segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Descontrolo

É visível e sentido por todos os que tem um mínimo de capacidade de análise sobre a evolução política do País.
Não é preciso ser-se especializado na matéria. O bom senso e o pensar sobre as coisas é suficiente.
Somos hoje um País moldado aos interesses de alguns vivaços que conseguiram utilizar a função política como meio e forma de enriquecimento sem justa causa e ao mesmo tempo sem castigo.
Aqueles que como nós ao longo da vida nos esforçámos também por enriquecer, mas à custa de trabalho, ideias, projectos, investimentos, iniciativas, acabamos por nos sentir frustrados, pois alguma coisa fizemos em prol do País e verificamos agora que somos pobres, talvez e apenas pelo simples facto de não termos entrado no jogo destes políticos. No entanto a justeza de carácter e princípios, sempre nos obrigaram a encarar a vida e a sociedade de uma forma séria e responsável. Felizmente que o "nosso estado de pobreza" ainda é bastante melhor que aquele em que já se encontra uma boa parte do povo Português.
Entre outras coisas estamos a referir-nos à utilização de dinheiros públicos e ao descontrolo das contas do Estado, mais uma vez titulo de 1ª página.

Mas, caros amigos, isto não é só de agora.
Este é aliás o grande problema que a falta de ética dos "profissionais da pilhagem" que há mais de 30 anos se apoderaram da máquina do Estado, vêm causando ao País.
Utilização indevida de dinheiros públicos, gestão danosa de recursos, contratualização "assistida e partilhada", ocupação injustificada de cargos, gestão "concertada" de fundos Europeus, atribuição criminosa de reformas, vencimentos, custas, despesas, etc, etc.
Um desbaratar permanente dos recursos, sem critério e sem controlo.
Utilizando a ideologia dita socialista, a palavra de esquerda, a gravata de direita e a economia liberal, geraram e utilizam aquilo que dizem combater. O capitalismo selvagem.
É vermos autênticos campónios que só se destacam por alguma vestimenta de melhor corte, serem hoje os novos milionários saídos do erário publico e que sustentados numa bem oleada máquina de "suporte de vida", conseguem através da mentira e das falsas promessas, irem mantendo as fontes de receita que habilidosamente construíram á custa deste povo cego e desprovido de entendimento.

Hoje somos um País sem referências éticas ou ideológicas. Vive-se da informação conduzida e metodicamente preparada. A crise vem lá de fora. Cá dentro é necessário mantermo-nos estáveis. É mesmo preciso um "entendimento" entre os principais partidos, como se isso não fosse a regra há mais de 30 anos.
Como se isso não seja a nossa desgraça.
Descontrolo das contas Publicas ?
Mas isto é só de agora ?
Será que as pessoas não entendem o que isto significa ? E já há tanto tempo que isto se passa !
Será que as pessoas não percebem que o que lhes é transmitido ocasionalmente por estes rastejantes políticos, não passam de informações preparadas e geridas no sentido de manter as populações na expectativa de melhores dias ? Na esperança que vamos ultrapassar as dificuldades ! Na mentira que já estamos em recuperação económica ! Que o deficit vai baixar e vamos recuperar a economia ! Que o País vai sair da crise ! Etc, etc, etc,
Só pedem uma coisa. ESTABILIDADE.
Com isso garantem que mantêm o Sistema que os alimenta, mas que causa a nossa desgraça.
Há dois anos não ouvimos o responsável pelo governo dizer que agora tínhamos uma "almofada financeira"que nos ia proteger da crise internacional ?
E disse isso depois de ter protagonizado a mais estúpida politica fiscal que acabou por levar ao desmantelamento de grande parte do tecido empresarial.
Esta gente não tem noção nem assume responsabilidades pelas decisões que vem tomando.
Gerem o erário publico mais no interesse de grupos privados que ao serviço da Nação.
E nós assistimos a tudo com a passividade dos imbecis e a cobardia dos fracos.
Cada vez se ouve mais a palavra revolta. Mas mesmo que há muito justificada o sedativo que continuam a utilizar parece por enquanto suficiente.
Para o contrariar seria necessária, ACÇÃO.
Já não há HOMENS em Portugal ?

posto por Carlos Luis

7 comentários:

JotaB disse...

Alguns partidos da oposição, figuras conhecedoras da realidade que vivemos (ex-ministros das finanças e outros cidadãos) e, mais recentemente e a reboque, o presidente da república, têm vindo a alertar para a necessidade de repensar e mesmo suspender as grandes obras públicas.
Está agendada uma discussão e votação na assembleia da república, nomeadamente sobre o TGV, e marcada uma reunião do presidente da república com nove ex-ministros das finanças.
E qual é a reacção deste governo?! :
-O presidente, a oposição, os ex-ministros referidos e, sobretudo, os PORTUGUESES, são umas bestas, uma cambada de ignorantes. Os únicos inteligentes somos nós e, por isso, estamo-nos cagando para aquilo que pensam ou que dizem e para as consequências resultantes das nossas decisões.

Perante esta prepotência, eu pergunto:
- NÓS NÃO OS TEMOS NO SÍTIO, PARA FAZERMOS A ESTA GENTALHA AQUILO QUE OS PORTUGUESES DE 1383 FIZERAM AO CONDE ANDEIRO?!...

JotaB disse...

Porque não posso deixar de me identificar com Miguel Torga, eis o seu…


DEPOIMENTO

De seguro,
Posso apenas dizer que havia um muro
E que foi contra ele que arremeti
A vida inteira.
Não, nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.

A honra era lutar
Sem esperança de vencer.
E lutei ferozmente noite e dia.
Apesar de saber
Que quanto mais lutava mais perdia
E mais funda sentia
A dor de me perder.

Miguel Torga

Mrzepovinho disse...

Vejam a imagem da acrópole em Atenas... os Gregos estão-nos a enviar uma mensagem UREGENTE, porque os próximos... somos NÓS!

http://economico.sapo.pt/noticias/manifestantes-gregos-invadem-a-acropole_88643.html

Força Emergente disse...

Caros amigos
Para lá da revolta, sentimos cada vez mais uma profunda tristeza por pertencermos a este povo de imbecis e cobardes a quem puseram o titulo de portugueses.
O outro povo, o Grego, tem de facto outro estofo e outra capacidade de entendimento daquilo que já lhes está a acontecer.
Já perceberam que as restrições apenas servem esta camarilha política que tomou conta da europa. O nome vai em letra pequena para poder corresponder à maioria dos políticos que a integram.
Obrigado JotaB e Mrzepovinho.
Mais dia menos dia teremos de ser nós, outra vez, a vir para a rua.

JotaB disse...

Os Abutres da finança continuam a banquetear-se com os nossos corpos escanzelados:

BANCA
O UBS, o maior banco suíço, anunciou hoje que fechou o primeiro trimestre com um lucro de 2,2 mil milhões de fracos suíços (1,5 mil milhões de euros).
Apresentou o maior lucro trimestral em três anos.

Até Março passado as quatro instituições (BPI, BCP, Santander Totta e BES) alcançaram um lucro conjunto de 391,9 milhões de euros.
Lucros do BES sobem 17,6% para 119,1 ME no primeiro trimestre e surpreendem mercado.


Publicado no jornal “O Ribatejo”:
Era uma vez…os bancos
Por: José Niza
Uma coisa que devia ser de ensino obrigatório a todas as crianças e em todas as escolas do País é a forma como os bancos enganam as pessoas.
Os bancos até parecem instituições beneméritas e filantrópicas – como a Caritas, ou o Banco Alimentar – e ajudam os pobrezinhos no Natal, embora no resto do ano nos arranquem o couro e o cabelo. (Quem anda por aí com estas atoardas são o Jerónimo e o Louçã, mas já toda a gente percebeu o que eles querem).
Como ia dizendo, a verdade é que os bancos são organizações exemplares e as pessoas que lá trabalham muito bem educadas e sempre sorridentes, atentas e obrigadas.
Nos bancos há os banqueiros e os bancários. E todos usam gravata. Só que os primeiros gastam do Giorgio Armani e os segundos, da feira de Carcavelos. Para além das gravatas, os banqueiros também se distinguem dos bancários porque ganham um bocadinho mais. Ouvi dizer – mas devem ser invenções do Louçã – que para ganhar o que um banqueiro ganha por mês, um bancário terá de trabalhar alguns anos. O que, aliás, é de inteira justiça, porque são os banqueiros que pensam as coisas e que dão as ordens. Quando as coisas correm bem, eles recebem milhões em ordenados, bónus e prémios. Mas quando as coisas correm mal, também recebem o mesmo.
À excepção dos que vão à falência por excesso de roubalheira, como o BPN ou o BPP, nunca ouvi falar de um banco que tivesse “prejuízos”. Já alguém ouviu? O que às vezes acontece é que eles têm trágicas quebras de lucros. Por exemplo, em vez de ganharem 100 milhões, ganham só 99.
Os bancos vivem de uma coisa chamada “juros”. Quando um infeliz vai a um banco depositar umas poupanças, dão-lhe 1% de juros. E os funcionários – com caras de gatos-pingados muito tristes e de lágrimas ao canto do olho – esvaiem-se em prantos dizendo ao cidadão que não podem dar mais e que a culpa é do Euribor, dos “spreads”, dos “rankings”, dos “cash-flows” e de outras coisas em inglês.
Mas, se o mesmo infeliz for ao mesmo banco, não para fazer um depósito, mas para pedir um empréstimo, não lhe cobram menos de vinte e tal por cento. E os mesmos funcionários – com caras de gatos-pingados muito tristes e debulhados em lágrimas – dizem ao infeliz que o dinheiro está muito caro, que anda por aí uma grande crise, que têm de ir lá fora comprar euros, que 20% de juros até é uma pechincha e que é tudo por causa da Grécia.

/continua...)

JotaB disse...

A caridade dos bancos também não tem limites: eles até dão milhões aos clubes de futebol só para verem o seu nome nas camisolas. E, como são muito bonzinhos, o Estado até só lhes cobra metade dos impostos que a sapataria ou o café da esquina pagam.
Talvez não seja por acaso que, em Santarém e junto ao hospital, os bancos são porta-sim, porta-não. A razão é simples: quando lhes pagam 1% de juros nos depósitos, ou lhes cobram mais de 20% nos empréstimos, as pessoas desatam a ter enfartes de miocárdio, ataques de fúria, crises de apoplexia. E, por isso, dá imenso jeito ter as urgências mesmo ali ao lado.
Outra coisa que deviam ensinar às crianças é que, se um encapuçado assaltar um banco com uma pistola de carnaval, e gamar uns cem ou duzentos euros, é logo preso, julgado e condenado. O malandro!
Mas, se os assaltantes forem peixe graúdo de colarinho branco – e, em vez de sacarem umas centenas de euros, roubarem milhões – nem sequer precisam de pistolas de plástico. Do que precisam é de bons advogados que vão arrastando os processos até que prescrevam. E eles, inocentados, possam de novo regressar ao jet-set, às missas dos domingos, ou a escrever livros contando os seus sucessos financeiros.
Em 2009 – no meio da crise que varreu Portugal e o Mundo – quatro dos maiores bancos portugueses (BES, BPI, BCP e Santander-Totta) tiveram um lucro diário – repito, diário! – de 5milhões de contos.
E, num recentíssimo inquérito do Expresso sobre as pessoas com mais poder em Portugal, os resultados foram concludentes: 1º- Ricardo Salgado (presidente do Banco Espírito Santo); 2º-Belmiro de Azevedo (Sonae); 3º- José Sócrates (Primeiro Ministro); e 6º- Cavaco Silva (Presidente da República)!
Mais palavras para quê? Acho que estamos conversados.

Mrzepovinho disse...

Mas... o mais engraçado é que, se nós precisarmos de dinheiro emprestado, como a Gécia, uma GRANDE FATIA desse valor vai direitinho para... OS BANCOS (que ainda ontem apresentaram MILHÕES em lucros..)

Isto até podia ser uma coisa inventada por mim assim à pressão, mas no caso da Grécia, os BANCOS receberam apenas 15.000.000.000 (15 mil milhões = 15 BILIÕES) do dinheiro que a UE e o FMI lá enfiaram!

in Diário Económico:

Grécia cria fundo de até 15 mil milhões para a banca
Mafalda Aguilar
04/05/10 13:38


http://economico.sapo.pt/noticias/grecia-cria-fundo-de-ate-15-mil-milhoes-para-a-banca_88651.html