domingo, 24 de janeiro de 2010

A morte lenta

Parece inquestionável que o sistema politico em vigor não serve os interesses do País e é actualmente a grande FORÇA DE BLOQUEIO para podermos sair da situação de crise em que nos encontramos.
Analisando quase 20 anos de gestão estatal, somos forçados a concluir que a única certeza que temos é a de que se fomentou a criação de um País Amorfo, Infectado, Bafiento e Obscurantista.
O "grande salto" que foi dado nalgumas infraestruturas assim como em muito do enriquecimento ilícito que se verificou, foi feito com fundos Europeus e outros que nem tanto.
Estes políticos limitaram-se a esbanjar a súbita riqueza que lhes foi vindo parar às mãos. Sem criatividade e sem respeito nem resposta para os verdadeiros problemas que urgia resolver.
Não houve uma gota de suor ou de inspiração para se fazer aquilo que o País precisava.
Tudo isto porque lhes foi dado de "mão beijada" um fundo de tesouraria em alimentação constante. E aí esta classe de gente mal formada, oportunista e que mal sabia pronunciar a palavra Gestão, demonstrou que não tinha ideias do que era necessário fazer para colocar o País na senda do desenvolvimento com vista á nossa integração junto dos restantes membros da UE.
Nada no Estado é transparente. Bem,..... não é totalmente verdade.
Quem se dá ao cuidado de ler o Diário da República pode muitas vezes ser surpreendido com a facilidade com que se nomeiam assessores, se criam empresas publicas, se nomeiam directores, secretárias, se atribuem subsídios, se estabelecem reformas, ajudas de custo, se fazem e autorizam despesas, etc etc, por valores e condições que envergonham qualquer pessoa minimamente séria e consciente do País que somos.
Os custos com o funcionamento da Assembleia da Republica mais que duplicaram no breve espaço de poucos anos.
Os montantes das indemnizações que são pagos pelas mudanças de cargos nas empresas publicas, são verdadeiramente aviltantes e só possíveis por sermos o tal povo acima descrito. Numa sociedade esclarecida isto não era possível.
Por enquanto a nossa capacidade de reacção continua a ser quase nula.
O Povo que temos, amalgamado por emoções fáceis e distracções oportunas, parece alheado de tudo.
Uns rendimentos mínimos, uns subsídios de desemprego e umas reformas miseráveis, são suficientes para minimizar a fome e ainda acham que têm que dar "graças a Deus".
O País é pobre e já muito fazem eles, diz muitas vezes este "bom povo" que não percebe o que se passa, nem quer perceber, pois diz muito "seguro de si" que é melhor ter pouco que não ter nada.
Temos assim um País situado ao nível primário das coisas e das pessoas.
Nos antípodas deste "primarismo" temos os esclarecidos e alguns revoltados.
Nos esclarecidos, os chamados intelectuais e seus derivados, costumam escrever bem, analisar bem, criticar sustentadamente a situação política e até mesmo outros críticos que também a contestam.
Porque normalmente estão numa situação confortável do ponto de vista financeiro, "disparam" por vezes forte, mas o que sai é quase sempre pólvora seca. Não produz qualquer efeito.
No grupo dos revoltados, temos uma imensa variedade que acha que se tem de fazer alguma coisa, mas......é melhor esperar para ver quem avança primeiro não vá "o diabo tecê-las". Quando alguém toma uma iniciativa mais ousada, tem garantidos todos aqueles rótulos que normalmente apenas justificam a cobardia própria em se avançar com acções concretas de contestação.
Ainda nos lembramos daquele "parvo" da Força Emergente que em Março passado foi a S.Bento entregar uma carta a exigir a demissão do 1º ministro.
Ou daqueles 4 "palermas", também da mesma Força Emergente, que em Maio foram a Belém solicitar ao P.R. que demitisse o 1º Ministro.
Ou daqueles 5 elementos, por acaso também da Força Emergente, que entre Julho e Setembro tudo fizeram para tentar criar uma Plataforma de Intervenção Cívica e agendaram mesmo uma manifestação para 12 de Setembro, que acabou por ser inviabilizada por quem tinha aceite participar na organização da mesma.
O sentimento de revolta de muita gente, continua assim bloqueado pelo medo, pelo receio do desconhecido ou do pouco sustentado, pela ausência de "vultos" com especial peso na sociedade - Medina Carreira é dos poucos em actividade -, e acima de tudo por se ter perdido o fogo e a chama que movimentaram as juventudes de outros tempos.
Nessa altura também não haviam os vultos ou as referências. Lutava-se por convicções e ideais. E mudou-se o curso da história.
Afinal o Maio de 68 ainda está presente na nossa memória e na nossa vida.
Parece que nem percebemos que esta classe política cairá com muito menos esforço e ruído que aquele que na altura se fez.
Tenhamos consciência que eles estão já a lutar pela sobrevivência.
Porque é que não os ajudamos a ter uma morte assistida?
Não é a isso que chamam eutanásia?

ADENDA, 28.01.10 - Ricardo Salgado em entrevista no Jornal da Noite, veio confirmar que não gosta de ver o País a ter esta MORTE LENTA. Será que se inspirou no nosso post?
Sabemos que alguns socratinos são nossos fieis seguidores. Mas um banqueiro!!

7 comentários:

JotaB disse...

Toda e qualquer mudança, toda e qualquer esperança, passa, indubitavelmente, por uma nova política e por novos políticos.
Temos que encontrar forma de alcançar esse desiderato

JotaB disse...

Uma das minhas leituras à 2.ª feira.
(Artigo retirado do jornal Correio da Manhã)

25 Janeiro 2010 - 00h30
Estado do Sítio
Estamos salvos
É por estas e por outras que a política e os políticos estão desacreditados, o regime está podre e o futuro será pior do que o presente.
Aleluia! Paulo Portas anunciou ontem solenemente que o CDS vai abster-se na votação do Orçamento do Estado. As razões são patrióticas. Não quer deixar o País sem o precioso documento e sem o inimitável Governo do senhor presidente relativo do Conselho. A Pátria e os indígenas, que andavam ontem pelos centros comerciais a fazer mais umas comprinhas nos saldos, agradecem penhoradamente este notável sacrifício do CDS. Enquanto isto, sacrificando um merecido domingo de descanso, Manuela Ferreira Leite esteve reunida com o ministro das Finanças do Governo do senhor presidente relativo do Conselho.
A Pátria e os indígenas que enchiam as estradas do sítio esperaram com enorme ansiedade o desfecho de tão importante encontro. Ao fim de algumas horas, com o coração suspenso e os carros parados, ouviram a ainda líder do PSD afirmar, com ar convicto, que tinha recebido sinais muito positivos do senhor que está nas Finanças até vagar o lugar ocupado pelo seu amigo Constâncio no Banco de Portugal. É evidente que os tais sinais ficaram no segredo dos deuses, mas, seja como for, a Pátria e os indígenas respiraram de alívio. O Orçamento do Estado tem passagem garantida na Assembleia da República e o Governo do senhor presidente relativo do Conselho não se demite. Por tabela, os indígenas não vão ser obrigados, mais uma vez, ao penoso exercício de votarem e assim estragarem mais um domingo que deve ser passado, religiosamente, num qualquer centro comercial ou hipermercado.
Com a Pátria sossegada e o senhor Presidente da República feliz com o resultado das negociações, o sítio volta à normalidade. Isto é, continua pobre, deprimido, hipócrita, manhoso, irresponsável e, obviamente, cada vez mais mal frequentado. Com ou sem Orçamento, com ou sem o Governo do senhor presidente relativo do Conselho, a maldita realidade começa a impor-se cada vez mais e os seus efeitos vão sentir-se, mais tarde ou mais cedo, de uma forma brutal e implacável na vidinha dos indígenas. Com ou sem Orçamento, com ou sem o Governo do senhor presidente relativo do Conselho, o facto é que o sítio está sob vigilância externa, endividado até aos cabelos, com as contas públicas descontroladas e o desemprego em níveis nunca antes verificados. É por estas e por outras que a política e os políticos estão desacreditados, o regime está podre e o futuro será pior do que o presente. Mas, para já, estamos salvos.


António Ribeiro Ferreira, Jornalista

Mrzepovinho disse...

Eu li esse artigo no Correio da Manhã ao pequeno almoço, e tinha pensado em o comentar aqui... parabéns pela antecipação caro JotaB!!

É realmente um artigo fantástico... ainda na semana passada tranquilizei um partidário do CDS dizendo-lhe que não se preocupasse com o OE, pois certamente o PSD iria "cozinhar" uma solução!

...e foi o que aconteceu... claro! Mas ainda assim ele estava eufórico pela grande atitude demonstrada pelo CDS, em fazer valer os seus argumentos.... fico doente com esta M#$%&a!

JotaB disse...

Que bom seria se este EXEMPLO tivesse seguidores.
Sei que muitos irão falar de demagogia, mas seria bom que não fossem sempre os mesmos a pagar a crise.
Parabéns, PRESIDENTE DA CÂMARA DA VIDIGUEIRA!

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Camara-da-Vidigueira-decidiu-acabar-com-o-salario-minimo.rtp&headline=20&visual=9&article=313767&tm=6

Ou este outro exemplo de um PRESIDENTE de junta (S. Pedro - Celorico da Beira)

http://www.bombeirosdeportugal.pt/seccoes/noticias/3284-celorico-da-beira-presidente-da-junta-de-s-pedro-abdica-do-salario-para-ajudar-instituicoes

JotaB disse...

http://economico.sapo.pt/noticias/sei-como-reduzir-o-defice-ja-o-fiz_79961.html

O josé de sousa só não explica como chegamos a um défice de 9,3%, depois de um défice de 2,6%. Também não diz aos Portugueses como vai baixá-lo de novo e à custa de quê e de quem.
Será melhor fazermos as malas e procurarmos um lugar mais saudável e menos perigoso para a nossa carteira, caso não consigamos ver-nos livres deste finório e restantes elementos do bando.

JotaB disse...

A prepotência e a falta de escrúpolos de certa gentalha, paga com os nossos impostos, manifestamente inculta e impreparada para os lugares que ocupa, não tem limites.
Não devia ser necessário o dono deste restaurante apresentar queixa destes sujeitos sem vergonha. O ministério público deveria agir, de imediato, pois trata-se de uma manifesta tentativa de extorsão.

http://www.ionline.pt/conteudo/43885-tamboril-peixe-galo-e-bife-conta-dos-estrangeiros-e-fronteiras

JotaB disse...

O rega-bofe continua.
O dinheiro dos nossos impostos continua a ser esbanjado e distribuido pelos amigalhaços, sem qualquer controlo.
Quando isto irá parar?!
Onde isto irá parar?!

http://www.ionline.pt/conteudo/44124-deputados-exigem-auditoria-aos-investimentos-nas-escolas