde é que nos encontramos?

11 comentários:

JotaB disse...

Reproduzo, novamente, o artigo do JORNALISTA MÁRIO CRESPO, publicado en sol.sapo.pt e que deveria ter sido hoje publicado no jornaleco jn:

O Fim da Linha
Mário Crespo
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento.
O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa.
Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.
Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o.
Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos.
Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados.
(continua)

JotaB disse...

(continuação)

Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre.
Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009.
O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu.
O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”.
O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”.
Foi-se o “problema” que era o Director do Público.
Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu.
Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.

Mrzepovinho disse...

Fantástico... eu que vinha agora mesmo comentar esta situação!!

JotaB... você ultrapassou-me na recta final!! :D

Meus caros bloggers... isto merece contestação URGENTE!

Um novo ultraje à (pouca) liberdade de expressão deste país catatónico...

BASTA!

JotaB disse...

Os partidos do sistema, a dizer que fazem, mas nada fazem. Todos os partidos políticos, sem excepção, são coniventes com tudo o que vai acontecendo neste país de gente infeliz, mas manhosa.
Todos os políticos, de qualquer quadrante político, procuram apenas defender o seu lugar à manjedoura do orçamento. Têm o meu total despreso:

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=161491

JotaB disse...

Saúdo o regresso do Dr José Maria Martins à luta.
Fui fumador durante mais de 40 anos, mas também deixei de fumar, já lá vão 3 anos. Recomendo que "não se deixe cair em tentação".
Um abraço fraterno.

JotaB disse...

Será o/a próximo/a jornalista a abater? Vamos continuar a permitir que a ditadura, a corrupção o filha-da-putismo se instale definitivamente em Portugal?!:

http://www.ionline.pt/conteudo/44677-o-joio-e-o-trigo

Força Emergente disse...

Caros amigos
Infelizmente a nossa mensagem chega a muito pouca gente. Aquilo que propôe Mrzepovinho é o que se poderá fazer. Contactar o maior numero possível de bloguers e gerar um movimento com alguma amplitude.
Como o JotaB sabe, pois esteve connosco na TVI, estavamos lá cerca de 15 pessoas.
Como aqueles que estão connosco há mais tempo sabem, muitas das iniciativas que pretendemos tomar foram quase sempre boicotadas por aqueles que julgavamos estarem bem perto daquilo que defendemos. Por qualquer razão que não entendemos, já nos foram atribuídas as mais diversas intenções ( imagine-se que já houve gente que disse saber que éramos uma toupeira do PS ) ou que estavamos a roubar o espaço que eles queriam ocupar, ou que um dos responsáveis desta Associação era um antigo deputado do PS, ou que lhes iriamos retirar protagonismo etc. Com isto pretendemos dizer que não poderemos ser nós a tomar a iniciativa de contactar outros Bloguers. Infelizmente somos vitimas de algum protagonismo mediático que ao longo do tempo fomos obtendo.
O que agora pretendemos é poder vir a apoiar quem se levante contra mais esta vergonha Nacional.
Talvez o Ricardo e o João possam desempenhar essa tarefa de sugerir uma manifestação ao maior numero possivel de bloguers, se tiverem possibilidade. Se assim for enviaremos os contactos via Email para poderem contactar um com o outro. O País conta convosco e com quem tiver disponibilidade para isso.
Obrigado pela vossa colaboração

JotaB disse...

Acabo de assistir a parte do programa "prós & prós da rtp, conduzido pela "impagável" D. fátima.
Há muito que não assistia a este programa, pela sua total subordinação ao poder socretino. Fiquei surpreendido por ver o Dr Medina Carreira e Henrique Neto a participarem neste programa. Surpreendeu-me que tenham sido convidados, como me surpreendeu ouvir o Dr Silva Lopes sugerir cortes nas pensões de alguns políticos e gestores aposentados ou ainda em funções. Será que está com problemas de consciência, ou será disse isto para ficar bem na fotografia, sabendo que ninguém se atreverá a mexer nas sus inúmeras e chorudas reformas, bem como de todos aqueles que têm sabido mamar das melhores tetas da "Grande Porca".
Medina Carreira e Henrique Neto foram iguais a si próprios. Sempre "viram" mais cedo e mais além, mas ninguém quer saber.

(Artigo de opinião de Henrique Neto)
Portugal encontra-se numa
encruzilhada, com enormes
zonas de sombra
relativamente ao seu futuro.
Sendo que de entre
todos os problemas que temos, porventura
o mais importante é a falta
de ideias sobre o que fazer. O que é
grave, porque no mundo do nosso
tempo, a competição entre empresas
e entre economias faz-se, em
grande parte, antecipando as inovações
que vão surgindo no mercado
das ideias. Ou seja, é muito difícil
melhorar a competitividade de uma
empresa, ou de um pais, quando se
é seguidor, porque actualmente ou
se está na primeira linha ou não se
conta para grande coisa. Por isso há
muito tempo que penso que Portugal
não se desenvolverá fazendo agora
aquilo que outros já fizeram há
dez ou 20 anos. A competitividade
moderna implica fazer hoje, em algumas
áreas ou nichos, aquilo que os
outros ainda não fizeram.
Para tornar esta questão mais facilmente
compreensível dou um exemplo.
Há dez anos, na moção que apresentámos
ao XII Congresso do PS,
propusemos, entre muitas outras coisas,
a criação em Portugal de um tipo
de Forças Armadas inovadoras, a que
chamámos de um novo modelo, isto
é, precursoras em relação a todos os
outros exércitos existentes no mundo.
Tratava-se de umas Forças Armadas
altamente disciplinadas, herdeiras
das regras existentes nos melhores
exércitos, mas cuja missão, treino
e equipamentos seriam diferentes
dos tradicionais. O seu objectivo
não seria a guerra mas a paz, na
medida em que os soldados em vez
de serem treinados para o combate
tradicional, seriam treinados para
missões de assistência às populações
de qualquer parte do mundo, no caso
de acidentes naturais, como sismos,
inundações, vulcões, fogos, etc. Ou
para acorrer a acidentes provocados
pelo homem, como o terrorismo, a
poluição, a queda de aeronaves, busca
e salvamento de marinheiros em
dificuldade e por aí fora.
Como se compreende, as formas
de treino seriam completamente diferentes
das actuais, mas mantendo a
mesma disciplina militar e níveis elevados
(continua)

JotaB disse...

de mobilidade, prontidão e de
competência profissional. Os equipamentos
seriam também diferentes
dos tradicionais, principalmente:
aviões de transporte em vez de F16,
navios de carga com helicópteros e
camiões em vez de submarinos, bem
como outros equipamentos inovadores
para lidar com situações diversas,
como o combate à poluição, ou
o terrorismo. Três pontos adicionais:
(1) este novo tipo de Forças Armadas
não custariam mais dinheiro ao
País do que as actuais; (2) a sua criação
partiria do princípio de que no
contexto da União Europeia e da
Nato, Portugal não corre o risco de
ser atacado e de no caso, pouco provável,
de o ser, teria o apoio dos nossos
aliados; (3) que ao enveredar por
este novo modelo de Forças Armadas,
Portugal atingiria no mundo um
estatuto especial de País pacífico, porventura
semelhante ao da Suíça, o
que reduziria a probabilidade de sermos
vítimas das ambições militares
de qualquer outro poder.
Voltei agora a este tema inspirado
pelos acontecimentos recentes do
Haiti. Onde parece evidente que o
mundo, incluindo os Estados Unidos,
não está preparado para missões
desta natureza, como não existe
o modelo de organização e os equipamentos
adequados. Além do Haiti,
estou a pensar em New Orleans,
ou nas torres gémeas de New York,
ou ainda no petroleiro Prestige, que
derramou todo o petróleo que carregava
na costa da Galiza, entre muitos
outros casos semelhantes.
Peço agora aos leitores que por
um momento pensem que as minhas
propostas de há dez anos tinham sido
aceites e de que nas primeiras horas
após o terramoto do Haiti, teriam
chegado a Port-au-Prince aquelas
tropas especializadas portuguesas,
altamente treinadas, com os equipamentos
adequados e a organização
necessária para aquele tipo de
situações. Quantas vidas salvas, quanta
experiência ganha, quanto prestígio
internacional obtido e quantos
efeitos colaterais positivos daí
resultantes. Mas não só, quanta motivação
para fazer o mesmo noutros
sectores de actividade, quanta pedagogia
positiva pelo facto de Portugal
estar colocado no mapa mundial
devido à sua capacidade de prever o
futuro e de antecipar os acontecimentos.
Claro que eu não desconheço que
os leitores estarão a pensar que somos
um pequeno País e que, como tal,
não nos devemos meter em altas
cavalarias. Os leitores que assim
pensam estão enganados, porque
se há, naturalmente, coisas que não
estão ao nosso alcance, este não é
o caso. Porque o custo não seria
maior do que o custo das actuais
Forças Armadas e porque o seu
efeito teria uma rentabilidade muito
superior. Além de que estaríamos
na primeira linha da inovação
das futuras Forças Armadas
Europeias. E se falo novamente desta
questão é para demonstrar o que
pode ser feito através da inovação
e, da mesma forma, mostrar o que
acontece quando passamos ao lado
das oportunidades e por conservadorismo,
por seguidismo, por falta
de ambição e por fraqueza, intelectual
e política, nos resignamos
a fazer o que os outros já fizeram,
por vezes há muitos anos. _
Crónicas sobre o futuro
HENRIQUE NETO,
empresário
netohenrique8@gmail.com

Mrzepovinho disse...

Essa crónica do Henrique Neto é fantástica... ainda não tinha passado os meus olhos por essa pérola! muito obrigado caro JotaB.

JotaB disse...

Mais informação sobre o "caso Mário Crespo":

http://aeiou.expresso.pt/socrates-queixou-se-de-crespo-a-director-da-sic=f561406