sábado, 17 de abril de 2010

Tudo em família: " MANSO É A TUA TIA, PÁ"...

Em Portugal os "bons" políticos, aqueles de quem o povo é "obrigado" a gostar, têm sempre um ar familiar. São estes que, feliz ou infelizmente, são recordados na história de Portugal.

Muitos diziam que Salazar era ditador, mas o que nos lembramos dos seus discursos era de um homem cansado, cuja oratória era calma, ponderada, coloquial e familiar. Falava como falam os padres nos seus sermões, como se todos os portugueses de então fossem pessoas simples, do "interior". Assim, desde os seus "compadres" e "afilhados" das hostes políticas ao mais afastado "filho" da nação (e na altura tínhamos muitas colónias), toda a "família" o entendia.

Alguns acusaram Salazar de tratar os portugueses como crianças, retirando-lhes assim toda a sua autoridade contestária, tão própria de, pelo menos..., um jovenzinho...

Assim crescemos infantis, pessoas simples, calmas, com ordenados mitigados, vidas cinzentas, cidadãos não contestatários...

Neste contexto deu-se o 25 de Abril. Um povo desgastado, pobre, desdentado, farto de não ver inscritos os seus actos, é liberto por um movimento militar nacional, sem tiros nem sangue, talvez porque já não nos corresse nas veias... Os cravos vermelhos davam a cor necessária, um inteligente substituto do líquido vital, tão vital às revoluções sociais da história, que hoje muitos jovens se perguntam: o 25 de Abril existiu mesmo?

A República portuguesa agitava-se. Manifestações. Gritos. Sindicatos de Trabalhadores. Os partidos sociais da "Nova" República nasciam e renasciam. Meninos ricos de Lisboa, do Porto e de Coimbra infiltravam-se, gadelhudos e com barba, nas fileiras dos partidos. Todos queriam muito amor e muita revolução. Um despertar tardio dos anos 60 reprimidos pela ditadura.

Mas a inocência não é "moeda" política. Os partidos cresceram. A CEE prometeu uma nova era. Cavaco "levou" o povo a acreditar. As barbas e guedelhas políticas foram caindo e dão lugar hoje ao botox, aos implantes capilares e às dispendiosas cirurgias plásticas. Os filhos e familiares foram sendo infiltrados engrossando as fileiras dos partidos e absorvendo todos os cargos do Estado e dos governos. Nepotismo? Não. Essa palavra em português foi substituída por uma muito mais assimilável pelas massas: "compadrio". Compadre, por definição, o "padrinho"...

E o mesmo povo que gritava nas ruas pelas injustiças sociais é o mesmo que assiste impávido à publicação em Diário da República de louvores aos trabalhos dos motoristas dos políticos aos seus familiares directos, ou que vê publicado em grandes parangonas em primeira página os casos de corrupção política que desviam milhões dos bolsos dos contribuintes:

Passados 100 anos da mudança de regime, o sentido "familiar" português imortaliza-se na boca do homem que "dirige" hoje o destino desta nação condenada à bancarrota por políticas erradas e despesistas: "MANSO É A TUA TIA, PÁ"...

posto por Pedro Duarte

11 comentários:

JotaB disse...

As casinhas do josé de sousa, em vídeo da "SÁBADO".

http://videos.sapo.pt/hAZEHuF3RQETbbToz3NG

Diogo disse...

Pois eu acho que chega de mansidão. Toda a corrupção a ficar em águas de bacalhau. Os ladrões da banca a roubarem cada vez mais. Os jornalistas a soldo a propagandearem ad nauseum. Chegou a hora de virar a mesa.

JotaB disse...

Ontem, Medina Carreira, no programa semanal da SIC/NOTÍCIAS, “Plano Inclinado”, referiu que vivemos um clima semelhante ao de 1973, quando a “primavera marcelista” entrava em agonia.
Mas acontece que já não temos os capitães dessa época, que bastou saírem à rua para levarem à queda de um regime apodrecido e moribundo.
De facto, vivemos tempos idênticos, com os trastes da política a tentar manter-se à tona, quando o barco mete água por todo o lado e está irremediavelmente perdido.
Agora temos que ser NÓS a sair à rua e provocar a queda deste regime corrupto, antes que os estragos sejam irreparáveis.
Acabemos com esta canalha, antes que eles acabem connosco!

Lusitano disse...

Caros
Amigos
Agradecia a vossa bondade no sentido de me permitirem publicar aqui este comentário, que igualmente publiquei no blogue "WHEHAVECAOSINTHEGARDEN", a propósito da "bofetada" que o nosso Presidente da República levou do seu homólogo da República checa, e que acho de uma enorme gravidade como ofensa não só ao nosso PR, mas a todo um Povo, neste caso, o nosso.
Obrigado.

«O Presidente da República, Cavaco Silva, minimizou o impacto das declarações do seu homólogo checo, Václav Klaus, em relação à economia portuguesa, ainda que tenha lembrado "QUE SE" Portugal cumprir o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) em 2013 terá um défice inferior às projecções da República Checa»
Caro
Kaos,
Atenção a este: "QUE SE", é que só teremos um défice inferior à República Checa "SE" realmente o nosso défice descer.
Mas, alguém com dois dedos de testa e pelo menos com meia dúzia de neurónios, pode acreditar em tal coisa???
Com a Economia do país a dar o "Peido Mor", principalmente devido a um sector primário praticamente inexistente, a uma Industria de vão-de-escada, a um sector agrícola que não dá nem para alimentar a Ilha da Madeira, com um sector das pescas - que poderia ser um dos nossos maiores trunfos, veja-se o tamanho da nossa ZEE, mais de um milhão de Kms2 - mas que ninguém parece querer explorar, pelo contrário, parece que estão à espera que alguém se aposse dela, reduzidos apenas a um sector terciário, ainda por cima com o comércio a "alimentar-se" cada vez mais de produtos estrangeiros, como é que alguém me explica a maneira e fazer baixar o défice???
Ainda há poucos minutos, vinha pela rua e passei por várias lojas de roupa, verifiquei o preço a que estavam a vender vários artigos, eram calças de homem a 5€, conjuntos de calças e blusões de ganga a 10€, saias a 5€ igualmente, e atenção, estas lojas não eram chinesas, bem pelo contrário, já venderam - noutros tempos - roupa de marca e por aí fora.
(continua)

Lusitano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lusitano disse...

conclusão)
Ora é completamente impossível que essa roupa possa ser cá feita, tem de vir algures da Ásia, e então as nossas fábricas vendem o quê, o que fazer com os seus empregados???
E tal como a roupa, com outros artigos acontece o mesmo, como é que então se vão pagar as dívidas e fazer baixar o tal défice, se cada vez mais, estamos ependentes do que vem do estrangeiro e se para isso, temos de continuar a pedir dinheiro "emprestado"???
Claro, que ninguém diz que temos uma das maiores reservas de cobre da Europa, praticamente o sub-solo da parte Sul de Portugal é rico em pirites, e com esses minerais, normalmente, andam sempre outros associados, como o ouro, por exemplo, temos volfrâmio, temos urânio, enfim temos uma série de matérias-primas, isto na plataforma continental porque na marítima parece que ainda temos bastante mais, mas pouco ou nada se explora essa riqueza e as demais mais-valias como poderiam constituir por exemplo, a metalurgia desses metais, temos um território de cerca de 92.000 Km2 , o que para pouco mais de 10 milhões de macacos dava e sobejava para termos uma boa vida, não só porque temos boa parte do território com boas condições para toda a agricultura, como temos paisagens fantásticas a começar pelas praias, temos um tempo formidável em relação à maior parte da Europa, no entanto, não passamos de uma cambada de "sem-abrigos", duma cambada de indigentes que andamos a pedir esmolas, a ser enxovalhados como foi este tema que aqui me trouxe, em que o nosso maior representante, oPR, leva uma bofetada daquela dimensão, que envergonha todo o povo português, e pouco ou nada reage, aliás, porque até sabe que é verdade, esta é a nossa sina.
Nós, não somos só pobres materialmente, somos é acima de tudo, uma cambada de patetas sem amor-próprio, sem orgulho, em que uma boa meia dúzia de "xico-espertos" se aproveita da situação em proveito próprio.
Daí, que, se tivéssemos alguém que conseguisse espevitar este povo e aumentar-lhe a auto-estima, poderíamos sair desta maldita crise, mas, com um Presidente da República pouco lesto como o Dr. Cavaco Silva, com Primeiros-ministro como Sócrates (que até já lhe valeu o cognome de "Manso", vindo do seu amigo Francisco Louçã), e por aí fora, bem nos podemos dedicar à pesca, sem ninguém queira realmente saber de nós e da nossa pobre Pátria, vamos realmente desaparecer do mapa das nações em breve espaço de tempo.
Estamos, infelizmente, sem timoneiros, andamos à deriva, vamos acabar por ir ao fundo.
Somos outro TITANIC em versão gigante, venham os músicos!!!
Cumprimentos.
LUSITANO

Força Emergente disse...

Caros amigos
Obrigado pelo vossos comentários.
Uma frase do Lusitano, obriga-nos a pegar no assunto mais premente e mais complicado que se coloca a todos aqueles que tal como nós lutam para encontrar uma via de solução para o País.
De facto o primeiro grande obstáculo que continua a pôr-se, é que ainda não se encontrou um TIMONEIRO, ou um VULTO, ou uma REFERÊNCIA que permitisse agregar a maior parte daqueles que contestam a situação política actual e que permitisse credibilizar a luta que temos pela frente.
Em resultado de algumas iniciativas que tentámos levar a efeito, também fomos obrigados a concluir que muitos dos integrantes de bloguers contestatários, dos comentadores publicos, dos dirigentes dos pequenos partidos e movimentos, não são genuínos, nem sérios, nem consequentes com muitas das posições que expressam. A maior parte acaba apenas por dar "asas" a algum espirito inconformista, mas no fundo não pretende por em causa o Sistema onde se continua a alimentar.
É por isto que entendemos que enquanto a fome e o mal estar não fizerem os seus efeitos, o povo manso, embrutecido e mesmo o esclarecido, não se irão movimentar. Como julgamos estar perto de chegar esse dia, aqui continuamos alertas e prontos a integrar um vasto movimento que de forma sólida e sustentada possa exigir a alteração do sistema político, com a consequente revisão das leis eleitorais. Esta batalha até se justificava de imediato, aproveitando a disponibilidade do actual responsável do PSD. Talvez que a revisão pretendida por nós não seja a mesma que ele pretende, mas é uma boa oportunidade para se tentar um envolvimento concertado para esse objectivo.

JotaB disse...

Entrevista de António Barreto ao "i":

http://www.ionline.pt/conteudo/55694-antonio-barreto-os-deputados-sao-servos-e-gostam-ser-servos

Força Emergente disse...

Caro amigo Lusitano
Sobre a nossa credibilidade externa e o ponto a que chegámos vou-lhe dizer o seguinte:
1º Tenho 63 anos e em 1972 desloquei-me ao Japão. Na altura erámos contestados a nivel internacional devido á nossa posição em relação ao Ultramar onde tinhamos as colónios e devido ao regime politico em vigor.
2º Quando nos deslocávamos ao estrangeiro tinhamos a precaução de dizermos que eramos Brasileiros ou Italianos, consoante o sitio onde estivessemos.
3º Estando num determinado dia a passear numa rua de Tóquio e tendo-me cruzado com uma rapariga loura, que evidenciava ser nórdica, falámos e quando depois me perguntou donde é que eu era, esqueci-me da regra básica e disse que era de Portugal. De imediato a menina fez um esgar de desprezo e foi-se embora.
Esta era a credibilidade que então tinha o nosso País.
Hoje estamos de novo na mesma posição.
Talvez que as meninas já não nos voltem a cara. Mas, os verdadeiros estadistas, os analistas políticos credenciados, as agências de rating, etc, todos têm uma imagem negativa dos nossos políticos e sabem bem que aquilo que se diz não é aquilo que se passa. Hoje vivemos numa situação politica camuflada, assente e sustentada por um endividamento externo galopante e que não poderá ter um final feliz.
Também com grande tristeza lhe digo. Cavaco Silva não tem estatura nem dimensão para ser presidente de uma nação com história e socrates é a negação absoluta do sentido de responsabilidade. Precisavamos de ter outra gente à frente dos destinos do País.
È portanto com naturalidade, que caso me desloque outra vez ao estrangeiro, talvez agora já não corra riscos e diga logo que sou Italiano ou Brasileiro.
Para chatices já basta aquelas que vamos tendo aqui.
Um abraço
Carlos Luis

Lusitano disse...

Meu
Caro
Carlos Luis,
Tem razão quanto ao desprezo que alguns países, principalmente os nórdicos, tinham por nós, mas isso devia-se em primeiro lugar, ao facto dos regimes que aí vigoravam, falsos sociais-democratas, antes, mais próximos do socialismo marxista, terem interesse em correr com os portugueses das ex-províncias africanas, pois, era uma forma de agradarem aos futuros governos "nacionalistas" africanos e daí tirarem algum proveito.
Mas uma coisa é certa, poderíamos não ser bem vistos politicamente, mas, ninguém recusava o Escudo, pois sabiam que era uma das moedas mais fortes do Mundo, e negócios são negócios!!!
Quanto ao facto de estarem com esperanças no novo "líder" do PSD, meus Caros Amigos, o único conselho que lhes posso dar é: esqueçam, Passos Coelho é um homem do regime, pode dizer o que quiser, mas podem ter a certeza de que para ter ascendido ao lugar de Presidente do PSD, é porque alguma negociação fez com os homens que mexem os cordelinhos do sistema, pode ter uma conversa diferente, mas uma coisa é certa, se alguma coisa mudar só se for para pior.
Não acreditem em cantos de sereias.
Um abraço.

LUSITANO

Mrzepovinho disse...

Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa nem se deixa governar!

Gaius Julius Caesar

E assim continua... 2000 anos depois