segunda-feira, 10 de maio de 2010

O homenzinho

Há muitos muitos milhões atrás, um homenzinho que dizia ser uma coisa passou a ser outra. Era um homenzinho humilde pois até quando foi descoberto a mentira sobre o seu falso curso profissional, o povo lhe perdoou rapidamente. Povo humilde, que sabe reconhecer os seus. Até mesmo os seus incompetentes. A religiosidade por um lado, o futebol por outro, tudo perdoa...

Esse homenzinho prometeu mundos e fundos ao seu humilde povo. O povo nele acreditou e, aos poucos, o homenzinho foi percebendo que dar dinheiro ou atirar pedras ao seu povo era quase a mesma coisa. Ora o homenzinho era de origem humilde mas não era estúpido. Percebeu que o povo andava tão anestesiado com a sua vida difícil, com o futebol e com a crise que, se começasse a fazer passar milhões em frente do nariz do povo, o povo não se queixaria. E assim fez. Agarrou num punhado de humildes seus amigos e começaram a enviar milhões para tudo o que era sítio. Tudo, claro, na rede dos seus amigos humildes.

O povo lia as notícias nos jornais, via os noticiários das televisões, mas mesmo assim considerava o homenzinho um tipo simpático, da mesma raíz que a sua, da mesma falsa estupidez natural que existe naqueles que não estudam e que não querem saber de nada a não ser do pão na mesa e do vinho no copo. E claro, do futebol, porque povo sem fanáticos não é povo. Lá para as Arábias e para as Áfricas os fanáticos são do tipo religioso. Mas nas terras do homenzinho, o futebol além de alimentar histerias, afasta o povinho dos milhões e até lhe vai buscar mais uns quantos trocos em bilhetes de jogos, bebidas, deslocações e outras despesas inerentes à prática deste "desporto" virtual, que é o de jogar com os pés dos outros, com os sucessos dos outros...

Assim, mais uma vitória para o homenzinho que, a cada dia que passava alimentava com mais milhões os seus humildes amigos. Ao pensar nestas coisas, o homenzinho sorriu de confiança, e apagou a televisão pensando já numa estratégia para continuar a manter entretidos os seus humildes súbditos, pelo menos durante mais uma semana...

posto por Pedro Duarte

4 comentários:

Diogo disse...

Para quê tantos eufemismos para falar de um corrupto? Não devia, antes, chamar a atenção para os que o apoiaram e lhe financiaram a campanha? Não devia apontar os grandes beneficiários das políticas de Sócrates?

JotaB disse...

Depois da alienação do futebol, da euforia benfiquista, vamos iniciar o ciclo papal, para, logo de seguida, retomar o tema do futebol, com os preparativos para o mundial.

A populaça está feliz, no mínimo distraída ou adormecida, exactamente como os sacanas a querem.

Permitam-me que aqui traga mais um artigo publicado no semanário Jornal de Leiria:


"Opinião

Não há solução contra a cultura

A actual crise portuguesa é um síndrome típico da cultura mediterrânica em que se inclui a Grécia (e o Vaticano) e só é do domínio da economia se for vista superficialmente. O facto é que a economia não é uma causa mas sim um efeito, um produto, da cultura. A cultura é que comanda a economia.
Vejamos: gastar mais do que os ganhos; privilegiar o lazer (e a lazeira) em prejuízo do trabalho; abrir créditos para ostentar riqueza (até para passar férias); gastar em obras públicas em vez de investir na produção; enaltecer os subsídios; pretender «não ficar atrás» em gastos e passar por «grande»; gastar os dinheiros municipais em ostentações urbanas; «servir-se» da governação em vez de servir a colectividade e acusar os críticos de inveja («se lá estivesses fazias o mesmo»...).
Recusar o modelo tradicional da «boa dona-de-casa» em favor das modernas engenharias financeiras e das «contabilidades criativas» ensinadas nas universidades... E, com esta mentalidade (a que chamamos cultura), as catástrofes económicas (doméstica, empresarial e nacional) são inevitáveis. Não há solução contra a cultura (só a contra-cultura).
A crise não priva o Estado, a Igreja e algumas câmaras de esbanjar meios para agradar ao Papa (a histeria já está instalada...). A cultura prevalece. Um vereador da Câmara de Ourém, para justificar os 500 mil euros (que a câmara não tem mas espera do Governo) gastos com arranjos na Cova da Iria para a visita do Papa, traduz bem a cultura: «Apesar dos problemas de ordem financeira, trata-se de uma situação de excepção», reiterando a disponibilidade da câmara em que «tudo corra bem e que saiam dignificados o nome do País, da cidade de Fátima e do município de Ourém» (...). «Fátima, neste momento, é o espelho deste País para muita gente que nos visita de todo o mundo»; a cidade tem obrigação de se apresentar nas «melhores condições». Um exemplo microcultural que explica a macroeconomia.

Moisés Espírito Santo, sociólogo das religiões, Batalha"

JotaB disse...

Por lapso, repeti um artigo que já havia publicado.
Era este o artigo que pretendia dar a conhecer, também publicado no Jornal de Leiria:

"I m p r e s s õ e s
Coisas do arco-da-velha

Cada vez que leio o que a nossa classe obriga os portugueses a
engolir fico pasmado com a passividade bovina, como se de fatalidade
se tratasse, com que a população aceita as histórias mal engendradas
dos contadores de tretas. Imagine-se que o partido que nos
governa decidiu convidar para deputada por Lisboa uma senhora que
vive em Paris. Nada a obstar, pensará o leitor na sua boa-fé. O problema
é que a deputada vai a Paris semanalmente e somos nós que
vamos pagar as viagens uma vez que a Assembleia da República
aceitou fazê-lo, em vez de a mandar ir cobrar ao partido que a elegeu?
Esta história já nem suscita indignação perante o “fartar
vilanagem” a que se chegou e de que os jornais fazem eco.
Aliás, na internet circula uma definição da AR que, apesar
de excessiva, não deixa de ser curiosa. Lê-se e provoca o sorriso
amarelo e triste que arvoramos para com as nossas instituições:
“O actual Parlamento e o Governo português são
compostos por dois grupos: um formado por gente totalmente
incapaz , o outro por gente capaz de tudo”.
O regime em que vivemos é, naturalmente, o que
merecemos. Somos nós que votamos nas pessoas
que os directórios partidários normalmente escolhem
pela fidelidade canina mostrada em relação aos chefes. O regime,
pouco a pouco, foi transformado numa república de bananas em que
a legalidade, por vezes, nada tem a ver com a moralidade. Basta lembrar,
até porque está na ordem do dia, os obscenos prémios com que
as empresas públicas ou de participação do Estado, vão obsequiando
os seus geniais gestores.
O governo ainda não interveio pondo um pouco de ordem no regabofe.
Por isso, ainda há quem lembre a lei nº 2105, publicada por
Salazar há 50 anos, para impedir as desigualdades pornográficas e
abjectas a que chegámos. Entre muitas coisas acertadas eram abrangidos
os organismos estatais, as empresas concessionárias de
serviços públicos onde o Estado tivesse participação accionista,
ou ainda aquelas que usufruíssem de financiamentos
públicos ou "que explorassem actividades em regime de exclusivo".
E, pasme-se, nenhum gestor podia ganhar mais que
um ministro!
Finalmente o governo tomou uma medida genial para sair
da crise: decidiu tolerância de ponto da função pública no
dia da vinda do papa. De facto, só uma medida divina
nos pode salvar dos nossos actuais salvadores.
Esperemos que esteja bom tempo para a praia.

Orlando Cardoso
orlandocardososter@gmail.com"

Lusitano disse...

Caros
Amigos,
A propósito desta crise que ameaça não ter fim, há quem queira que o "povo"saia à rua, mas para comemorar o quê, ou para que romaria ou festa???
É que português, hoje, é sinónimo de animal estupidificado, seja com o Futebol, seja com Fátima, seja com o Fado, ou seja ainda com as doses industrais de Fononovelas (vulgo telenovelas), o português médio, deve ser dos povos, pelo menos dos ocidentais, que mais lavagem ao cérebro sofre por cada hora que passa, seja pela televisão, seja pela rádio, seja pelos jornais, seja pela propaganda do "admirável líder" e restantes "governantes".
Ora, como se pode pedir a um povo tão condicionado e manipulado na sua capacidade de racicionar, que pense nalguma coisa ou tenha alguma atitude na defesa dos seus interesses???
Às vezes, aparecem por aí umas pessoas, convencidas, que se isto piorar (e vai piorar, podem ter a certeza), vamos ter distúrbios como na Grécia, que anjinhos, nem que tivéssem de comer trampa ninguém se revoltava.
Este rebanho, a que se covencionou chamar "povo português", não tem tomates para nada, não passa duma manada sem vontade própria, se lhe disserem que comer merda porque ficam mais bonitos, não hesitam, veja-se por exemplo o que se passa com os "governantes" cá do quintal, ainda há dias, Sócrates, dizia que não ia aumentar os impostos, já ontem, Teixeira dos Santos disse muito maneirinho, que se fosse "necessário" lá teria de ser, pergunto: mas será que ainda não compreenderam que os impostos vão mesmo aumentar, como é que vão arranjar dinheiro para pagar os juros, dos juros, dos juros... daquilo que devemos ao estrangeiro, tipo cartão de crédito.
Ora, eu venho dizendo há muito tempo, que os impostos vão mesmo ter de subir e existem duas cauasa para tal facto; em primeiro lugar, a produção nacional é muito inferior ao que necessitamos e consumimos, pelos que temos de pedir dinheiro emprestado para importar esses produtos; segundo, porque se andamos a pedir dinheiro emprestado, há que sacar o máximo possível ao pessoal para este não consumir, e dessa forma, se importar menos, é uma forma "original" de fazer poupar dinheiro, isto está bom de ver, só não vê quem não quer ou é parvo!!!
Repare-se, que o próprio PR, que devia ser o representante do povo e defende-lo, veio dizer que devemos ter confiança no Ministro das Finanças, isso é o cúmulo, quer dizer, que se Teixeira dos Santos se lembrar de aumentar o IVA para 50% e triplicar os impostos sobre o trabalho e sobre os rendimentos, ainda devemos fazer vénias e ficar agradecidos???
Isto não lembra nem ao Diabo, que o PR fizesse um discurso de verdade, que fizesse um discurso apelando à moderação do consumo, uma vez que estamos falidos, se fizesse um apelo patriótico para que os portugueses consumissem mais produtos nacionais, isso ficava-lhe bem, agora pedir confiança no Ministro das Finanças que, juntamente com o "admirável Líder" tem andado a enganar o pessoal, lembram-se, qual foi o défice que anunciaram há pouco mais de 6 meses e qual foi o real???
Lembram-se também, deles dizerem que estávamos "bem preparados" para enfrentar a crise porque tínhamos sabido reduzir o défice para 3%???
Será, que estes políticos não tem pingo de vergonha na cara, mas, afinal, tratam quem os elege como mentecaptos, como idiotas ou sentem-se majestades reais acima de tudo e de todos???
É por isso, que não vamos a lado nenhum, e é perante esta falta de hombridade, de nobreza, de dignidade, que eu cada vez admiro mais o velho Botas, afinal, ele ao menos não enganava o pessoal, não andava com falinhas mansas para depois nos fornicar como estes fazem.
Esta gente, ao menos podia ter aprendido com ele, a maneira como resolveu a grave crise (mas muito menor), económica e financeira que encontrou quando se tornou Ministro das finanças em 1928, a diferença, é que hoje já não temos soberania e estes pseudo-governantes agora não tem mais poder que um antigo regedor de aldeia.
Cumprimentos.

LUSITANO