As novas oportunidades dos jovens são... os sonhos. Todos nós, quando jovens sonhámos com uma vida melhor. E quase sem excepção fomos atingindo metas, acompanhando o mercado crescente dos anos 80, 90 até ao ano 2000. As nossas vidas melhoraram efectivamente. O mercado expandia-se. As casas alugadas deram lugar às casas compradas a prestações. As famílias criavam riqueza a custo de algumas prestações mensais. Depois, veio Guterres e ficámos a conhecer o conceito "desmantelar" o Estado Português...
Hoje, com Sócrates, é o desemprego que cresce no mercado empresarial e na função pública. É aliás a única coisa que cresce, lado a lado com a Dívida Pública, o Défice e os Impostos... Ouvimos nos cafés as conversas, nos mercados, na praia: desemprego, desemprego, desemprego... O vizinho que está em lay-off, o amigo que deixou de receber a pensão porque se enganaram (ao fim de 10 anos) na morada de envio, a prima que está a receber os 189,50€ do Rendimento Mínimo, o filho que deixou de ir à escola porque não tem dinheiro para o transporte ou para a comida.
Mas segundo Sócrates, "Portugal foi o país da UE que mais cresceu", "o país da UE que mais exportações fez na área das tecnologias do ambiente"...
Os Bancos Alimentares nunca tiveram tanta actividade, tanto trabalho, tanta confusão e... tanto crescimento. Também aqui as filas crescem. Não de desempregados exclusivamente, mas de pessoas que, já desempregadas, entram ou começam a entrar no limiar da pobreza. A Segurança Social já não dá vazão a tantos problemas sociais. Para isso tem delegado em Associações, grupos solidários, paróquias muito do trabalho social que há a fazer e tudo o que ainda, desgraçadamente, está para vir...
Mas esta realidade é, de certa forma, escondida dos Media, onde as notícias negativas para a economia, para o Governo, ou para Portugal são cada vez mais pequenas, quase invisíveis, arremessadas para um canto de uma página ou disposta no meio de outras gigantes notícias "construidamente" positivas. Assim, qualquer cidadão não-português ficará seguro que o caso português é muito diferente do da Grécia...
No bairro onde morei muitos anos enquanto criança e jovem abriu no mês passado, uma frutaria que me lembrou imediatamente a mercearia que outrora ali existiu. A diferença é que, nos anos 70 ainda havia brio e dinheiro para dispor as caixas de fruta em prateleiras. Agora são agrupadas no chão e os preços são de saldo. Estes são sinais preocupantes, mas são sinais da nova realidade. A sociedade do futuro, em Portugal, será a das trocas directas. Deixámo-nos do Escudo, pois agora deixemo-nos do Euro e das peneiras... Vamos mas é garantir a comida à mesa...
posto por Pedro Duarte