sábado, 26 de junho de 2010

De Segurança Social a Sociedade Sem Protecção

A Segurança Social sempre funcionou mal em Portugal, isso não é segredo nenhum para quem a ela já teve de recorrer. É uma espécie de jogo de poder, de poder de quem não tem poder nenhum na vida senão o de jogar com a vida de quem precisa. Desde os casos de subsídios de desemprego que demoram 3, 4 e 5 meses a chegar até àqueles que nunca chegam por extravio ou erro administrativo até ao não respeitar da própria lei, de tudo vemos na SS.

Houve modernizações, humanizações, informatizações, inter-relação de serviços, contrataram mais funcionários, abriram mais delegações, tudo para melhorar o serviço junto dos cidadãos. Mas isso não aconteceu. Tudo ficou na mesma. Os casos que aconteciam antes são os mesmos que acontecem hoje: atrasos, injustiças sociais, não respeito pelos diplomas legais aprovados no parlamento, incompetências de todos os tipos, trocas de dados, enganos em moradas... E quem se lixa é o Zé Povinho, que espera em casa o seu dinheirito miserável (porque os subsídios de emprego e desemprego em Portugal são dos mais baixos da Europa) correndo o risco de ficar sem comida, sem electricidade, água ou mesmo até sem casa, tudo, absolutamente TUDO, pelos atrasos incompetentes ou "convenientes" deste péssimo serviço social.

Agora chega-nos a notícia de que inúmeros centros e delegações da Segurança Social, por esse país fora, receberam ordens internas de Lisboa para cortarem no máximo de subsídios que puderem, violando a própria lei do PEC2 e a aprovada na semana passada, tudo porque a Segurança Social NÃO TEM DINHEIRO...?

E o que é que os cidadãos portugueses têm a ver com isso? Que vão pedir ao banco... A lei tem de ser cumprida. Quem tem direito a apoios tem mesmo de os receber, até porque o mais provável é estar já na miséria ou à beira dela.

É inadmissível andarem os funcionários de front-office a dizerem às pessoas que não há dinheiro, que o seu subsídio vai ser cortado, quando a lei não o diz... Mas na Segurança Social sempre foi assim. Cada funcionário, cada delegação, diz o que lhe apetece, tudo sempre para excluir o mais possível cada indivíduo da atribuição de dinheiro. Aliás, pode-se mesmo afirmar que a função administrativa da maior parte destes funcionários é, não incluir ou apoiar socialmente, mas EXCLUIR e DESMORALIZAR ainda mais os que aí se deslocam para terem direito a um apoio para o qual andaram a pagar toda a vida, mesmo que no escalão mínimo. E muitos só porque estavam a recibos verdes, que ainda existem até no próprio Estado apesar de violarem a nova lei, acabam por receber por um ano o miserável RSI (Rendimento Social de Inserção) que pode ir de 90 a 190 € por pessoa, conforme os casos...

E depois, como se isto ainda não bastasse, ainda temos que ouvir as barbaridades de Paulo Portas ou de Passos Coelho que tentam arranjar todo o tipo de argumentos para dizerem que quase TODOS os que recebem o RSI, são marginais, criminosos ou delinquentes. e que querem cortar esses míseros 90 ou 190 euros à maioria porque não merecem...

É caso para perguntar:

Mas que merda de Segurança Social é esta?
Que merda de país é este?
Que merda de políticos são estes?
Com que direito e sentido de Estado se dá hoje para se retirar TUDO amanhã?
Como podem os cidadãos portugueses alguma vez mais confiar nos políticos?
Com que direito um governo é eleito pelas medidas sociais que promete e depois as retira todas de um dia para o outro só por causa de uma crise, que ele próprio diz ser passageira?

posto por Pedro Duarte

4 comentários:

atascadotijoao disse...

Como sou um leitor assíduo do vosso blogue, como reconhecimento do vosso excelente trabalho, o vosso blogue vai ser colocado em destaque por mim esta semana, no blogue onde colaboro (http://em2711.blogs.sapo.pt/).
Bom fim de semana
João António

Manuel Freitas disse...

Não é de estranhar tal atitude destes governantes, como já é do conhecimento da maioria dos portugueses, tem sido apanágio deste Sócrates "PS", prometer uma coisa a por trás fazer outra, tem sido desta forma que tem comido a maioria dos portugueses menos informados, porque quer se queira ou não a maioria dos portugueses continua desinteressado dos problemas do pais, só mesmo quando lhes tocar directamente na casaca é que dão sinal de vida, até aí futebol; festas e pouco mais. 2010-06-27-Manuel Freitas

Força Emergente disse...

Caro João António,

obrigado pelas suas palavras e pelo seu apoio incondicional. só unidos conseguiremos vencer este polvo político que se espalha e se alimenta dos milhões, provenientes dos nossos impostos...

JotaB disse...

Sinto uma enorme tristeza e revolta ao ver concidadãos indefesos, sem trabalho, com fome e sem esperança.

Os políticos de todos os partidos, com assento parlamentar, sem excepção, não passam de um bando de gente apenas preocupada com o seu tacho.

Nenhum desses partidos está preocupado com os problemas que afligem os portugueses:
- Desemprego
- Fome
- Ausência de futuro.

É imoral o ataque que vem a ser feito às pessoas que mal conseguem sobreviver aos sucessivos dias de fome!