segunda-feira, 14 de junho de 2010

"Filmagens" Marchar na Avenida

Inversamente à manifestação da CGTP na Av. da Liberdade que soou um pouco a "oco" nos noticiários, as Marchas Populares de Lisboa foram um espectáculo completamente "encenado" pela RTP. Dentro da Avenida não desfilavam os vários bairros, mas sim "actores" de um filme feito em directo para entreter o povo e para dar a ideia de que em Portugal tudo vai bem. Projectores e holofotes, gruas e guindastes trabalharam neste palco iluminado como fios que controlavam os grupos de marionetas que desfilavam.

Em frente às tribunas o som aumentava exponencialmente, o momento era "empolado" e "desenhado" para ser enviado para o interior das casas de milhões de portugueses. A alegria ao estilo de Cármen Miranda, mas sem a sua aura ou glamour. Grandes planos de sorrisos, dos enfeites, dos balões, dos cânticos. Uma festança completa.

Mas as três camadas de basbaques que assistiam colados às grades que os separavam dos "actores" da RTP, eram como figuras de cartão, mecanizadas, figurantes não assalariados que contribuiam para o êxito da "operação" de cosmética social popular. Um plano de trás mostrava estas figuras a preto, recortadas sobre a aura luminosa que irradiava do centro da Avenida. Pessoas que subiam e desciam por detrás deste cenário à escala urbana, pessoas com rostos tristes, que não compravam nada. Passeavam de mãos nos bolsos, estes totalmente vazios...

Mas o mais aterrador era o pouco ruído que tal espectáculo deixava transparecer. Por isso mesmo, os que ali se encontravam sabiam tratar-se de "filmagens" para alguma "produção fictícia". Os cafés e bares de um lado e outro da Avenida tinham preparado bancadas e stocks de bebidas, mas as suas prateleiras mantiveram-se cheias. As expectativas de negócio não corresponderam à realidade vivida naquelas breves horas. Muita gente, pouco ruído, pouco dinheiro. E no final, os que não desceram à rua ficaram com a "certeza" televisiva de que Marchar na Avenida pode ser um êxito televisivo, desde que o guião esteja escrito com antecedência...

posto por Pedro Duarte

1 comentário:

JotaB disse...

Pareceu-me importante divulgar a opinião de um autarca que lidera a câmara de Caldas da Rainha há 25 anos e é, actualmente, presidente da distrital de Leiria do PSD.
(notícia do semanário Região de Leiria):


Fernando Costa defende extinção de empresas municipais

O presidente da Câmara de Caldas da Rainha e presidente da distrital de Leiria do PSD, Fernando Costa, defendeu a extinção das empresas municipais que considerou depauperarem o erário municipal e só servirem para fugir ao cumprimento da lei e ”dar emprego ao boys partidários”.
“Só são precisas empresas municipais para fugir ao cumprimento da lei, para dar emprego aos boys partidários ou porque a câmara é incompetente para gerir os assuntos municipais” disse à agência Lusa o autarca, cuja câmara não tem qualquer empresa.
Há 25 anos a liderar o concelho com 50 mil habitantes e um orçamento de 50 milhões de euros, o autarca é contra a criação de empresas municipais por entender que “só são boas para depauperar o erário municipal”.
“Nas Caldas, a Câmara é competente e nunca precisámos de uma empresa municipal (…) não precisamos de fugir à lei e não temos a preocupação de criar empregos a gestores que por muito que façam nunca justificam o ordenado que recebem” explicou.
A posição do presidente surge após o Governo ter anunciado a criação de uma comissão que ficará encarregue de estudar, até ao final do ano, a reforma do sector empresarial das autarquias, num trabalho que será coordenado com a Associação Nacional de Municípios.
“O grande problema das empresas municipais começa pelos vencimentos, bónus e autonomia dos conselhos de administração, que podem gastar quanto lhes apetece porque no final as câmaras é que pagam” sustentou.
“Acho muito bem que acabem porque se as câmaras não são capazes de gerir os seus interesses sem empresas municipais então os presidentes de câmara que vão à vida”, acrescentou o autarca sublinhando que “se a câmara das Caldas tivesse empresas municipais já estava ‘falida’”.
Fernando Costa assegurou que Caldas da Rainha não faz ainda parte do lote de uma em cada dez câmaras do país que estão “financeiramente insolventes”, admitindo contudo nunca ter sentido “tantas dificuldades financeiras como agora”.
“As câmaras endividaram-se de mais e os presidentes que endividaram as câmaras a torto e direito, alguns para fazer fogo de vista, deviam ser responsabilizados pelo estado a que deixaram chegar as finanças das autarquias”.