quarta-feira, 6 de abril de 2011

A BANCARROTA

Não resistimos a inserir parte de um artigo do economista Eugènio Rosa. É interessante sabermos como se processam os fluxos financeiros que têm alimentado a crescente divida do Estado Português. A partir desta análise também conseguimos perceber melhor porque é que a BANCA agora já não quer continuar a comprar divida publica. O bom negócio acabou. Finalmente reconhecem que o Estado chegou perto do aterro sanitário. Consta que a camioneta do lixo continua a ser conduzida por um tal josé socrates.

O BCE ESTÁ A FINANCIAR A ESPECULAÇÃO DOS BANCOS.
A banca em Portugal lucrou com isso já 3.828 milhões € à custa das famílias, empresas e do Estado.
O DILEMA ACTUAL: OU ESTA SITUAÇÃO É ALTERADA RAPIDAMETE OU O PAÍS TEM DE SAIR DA ZONA EURO tal como aconteceu antes da crise de 2008, em que os bancos financiaram os especuladores, a uma taxa de juro baixa, para que pudessem depois obter elevados lucros, agora também o Banco Central Europeu (BCE) está a financiar a banca a uma taxa de juro também muito baixa (1%), não impondo quaisquer limites na utilização desse dinheiro, para que depois os bancos possam obter lucros extra à custa das taxas de juro elevadas que cobram não só aos Estados, mas também às famílias e às empresas. É um esquema que interessa tornar claro para todos, embora os
comentadores oficiais com acesso privilegiado aos media nunca se refiram a ele, procurando assim ocultá-lo. Por isso vamos voltar a ele.
E esse esquema “diabólico” é o seguinte.
Antes de ter entrado para a Zona Euro, Portugal possuía um Banco Central (Banco de Portugal) que podia emitir moeda (escudos), e que comprava divida ao Estado a uma taxa reduzida, assegurando assim o seu financiamento e também garantindo que nunca o Estado entrasse em falência porque o Banco de Portugal disponibilizava sempre os meios financeiros para que o Estado pagasse os seus compromissos. As únicas limitações eram, em relação à divida externa, que teria ser paga em divisas o que obrigava o Estado a recorrer fundamentalmente ao endividamento interno para se financiar, e a necessidade de evitar que a inflação disparasse.
Com a entrada para o euro, o Banco de Portugal e o Estado português perderam esse poder que passou para o Banco Central Europeu (BCE). Só ele é que pode emitir euros. Para além disso, foi introduzida uma norma nos Estatutos do BCE que proíbe que este banco compre directamente divida aos Estados. No entanto, pode comprar divida soberana, ou seja, dos Estados no chamado “mercado secundário” onde têm acesso os bancos. Portanto, está-se perante a situação caricata que permite à banca especular com a divida emitida pelos Estados, que é a seguinte: o BCE não pode comprar directamente a divida ao Estado português, mas já pode comprá-la aos bancos que
a adquirem. E então o esquema especulativo montado pela U.E. e pelo BCE para enriquecer a banca à custa dos contribuintes, das famílias, e do Estado português é o seguinte: a banca empresta às famílias, às empresas e ao Estado português cobrando taxas de juro que variam entre 5% e 12%, ou mesmo mais, depois pega nessa divida, titularizando-a, e vende-a ao BCE obtendo empréstimos a uma taxa de juros de apenas 1%.
Vejamos então quais têm sido os efeitos para Portugal deste sistema especulativo, que tem sido sistematicamente oculto pelo governo e pelos comentadores oficiais, financiado pelo BCE, banco este que, em principio, devia servir os Estados que constituem a Zona Euro e não a especulação.
EM APENAS 3 ANOS A DIFERENÇA DE TAXAS DE JURO DEU À BANCA PORTUGUESA UM LUCRO DE 3.828 MILHÕES DE EUROS

Segundo o Boletim Estatístico de Março de 2011 do Banco de Portugal, a banca a operar em Portugal obteve, do BCE, financiamento no valor de 14.407 milhões € em 2008; de 19.419 milhões € em 2009; e de 48.788 milhões €, pagando uma taxa de juro de apenas 1%, o que determinou que, por este volume de empréstimos, deverá ter pago ao BCE cerca de 826 milhões €.
Segundo também o Boletim do Banco de Portugal, a banca cobrou pelos empréstimos que, com esse dinheiro obtido do BCE, depois concedeu a particulares, a empresas e ao Estado, taxas de juro médias que variaram entre 5,05% e 6.87%, o que permitiu à banca embolsar, nos três anos, juros que somaram 4.683 milhões €. Se subtrairmos a esta receita de 4.683 milhões €, os juros que teve de pagar ao BCE – 883 milhões € - ainda restam 3.828 milhões €, que constitui a sua margem financeira liquida obtida só com o financiamento do BCE à taxa de 1%.
O BCE está a financiar a especulação dos bancos contra a divida soberana portuguesa –A BANCA AUMENTOU TAMBÈM OS LUCROS LIQUIDOS À CUSTA DE IMPOSTOS NÃO PAGOS
Mas não é apenas o BCE e os mecanismos criados na Zona do Euro que financiam a especulação dos mercados, ou seja, dos bancos à custa das populações. Como isso já não fosse suficiente, em Portugal, através da multiplicação de benefícios fiscais concedidos à banca, aprovados pelos sucessivos governos e mantidos numa altura em que são impostos sacrifícios à maioria dos portugueses, os lucros da banca têm aumentado também à custa dos impostos que não paga.

3 comentários:

Diogo disse...

Perfeitamente explícito. E agora, que fazer perante tão colossal roubo?

Eu defendo que o BCE deve ser «nacionalizado», ou seja, colocado ao serviço da União Europeia e obrigado a emprestar dinheiro aos países a juro zero. Quanto aos bancos comerciais, devem ser obrigados a fazer reservas de 100% sobre os seus empréstimos.

Quanto às televisões e aos seus «economistas-comentadores» que martelam mentiras até à náusea, não há possibilidade de se juntarem dezenas de milhares de cidadãos para lhes meter um mega-processo em tribunal? Com apertadíssima vigilância sobre todo o processo não se vá dar o caso de se encontrar um juiz menos sério?

JotaB disse...

Sigamos o exemplo da Islândia:
- Deixemos cair os bancos especuladores e irresponsáveis.
- Acabemos com o sistema político vigente, que se mostra incapaz de alterar o rumo dos acontecimentos e de se auto-regenerar.
- Responsabilizemos criminalmente os políticos e os especuladores, que levaram Portugal para o abismo e são coniventes e beneficiários da corrupção instalada.
- Tomemos, nas nossas mãos, o controlo político dos destinos do nosso país.

Um dia, provavelmente muito em breve, os Portugueses, os Europeus, irão mudar o rumo dos acontecimentos, ou as coisas irão acabar mal, muito mal!

Rui Pinto disse...

Que venha o FMI para acabar com estes CHUPISTAS todos do Estado Português, que vivem ás custas do povo Português, trabalhador e honesto. Sacanas!!!