quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quando a bota não bate com a perdigota

Está a comemorar-se mais um aniversário do 25 de Abril e parecia quase surreal o ambiente que se vivia na chamada assembleia da republica.
Canções de Abril, cravos de Abril, alentejanos a cantarem vila morena, trajes adequados ao evento em que não faltou o cravo na lapela e acima de tudo o ar de felicidade das gentes da chamada direita, a contrastar com o ambiente pesado das gentes da chamada esquerda.
Desta vez a bota não esteve a bater com a perdigota.
Tão felizes que eles foram e tão felizes que eles estão.
De repente, lembramo-nos do discurso feito o ano passado pelo presidente da republica em que de forma clara e direta afrontou o governo socialista liderado pelo excremento politico chamado sócrates.
Na altura era o mínimo que se podia exigir, pois desde há muito que era visível a trajetória suicidária que estava a ser seguida.
Acontece que as raízes do mal estavam infiltradas e o País vê-se a braços com uma situação financeira calamitosa com a qual o governo em funções não tem sabido lidar.
Assim se as coisas estavam mal há um ano, hoje já estão pior.
E é sobre este sentimento e esta realidade que nos parece aceitável a tomada de posição de alguns dos chamados capitães de Abril.
A ida ou não ás cerimónias é irrelevante. Mas aquilo que foram dizendo nestes últimos 2 ou 3 anos, tem um significado e expressa um sentimento cada vez mais generalizado. Não era esta a classe politica que se esperava que tivesse emergido da revolução de 74. Ao não irem à cerimónia, estão a dizer a todos políticos sentados no parlamento que traíram os ideais e não estão a servir os interesses da Nação.
É assim cada vez mais evidente o tremendo embuste que se foi desenvolvendo ao longo do tempo, que permitiu que a Economia fosse colocada ao serviço de algumas franjas da população e que chegasse a primeiro ministro um individuo completamente irresponsável mas que durante 6 anos foi tendo o apoio daqueles que agora se fazem de virgens ofendidas como Mário Soares ou Manuel Alegre.
Mário Soares, a quem se atribui a paternidade desta democracia, carrega aos ombros gente da mais baixa qualidade como armando vara, sócrates, alberto mesquita, dias loureiro, duarte lima, o "pickpoket" rodrigues e tantos outros a quem nunca ouvimos o "pai" fazer qualquer censura. Até porque não podia.
De facto o que está e sempre esteve em causa é a qualidade das gentes que foram engrossando este regime onde a falta de carácter, de rigor e de competência, levaram a que estejamos hoje perante a necessidade de uma nova tomada de posição por parte das forças "vivas" deste País.
Estamos assim perante um novo PREC em que os atores inverteram as posições.
Nos discursos de hoje ouvimos os depoimentos do psd e do cds pelas vozes dos deputados comunistas e do bloco de esquerda e só faltou a cavaco silva o fervor revolucionário de vasco gonçalves.

4 comentários:

JotaB disse...

" (...) O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro…(…)"

Uma Campanha Alegre (1890-1891)
Eça de Queirós

Diogo disse...

«Nos discursos de hoje ouvimos os depoimentos do psd e do cds pelas vozes dos deputados comunistas e do bloco de esquerda e só faltou a cavaco silva o fervor revolucionário de vasco gonçalves»

No capice!

Ouvi bem o discurso dos verdes (a que se seguiram dos outros), e este disse tudo sobre a corrupção do regime em que vivemos.

E vi o riso de escárnio do ministro das finanças durante o discurso anterior.

Força Emergente disse...

Caro amigo Diogo
Nesta breve história ficcionada com alguma ironia, os verdes, na altura, 74 / 75, ainda não tinham existência própria e estariam então englobados no pcp.
Embora não tenha dado atenção a todos os discursos, penso que de facto os verdes foram bastante assertivos sobre algumas das chagas deste regime.

Força Emergente disse...

Caro amigo Diogo
Nesta breve história ficcionada com alguma ironia, os verdes, na altura, 74 / 75, ainda não tinham existência própria e estariam então englobados no pcp.
Embora não tenha dado atenção a todos os discursos, penso que de facto os verdes foram bastante assertivos sobre algumas das chagas deste regime.