sexta-feira, 2 de março de 2012

Essa flor de Abril. Finalmente, comecei a empobrecer !

Obrigado, meu deus, por essa dádiva maior que é a politica de empobrecimento que em tão boa hora nos foi anunciada.
A cada dia que passava sentia essa proximidade quase como se fosse um conforto ou uma fatalidade.
Antes de sermos pobres todos pensamos que é mau isso poder acontecer-nos. Enquanto não experimentamos a sensação de ir perdendo qualquer coisa, pensamos tratar-se de um assunto trágico ou deprimente ou até mesmo vergonhoso.
Não queremos ver o lado bom da coisa. E tem de ter um lado bom pois de outra forma não nos seria proposto como objetivo politico para a nossa vida nos próximos tempos.
Antigamente os pobres eram uma coisa pouco actualizada, eram apenas as sobras das guerras, das desgraças, da incúria dos governantes e até mesmo do destino. Na altura não eram precisas políticas  para fabricar pobres. Eles aconteciam naturalmente.
Depois, há uns anos atrás, alguns decidiram que era preciso acabar com isso e começar a fabricar novos ricos.
Deu-se inicio a essa produção em 1974.
Um conjunto de jovens "inteligentes" e prespicazes, moldados no conceito de democrático e com uma bandeira de "socialistas", lançaram as bases para as Unidades de Produção designadas por "incubadoras de riqueza".
O conceito era verdadeiramente inovador pois não eram precisos capitais próprios e tudo se resumia a entrelaçar a politica, o erário publico e os grupos de interesses já instalados.
Bastava-lhes usar a imaginação e os slogans, pois o resto viria por arrasto.
Foi assim natural vermos sair da miséria algumas franjas da população. Alguns deles iam mesmo demonstrando como se conseguem grandes fortunas, tanto para eles como para a família.
Bastava-lhes usar apenas um poder. O "democrático". Com esse poder consideraram-se inimputáveis, ao mesmo tempo que foram juntando a incompetência á irresponsabilidade, levando este País até ao esgotamento dos recursos financeiros e que nos conduziu á agora situação de empobrecimento seletivo. 
Com a mesma argúcia de sempre, a velha classe politica continua a manipular a população, que agora começa a voltar aos tempos antigos em que os pobres eram o produto corrente, mas os novos ricos saídos das incubadoras Autárquicas, do governo, BPNs e outras, são a face visível da qualidade dos políticos que ao longo dos anos desbarataram os recursos em proveito próprio e em projetos sem sentido nem justificação.
A hora do empobrecimento seletivo tinha que chegar.
Assim as frases patéticas, sem sentido e mesmo apalermadas, vão aflorando pelos lábios de muitos políticos. Uma comunicação social lastimável e que foi a primeira a assumir o estatuto de sobreveniencia extrema pois vive entrelaçada à escumalha política que a controla e lhe paga, depressa as difunde e amplia.
O povo, este povo manso e bruto, tudo absorve sem muitas vezes perceber ou questionar.
Por isso, é natural que até o presidente já tenha querido assumir o estatuto de pobre, não tendo pejo em faltar à verdade ao colocar o patamar da pobreza  nos 13.000 euros mensais. Como se isso não basta-se, emite frases sem sentido como a de termos de "continuar todos unidos para ultrapassar as dificuldades".
Estarmos unidos em que e para quê ? A massa dos pobres em conjunto com o pobre mor da presidência?
O País caiu nas mãos de gente sem vergonha em que se destacaram os limas, os loureiros, os socrates, acompanhados por toda uma vasta quadrilha de gente sem vergonha nem princípios.
A politica de empobrecimento decretada pelo actual primeiro ministro é de facto uma consequência. Só que os Países não se recuperam empobrecendo.
Era preciso lucidez e rasgos de competência inovadora para tirar o País do ciclo de miséria a que foi conduzido.
Infelizmente não temos políticos com essa capacidade de gerar e distribuir riqueza.
Assim, finalmente vou conseguir alguma paz ao empobrecer tranquilamente e deixar-me dormir até ao despertar anunciado para 2013.
Será um ano de tranquilidade absoluta.
Alegria maior foi a de ter conseguido arrastar para o empobrecimento mais oito bravos portugueses e deixar em espera outros dezassete que aguardam á dez anos que se possa avançar com o projeto que lhes daria trabalho. Na altura não percebia porque é que o País se podia dar ao luxo de ignorar aqueles que tinham ideias e capacidade para realizar obra e criar empregos. Só mais tarde é que percebi que o problema era meu. De facto tudo tinha que "passar pelas mãos" da classe politica. E esta, através dos tempos foi variando nas opções até termos chegado à solução final.
Tudo isto me dá um "orgulho" enorme em ser português.
E sinto que estou sintonizado com as politicas e expectativas dos nossos governantes.
E irei absorver essa nova sensação de engrossar a lista dos explorados e oprimidos.
E irei deixar de ver televisão e ouvir rádio.
E quando vier para a rua por já não ter comida, irei festejar com a restante massa famélica, esse acto de amor supremo pela pátria que é o de ostentar uma kalashnicov, uma G3, ou Uzi, para disparar algumas salvas em honra dos nossos governantes.
Irei bater-lhes palmas á saída do parlamento e depois irei pedir esmola para ultrapassar o final da crise.
Esperarei ansioso que chegue 2013.
Então, já de calças cossadas e camisa rota, olharei com orgulho para a bandeira e correrei para junto dos meus antigos funcionários. Começarei a espalhar a boa nova. A miséria acabou. Vamos todos poder voltar de novo ao trabalho.
Mas.... antes vamos ter de levar em ombros alguns destes políticos que tanto fizeram pelo País.
Eu mesmo gostaria de "transportar" josé socrates e escrever o epitáfio que ele merece.
E lá dirá.
Ao maior canalha politico da história contemporãnea e responsável pela desgraça que se instalou no País. Ser-lhe-ão confiscados todos os bens provenientes dos roubos efectuados durante a vigência dos cargos que ardilosamente foi ocupando e a sua tumba será transformada num mictório publico.
Depois sim, voltarei a sentir orgulho em ser português.
Isto se ainda cá estiver depois de ter passado pelos "festejos" pela recuperação da dignidade no País.
Carlos Luis

7 comentários:

Diogo disse...

Não! Quando vier para a rua será para fazer uma caça ao homem: aos banqueiros, aos políticos corruptos, aos comentadores mediáticos venais e aos tipos do Ministério Público (que espetam 5 anos de cadeia a um pobre diabo que é apanhado com três gramas de haxixe mas que não mandam prender um único figurão).

Lou disse...

Que felicidade se pelo menos 50% dos portugueses lessem esta página.Só quando a fome dos pais, dos avós e dos tios, muitos irão acordar e nessa altura já será tarde, porque os que roubaram fizeram o fruto evaporar.O "Estado" é o maior ladrão do povo,as mentes humanas estão bloqueadas.
Em janeiro de 2012 tive de pagar multa da compra do selo do carro de 2010 ter sido feita fora do mês do mesmo, não foi possivel fugir... São situações desta natureza que revoltam. Os verdadeiros ladrões estão a rir da desgraça dos portugueses.

José Gonçalves Cravinho disse...

A Pátria-Mãe p'ra mim madrasta, empurrou-me p'rà emigração,
e maldita seja a Governação,
que Portugal p'rà miséria arrasta.

Com populismo e demagogia,
muita mentira,verdade parece,
mas em liberdade e democracia,
o Povo tem o Governo que merece.

JotaB disse...

A Sociedade é Baseada no Instinto Individual

A vida de uma sociedade é, fundamentalmente, uma vida de acção. As relações dos indivíduos adentro dela, são, fundamentalmente, relações entre as actividades, entre as acções, deles. As relações dessa sociedade com outras sociedades - sejam essas relações de que espécie forem - são relações de qualquer espécie de actividade, são relações de acção. É, portanto, pelas faculdades que conduzem à acção que o indivíduo é directamente social. Ora, como a ciência constata que são os instintos, os hábitos, os sentimentos - tudo quanto em nós constitui o inconsciente, ou o subconsciente - que levam à acção, segue que é pelos seus instintos, pelos seus hábitos, pelos seus sentimentos - e não pela sua inteligência - que o indivíduo é directamente social.
Por que espécie de instintos, porém, é que o indivíduo é directamente social? Alguns dos seus instintos, como o instinto de conservação e o instinto sexual, são sociais apenas indirectamente. Servindo-os, o indivíduo serve, em último resultado, a sociedade a que pertence, porque, mantendo a sua vida, mantém a vida de um elemento componente da sociedade a que pertence, e, propagando a espécie, contribui para a continuidade de vida dessa sociedade; mas nem um, nem outro, desses instintos tem um fim directamente social. O serviço desses instintos envolve, ao contrário, um grau maior ou menor de concorrência, de luta, com outros indivíduos. Esses instintos, portanto, embora necessários à sociedade, são de ordem individual e não social.

Fernando Pessoa, in 'Ensaio: A Opinião Pública'

Mrzepovinho disse...

O grande problema da nossa sociedade é o mesmo, quer do POVO em relação às ACÇÕES do Governo quer do Governo em relação aos "mercados" externos: andamos TODOS a REAGIR às agressões de que somos alvo.

A MUDANÇA só vai acontecer quando começarmos a AGIR em vez de REagir!

Nós REAGIMOS aos aumentos de impostos e aos cortes salariais com manifestações...

Quando vamos AGIR para mudar a atitude do Governo? Para OBRIGAR o GOVERNO a REAGIR à nossa Acção?

ESSE vai ser o MOMENTO em que a MUDANÇA acontece!

Depende de NÓS!

Anónimo disse...

Esse epitáfio...bem não cabiam nomes num enorme mural.
P... que os pariu

http://www.26abril.org disse...

Amigos, chegou a hora de actuarmos com os mesmos meios legais das nomenclaturas instaladas, na História recente, nos últimos 78 anos. Inteirem-se, inscrevam-se (se estiverem de acordo com os nossos propósitos) e participem activamente no Movimento Político '26 de abril',futuro Partido para concorrer às próximas Eleições Autárquicas.2013: www.26abril.org