sábado, 4 de setembro de 2010

Estadistas, Demagogia e Estabilidade

O folclore politico actualmente em marcha, serve mais uma vez para a comunicação social "despejar" de forma abundante estes termos que nada significam e que apenas servem para alimentar uma dialéctica estéril e sem qualquer sentido, uma vez que partem exactamente de alguns dos maiores demagogos e menores estadistas que já passaram por este País.
A justificar estas arremetidas, está a já tão estafada estabilidade que irá continuar a conduzir-nos para a miséria.
Sejamos claros. A estabilidade que se reclama apenas serve à classe politica instalada e aos seus assessores. A grande massa restante irá continuar a ver degradarem-se as já débeis condições em que hoje vivem.
Ninguém põe em duvida que para a execução de uma politica séria e responsável, se tornará aconselhável um compromisso de estabilidade. Só que para isto seriam necessários verdadeiros estadistas dispostos à execução de um programa de reformas, visando um Sistema politico adequado e representativo da vontade das populações, capaz de reformular e por em prática novos conceitos de desenvolvimento económico e social, de forma a caminharmos para uma sociedade mais equilibrada e próxima daquelas com quem mais estreitamente nos relacionamos.
Como todos sabemos está a passar-se exactamente o contrário.
Será que o povo português ainda não percebeu o que é que esta gente pretende ?

posto por Carlos Luis

5 comentários:

miguel disse...

Boa noite.
Caro amigo,o essencial é que no centro da governação esteja o povo português.Este tem obrigatóriamente que ser o visado e beneficiário de todas as políticas.
Ou se governa para os portugueses ou se governa para o bolso.
Não há meio termo.
Para quê sufrágios para eleger quem governa contra nós? Não faz sentido.
Tudo demagogia fácilmente desmontável.
A saída para isto poderia passar pela riqueza da sociedade,se esta existisse.Mas sabemos que não existem elites de elevada formação moral e patrióticas.
Não há massa crítica para o processo de mudança.Por isso a ausência de ignição.
Alguém dizia com piada que o maior problema de Portugal é ser habitado por portugueses.
Porque se fosse por alemães ou suecos era de certeza um Estado mais rico e organizado.Com uma superior ordem de valores.
Ainda assim é a nossa pátria,que nos deu berço e por ela devemos lutar.
Tudo passa com o tempo.Esta fase catastrófica também vai conhecer o seu ocaso.
Deixará contudo uma dolorosa factura para várias gerações saldarem.
Importante será que quem tem honra e sente a chama da pátria quase milenar no seu coração,esteja no outro lado da barricada,lutando por uma indepêndia efectiva do poder judicial.
Esse é o fulcro da verdadeira revolução.
Tirar das garras do crime organizado (entenda-se,os partidos,a Maçonaria e a Opus) a tutela da justiça.
Os grandes crimes contra a nação devem ser investigados implacávelmente e julgados com severidade.
É por aqui que passa a verdadeira estratégia de higienização da sociedade.

Cumprimentos

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:


Crónicas sobre o futuro
Coerência e desenvolvimento

Uma das causas do
atraso português no
contexto das nações
desenvolvidas resulta
da incoerência do
nosso processo de desenvolvimento
e das estratégias e decisões
contraditórias que são o dia a dia
da governação do País. Incoerência
que resulta tanto das grandes
como das pequenas decisões,
das mais antigas como das mais
recentes. Trata-se de uma verdadeira
tragédia nacional que é feita,
em grande parte, de falhas graves
do nosso modelo de educação
como povo e da combinação
explosiva entre a ausência de cultura
cívica com os interesses, sendo
que estes são sistematicamente
formatados para o curto prazo.
Durante o recente período de
férias, olhando de Tróia para uma
das mais belas baías do mundo e
abarcando com o olhar a cidade
de Setúbal, a serra da Arrábida e
as longas praias do rio e do mar,
muito ou pouco cobertas pelas
águas das marés, dei comigo a
pensar nas incoerências, que de
uma forma verdadeiramente física
, se estendem sob o meu olhar
e raciocino acerca do que aquele
lugar poderia ser sem essas incoerências.
Os governos e a autarquia
de Setúbal não conseguiram, ao
longo de muitos anos, resolver se
a cidade é um espaço industrial
ou uma riqueza turística. Por um
lado, olhamos os enormes investimentos
turísticos que foram feitos
em Tróia ao longo das últimas
cinco décadas e pelo outro é-nos
imposto o esventramento da serra
da Arrábida feito pela empresa
de cimento que ali opera, ou
sentimos os cheiros nauseabundos
que chegam da indústria química
do outro lado e choca-nos a
silhueta dos grandes edifícios industriais
que desfeiam a beira rio da
cidade. Não saber o que se quer
de um espaço daqueles, dei comigo
a pensar, deveria ser considerado
crime.
Mas há mais, o olhar não se
ficou por aqui. Olho com atenção
para os grandes investimentos feitos
recentemente pela Sonae em
Tróia e vejo com deleite a grande
qualidade do trabalho feito por
paisagistas com competência e
gosto e não posso deixar de lamentar,
como já no início do projecto
aqui escrevi, a incoerência do
modelo urbanístico escolhido, por
comparação com o modelo de
grande qualidade que naquele
espaço procedeu o actual. Eram
torres de habitação rodeadas de
espaços verdes, que permitiam ao
olhar abarcar a cidade, a serra, o
rio e o mar e agora temos a construção
rasteira a tapar todo o espaço,
com os utentes que ali habitam,
ou passam, emparedados,
como na cidade de onde vieram.

(continua...)

JotaB disse...

Em grande parte perderam o que
de melhor ali se pode fazer: espraiar
o olhar pelo conjunto das belezas
que a natureza ali colocou.
Olho agora a incoerência da
marina ali construída. Excessivamente
pequena para poder ter um
futuro económica e turisticamente
relevante, foi feita para barcos
pequenos de amantes do mar de
poucas posses, mas a preços próprios
de gente rica, que são os
que habitualmente possuem barcos
de grande porte que ali não
têm lugar. Para mais, uma marina
feita com molhes flutuantes,
que deixam as correntes do rio e
os ventos do Norte livres de por
ali entrarem, tornando a dormida
quase impossível nas noites de
invernia, ou abanados pela chegada
do barco de passageiros que
ali atraca. Tudo incoerências que
travam, quando não destroem, a
qualidade de um espaço de eleição,
cuja vocação deveria ser mais
clara e mais respeitada.
Termino com duas sugestões
que penso são estrategicamente
relevantes: a autarquia de Setúbal
e o Governo devem decidir
que a vocação daquela baía e
daquela cidade seja a actividade
turística e reconduzir as fábricas,
que também são necessárias à
região, com bom senso e sabedoria,
para outros locais do concelho.
Seguidamente, devem iniciar
um processo de negociação com
a empresa de cimento para, no
respeito dos interesses económicos
em presença, substituir a fábrica
por uma marina e a encosta já
esventrada, por hotéis e habitação
turística. Tudo isso a planear
e a construir por gente competente
que saiba o que faz, nomeadamente
integrando a nova construção
na encosta e não impondo-
a sobre a serra, usando para
isso materiais naturais, como a
pedra escura e a madeira. Claro
que não se trata de iniciar um processo
de construção na serra, mas
apenas a substituição de uma fábrica
que prejudica a vocação turística
da baía de Setúbal, por um
projecto que melhore e reforce essa
vocação. Para mais com a possibilidade
de integrar essa construção
no hospital e no castelo que
ali habitam por direito próprio. Ou
seja, é sempre possível com inteligência
melhorar a coerência estratégica
de um espaço, ou de um
país, de forma a que todos fiquem
a ganhar.

HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com

Força Emergente disse...

Caro amigo Miguel
Os comentários que aqui deixa reflectem bem aquilo que pensamos e sentimos.
A sua observação sobre não haver massa crìtica para o processo de mudança está correcta e foca o nosso principal problema.
"Por enquanto não há gente".
Será que vai haver ?
Um abraço

Força Emergente disse...

Caro amigo João
Obrigado pelo envio das crónicas de Henrique Neto pois são sempre de uma lucidez e oportunidade assinalável.
Um abraço