terça-feira, 10 de abril de 2012

O peso do silêncio

Permitam-me que seja um pouco intimista.
Sem dar por isso, estive dois dias quase sem ter noticias.
A única que tive não foi muito agradável pois decidi ir ao multibanco ver o saldo da conta e não fiquei nada satisfeito.
Pior ainda fiquei, quando no vazio informativo fui dando asas à reflexão sobre alguns aspetos que por vezes nos incomodam e inquietam e temos grande dificuldade em os aceitar. Até porque estive num almoço de família e acabamos sempre por falar na situação complicada a que fomos chegando e nesse aspeto o sentimento não diverge e a opinião é quase unânime. Como é que foi possível ?
Como é que tanta gente "informada" e alguma até consciente, permitiu que ao longo de vários anos se fossem acumulando erros e decisões completamente irresponsáveis que conduziram o País à bancarrota ?  Isto, sem que tivessem tomado as decisões que o interesse nacional exigia.
Uma vez que estava a fazer alguma introspeção, tenho que assumir que também só tardiamente resolvi tomar parte nesta pequena onda de contestação e esclarecimento que se vai sentindo nalguns órgãos de comunicação, na blogoesfera, e por parte de algumas personalidades como Paulo Morais ou Medina Carreira.
Tudo isto leva-nos a uma conclusão. Acabámos por ser também cúmplices da geração de "chulos sociais" que engrossaram a escumalha humana e politica que conduziu e se aproveitou do País durante quase 40 anos.
A nossa inércia e incapacidade de reação tem que ser assumida. Bastava termos exercido os nossos direitos de cidadãos.
O que agora se exige é encontrarem-se formas de podermos ter alguma capacidade acrescida para se intervir. E isso não poderá ser feito dentro do actual sistema politico.
Se esperanças havia sobre as capacidades de alguns dos novos governantes, aos poucos tudo se vai perdendo.
O que cada vez mais está em causa é mesmo a sobrevivência de um determinado modelo de sociedade. E sobre isso não temos duvidas. Quanto mais se forem diluindo os elos sociais e destruídas as bases funcionais do sistema económico, menos seremos capazes de reagir.
Quando isso acontece, no horizonte depressa se começam a vislumbrar as hordas de oportunistas que de novo voltarão a ser liderados por outra qualquer escumalha politica. Ou se calhar a mesma.
Faz falta gente que se assuma e se disponha a intervir.
Estamos convencidos e quase que poderemos dizer, certos e seguros, que esta politica vai ter consequências letais para o nosso País e o nosso modo de vida.
Ao dizermos isto até consideramos que actualmente não existem os mesmos pressupostos de irresponsabilidade e corrupção que existiram no governo anterior.
No campo da ética, penso que não são a mesma gente.
Mas, quanto a incapacidade politica parece-me que estão muito próximos, pois é assustador continuarmos a ver a mesma inércia no que se refere à tomada de medidas que pudessem de forma rápida permitir a correção de alguns dos entraves estruturais que bloqueiam o País.
Compete-nos a nós fazer aquilo que o governo tarda em fazer, ou seja, assumir que teremos que atuar de forma a obrigar a uma inversão nas politicas, ou mesmo no regime.
Se não formos capazes de tomar as iniciativas que a situação exige, iremos lamentar mais tarde a nossa falta de capacidade de reação.
Ao pensar nestas coisas, estou certo que muitos outros pensarão o mesmo e até talvez sintam a mesma vontade de se avançar para uma qualquer forma organizada que nos permita intervir de forma mais eficaz e consentânea com os valores que defendemos.
Continuo a ter esperança que em breve o possamos conseguir.
Carlos Luis

5 comentários:

JotaB disse...

Também resolvi fazer férias daquilo que me atormenta e que preocupa quase todos os portugueses.
Foram 5 dias sem internet e quase sem notícias.
Aproveitei para rever velhos amigos, velhos lugares e tentar esquecer as agruras que nos afligem a todos nós.
Todas as vozes são unânimes em afirmar que temos sido (des)governados por bandos de malfeitores que levaram Portugal e os portugueses à miséria. Ninguém desculpabiliza qualquer político. Ninguém acredita que seja possível inverter o rumo dos acontecimentos com os actuais políticos, pois é impensável que deixem, por livre iniciativa, de ter os privilégios que foram instituindo para eles e para toda a pandilha.
É cada vez mais evidente que a mudança terá que ser feita “à bruta” e contra aqueles que têm roubado o erário público.


TVI24 – “Olhos-nos-Olhos”
http://www.tvi24.iol.pt/programa/4407/29

JotaB disse...

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Rui Barbosa

Anónimo disse...

Pela ortografia que utiliza, logo se vê que pertence ao grupo dos socretinos encapotados, porque se não fosse teria nojo de escrever cheio de erros ortográficos, conforme o decreto que esse embusteiro de paris mandou publicar. Como o Sr. há muitos , mas já não enganam ninguém.

Força Emergente disse...

Caro anónimo
Se não fosse parvo, o que é que gostaria de ser ?
Será que é o "nacionalista" da semana passada ?
Ou um "socratino" escondido com o rabo de fora ?
É que a sua provocação revela a mesma falta de senso e o mesmo estilo merdoso do embusteiro de Paris.
Faça-se homem e escreva o seu nome quando se dirigir a alguèm nos termos em que o fez aqui.
Como viu não moderamos nem anulamos comentários. Gostamos de comprovar até que ponto este País ainda comporta bestas da sua estatura.

JotaB disse...

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e enche o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht