domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Degenerescência

As características e os traços fundamentais de um Povo ou de uma Nação, são muitas vezes referidas a partir daquilo a que se convencionou chamar a matriz genética que esteve na base da sua criação, a que acresce posteriormente o avolumar da história que vem até aos nossos dias.
Identificamos bem o que é um Inglês, um Indiano, um Chinês, um Marroquino ou um Angolano, até pelos traços fisionómicos ou cor da pele.
Sabendo-se a origem, conhecem-se hábitos e costumes.
Temos certamente algumas noções da sua história e posição que ocupam no Mundo.
Conhecemos mesmo os sistemas políticos que sustentam a sua orgânica governativa.
Somos capazes de traçar um perfil identificador das suas principais caracteristicas e assumirmos mesmo o nosso parecer sobre as qualidades ou defeitos que consideramos poderem caracterizá-los.
Em suma, poderemos emitir o nosso juízo de valor.
Assim sendo e chegados até aqui a pergunta que se pode pôr é esta.
Havendo uma noção e um conhecimento sobre o avolumar da nossa história que nos aponta como gente destemida que dominou mares e desbravou terras, importa saber donde provirá a nossa matriz genética.
A pergunta é tanto mais pertinente quanto menos se compreende como é que chegámos a este estado de total cobardia e imobilismo que actualmente nos caracteriza.
Qual a origem deste Povo?
Socorremo-nos de uma visão histórica simplificada e assente nas realidades geográficas. Temos que ter em conta que aqui era o final de longas jornadas a pé através da Europa ou da chegada do Norte de África.
Os Hunos, os Vândalos, os Suevos, os Fenícios, os Celtas, etc, etc, acabavam por ter aqui a sua última batalha. Quando chegavam, para lá da desilusão de não poderem continuar por terra, acabavam por não encontrar motivos para se instalarem.
Poucos vestígios, para lá da componente genética, ficaram destes Povos iniciais.
As referências de fixação, ou seja o património histórico e cultural, referem-se maioritariamente a factos posteriores e são da responsabilidade de Romanos e Muçulmanos que para aqui vieram depois.
Mas nós queremos mesmo voltar ao início.
É evidente que aqueles que primeiro aqui chegaram e aqui ficaram, eram certamente as sobras e os incapacitados para fazerem a viagem de volta. Em pequenos grupos foram-se instalando e foram as vitimas seguintes de novas hordas que até aqui foram chegando. E de novo foram ficando os incapazes de fazerem a viagem de regresso. Sabemos que a maior parte eram surdos e ficaram decepados, pois a cada grupo que chegava não ouviram os gritos daqueles que os avisavam para fugirem.
Parece-nos que não estaremos muito longe da verdade se imaginarmos a matriz inicial composta por cegos, surdos, decepados e débeis mentais, em companhia de alguns "estafermos" femininos que aqui também eram "descarregados" para não dificultarem o esforço do regresso.
Assim e numa altura em que nada mais éramos que um local sem história e sem nome, aqui se foi construindo o berço de uma Nação que 3 milénios depois foi Valente e Imortal e que agora caminha a passos largos para pouco mais ser que o aterro sanitário da Europa. Isto é, voltámos ao principio e reganhámos a nossa posição de párias Europeus.
Um Povo que permite e aceita ter como responsáveis pelo seu destino, homens sem carácter e dignidade, não merece ser reconhecido como tal.
Aqueles que contestam e apontam a iniquidade destes governantes e do Sistema político e judicial que engendraram, sem se revoltarem, comprovam a existência de um afloramento genético de "cobardia retardada", certamente caracteristico nos nossos antepassados mais distantes. Já nessa altura o lugar era manhoso e as gentes habituadas a sofrer e a fugir. Não havia honra nem glória.
Estes de hoje, são certamente os descendentes destes grupos iniciais que nunca deram pela desgraça que lhes ía batendo à porta.
Estamos assim perante a degenerescência de um Povo cujo único acto de bravura que actualmente se lhe reconhece, é quando no meio de uma multidão chama "filho da puta" ao árbitro.
E mesmo assim tem que estar seguro que não há nenhum adepto da equipa contrária por perto.

5 comentários:

JotaB disse...

Porque já não sei o que dizer, deixo aqui as palavras de outros.
São palavras que subscrevo e que foram publicadas no Jornal de Leiria desta semana.

Obviamente, demitam-se!
A República agoniza no meio de um lamaçal,
vergastada e ferida por políticos corruptos mas
parece que não se passa nada. A República dos
chicos-espertos floresce, engorda e segue alegremente
o seu caminho e parece que não se
passa nada. A Polícia Judiciária encontra vestígios de crime
grave na actuação do governo, o procurador do Ministério
Público descreve os actos que, em seu entender mereceriam
mais investigação, o juiz do tribunal concorda e
manda as certidões para o Procurador-Geral (PGR) que sem
pudor, nem clara justificação, desvalorizando os indícios
de infracções, vem declarar que, afinal, surpresa!, não se
passa nada! O Presidente do Supremo (PSTJ), aos bochechos
vem dizendo, na formalidade das Arcadas do Terreiro
do Paço ou no frenesim de todas as televisões, que aquilo
tudo é para destruir, mesmo que mais tarde confirme só
ter ouvido uma dúzia de escutas… Para ele, resumindo a
sabedoria milenária de uma pátria e república embusteira,
também não se passa nada.
Depois, os Portugueses lêem incrédulos excertos daquilo
do que foi dito e que as personagens acima mencionadas
tiveram de avaliar e não entendem como foi possível
não mandar abrir um inquérito para apurar se os factos
tinham substância, não acreditam ainda como foi possível
que altas figuras do Estado tenham dito “Não se passa nada”!
O Primeiro-Ministro, recolhido no rococó do formalismo
e anulando a carga ética que deveria emanar do cargo
que exerce, acolitado por gente que subiu na vida à custa
da política rasca e faz tudo para ajudar e agradar ao chefe,
diz-nos que conversas onde, com meios do Estado, de
empresas a ele ligado e com o apoio de bancos às ordens,
se conspira para controlar os media, repito, diz-nos que
essas conversas são meramente privadas. Seriam, mas afinal
não falavam do tempo, da humidade que corrói os ossos,
ou do vinho que beberam ontem ao jantar. Não, falavam
em como usar meios ilegítimos para condicionar, controlar
a vida pública e o conhecimento dos cidadãos sobre a
respública. Logo, de interesse público!
Não me bastam as declarações formais: como cidadão
exijo saber, como há anos ando a reclamar, se o meu Primeiro-
Ministro está inocente, alvo de uma cabala, ou se,
como não conseguiu demonstrar o contrário até agora, é
culpado de um controlo paranóico da vida pública, inconciliável
com uma sociedade aberta e um Estado que se diz
de Direito e Democrático. Em suma, e julgo que não é pedir
muito, quero saber quem aldraba, quem anda a delapidar
recursos económicos e financeiros públicos para fins privados,
partidários e obscuros. Quero, simplesmente, saber
o que passa.
(continua...)

JotaB disse...

Correm as notícias de que o Procurador terá mentido,
falta gravíssima, ao Parlamento, desdizendo-se pela enésima
vez e contrariando, ao que parece, o despacho que escreveu;
do Presidente do Supremo não se entende a alegação
em que fundamenta as suas teses; José Sócrates já é comparado,
pela negativa, a Midas, pois tudo onde toca não se
transforma em ouro, mas sim em escândalo. Outras figuras
secundárias, como a Procuradora Cândida Almeida, vêm
agora propor que se escutem os magistrados, preparando
o caminho para o condicionamento do trabalho independente
dos juízes. Caramba, chegará o tempo, como no tempo
da censura, em que os cidadãos de nada saberão, somente
se exultará o venerando silêncio do cidadão Cavaco Silva
e os esforços heróicos e abnegados do grande líder, José
Sócrates.
O regime, esta República que cheira mal, aproxima-se
da mussolinização italiana ou da mexicanização do PRI, o
Partido confundindo-se com o Estado, e dele tirando todos
os recursos necessários para viver, não importando os meios
que se usam, mas tão-somente os fins. Que viva o Partido,
a democracia que se lixe.
A pouco e pouco os boys demitem-se. Sem remorso, mas
com chorudas indemnizações. O PGR e o PSTJ não conseguem
explicar porque fica no ar o cheiro intenso a favor
ao poder político. Sócrates toca sempre a mesma cassete.
É verdade que o País está numa grave crise económica.
Mas as crises só se vencem quando, ao leme da nação, está
alguém em que se confia. Se este país ainda fosse eticamente
limpo, estes senhores todos já tinham saído pela porta
dos fundos, sem mais palavras, nem entrevistas, nem
fanfarras.
Por isso, aqui deixo o meu singelo pedido: Obviamente, demita-se.
Fernando José Rodrigues
Professor / Escritor

a_mafia_portuguesa@hotmail.com disse...

A maioria dos povos ancestrais que chegava à Península desanimava tanto que já nem tinha forças para regressar. Geneticamente somos o resultado da soma de um gene de tristeza acumulado e "melhorado" ao longo de centenas de gerações... Por isso os espanhóis dizem que somos trombudos e demasiado sérios.

JotaB disse...

A poucos Kms da minha casa há uma povoação, em que os seus habitantes afirmam preferirem ser chamados de ladrões do que chamados de pobres.
Se virmos o comportamento dos nossos governantes e restantes políticos, verificamos que esta mentalidade (antes ladrão do que pobre) se encontra perfeitamente generalizada na nossa sociedade.

Recordo aqui, mais uma vez, aquela imagem de uma prisão com um guarda à porta. Em frente, uma multidão de pessoas. O guarda questiona as pessoas, quanto ao desejo de irem para o interior da cadeia, quando não tinham cometido nenhum crime, a que as pessoas responderam que aí, no interior da prisão, estariam mais seguras.

Aqui fica mais um triste exemplo da promiscuidade entre a política e os negócios / negociatas:

http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=134749&lk=srch

PORQUE NÃO NOS REVOLTAMOS ?!!!

JotaB disse...

Crónica de António Ribeiro Ferreira, publicada no Correio da Manhã de hoje:

01 Março 2010 - 00h30
Estado do Sítio
Hino à mentira
No meio deste imenso pântano não há uma alma caridosa que diga aos indígenas que esta miséria veio mesmo para ficar.
O espectáculo continua muito animado, embora os actores sejam de uma maneira geral inqualificáveis. O senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, já nem se importa que o chamem, a torto e a direito, de mentiroso. Já é uma banalidade e não passa pela cabeça de ninguém, por exemplo, dizer que o senhor falta à verdade.
O senhor procurador-geral da República vai pelo mesmo caminho. Poucos acreditam no que diz ou escreve, a confusão aumenta todos os dias e o conselheiro que o Governo foi buscar ao Supremo Tribunal de Justiça já concorre com o senhor presidente relativo do Conselho, o chefe, neste inenarrável concurso de mentiras que ocupou o horário nobre das televisões, as primeiras páginas dos jornais e a abertura dos noticiários das telefonias. Neste cenário cada vez mais pantanoso, os partidos discutem animadamente o Orçamento do Estado para 2010, um documento em que pouca gente acredita, e esperam ansiosamente pelo Programa de Estabilidade e Crescimento que o Governo anda a preparar há imenso tempo no segredo dos gabinetes.
Toda a gente sabe que o famoso PEC irá ser entregue em Bruxelas com pompa e circunstância, apoiado fervorosamente não só pelo partido do chefe como pela oposição de direita, CDS e PSD, independentemente de quem ganhar a corrida para a liderança dos sociais-democratas. A Pátria, dizem todos em uníssono, assim o exige. Mas os indígenas já desconfiam da borrasca que os vai apanhar em cheio se não fugirem rapidamente deste sítio pobre, manhoso, hipócrita, corrupto e, obviamente, cada vez mais mal frequentado.
Os salários vão baixar, as reformas ficarão ainda mais miseráveis, o desemprego não vai parar de crescer, a economia continuará a rastejar e o endividamento das empresas, das famílias e do Estado atingirá níveis que nem os mais pessimistas conseguiram adivinhar. No meio desta imensa desgraça, com muitos consensos e discursos patrióticos cheios de mentiras, não há uma alma caridosa que explique aos indígenas que esta miséria, que nem chega a ser franciscana, veio mesmo para ficar. No meio deste imenso pântano económico, social e político não há uma alma caridosa que explique aos indígenas algumas coisas simples sobre as suas vidas nos anos que aí vêm. Vão ficar mais pobres e nem de TGV conseguirão atingir os níveis de vida europeus. Antes eram pobretes mas alegretes. No futuro serão ainda mais pobretes e só os parvos continuarão alegretes.


António Ribeiro Ferreira, Jornalista