quinta-feira, 4 de março de 2010

A Fuga e o Folclore

Audições na Assembleia, greve geral da função publica, noticias nos jornais, nas televisões, nas rádios e sempre o mesmo enfoque - são MENTIROSOS, estão ENVOLVIDOS, são CORRUPTOS, a soar-lhes aos ouvidos.
Havia que encontrar qualquer coisa que lhes pudesse sacudir a pressão do momento.
Daí a súbita fuga para Moçambique.
E foram uma boa quantidade deles, embora por cá ainda continuem demasiados.
Que bem que agora se sentem longe de tudo o que os incomoda, mas que pelos vistos ainda não os envergonha.
Lá, o som dos batuques e a indiferença das gentes, fazem-os sentir outra vez importantes e credíveis, pois basta uma caneta para assinar mais uns acordos e com os abundantes fundos que este País lhes permite usufruírem, poderem pagar mais umas "pequenas" coisas para não fazerem má figura.
E que bom é despertar pela manhã e ouvir boas vindas e ver sorrisos rasgados.
Ninguém lhes fala no Freeport ou na face oculta e tudo se passa em ambiente festivo. De seguida mais uma recepção e a sempre oportuna lembrança que aqueles homens são os representantes de um velho império e agora Nação irmã.
Todos estão felizes. Todos ficam felizes.
Até a língua ajuda, pois nem sequer é necessário o estuporado Inglês técnico.
E até é bom, porque assim ninguém se poderá rir do nosso primeiro ministro. Já nos bastou a triste figura na Cimeira de Lisboa. Convenhamos no entanto que poucos membros doutros governos terão sido obrigados a estudar Inglês técnico.
O azar do nosso foi não lhe terem ensinado apenas o Inglês corrente. Chegava perfeitamente para se desenrascar lá fora.
Ali nem é preciso mais animação e tudo se passa em ambiente descontraído, pois foram daqui diversos palhaços.
É salutar sentirmos o País a ser tão bem representado.
E depois vão todos até Cahora Bassa e almoçam pelo caminho e é tudo tão diferente que nem lhes apetece vir para este inferno de invejosos que lhes fazem a vida negra com as cabalas e os aviltamentos que lhes vão preparando.
E até para nós é bom podermos sentir este ar desempoeirado que por aqui vai correndo. A poluição durante estes dias vai ser muito menor.
A propósito. O outro também foi para o Estrangeiro?
Não seria boa altura para fecharmos as fronteiras?

6 comentários:

a_mafia_portuguesa@hotmail.com disse...

fechar as fornteiras, GENIAL. mas tem de ser com brasileiros e espanhóis porque os portugueses querem é novelas, futebol, p_tas e vinho verde...!!!

JotaB disse...

Até aquele senhor que fala "axim" e é presidente de uma federação sindical, foi para Moçambique num dia de greve da Função Pública.
Eles querem lá saber daquilo que nos acontece...
Esses trastes têm uma agenda pessoal muito distante dos nossos problemas.
Se o "outro" também está lá fora, seria uma boa altura para nos vermos livres deles.
Mas penso que ainda não vai ser hoje, o que lamento profundamente.

JotaB disse...

Nunca me passou pela cabeça ouvir o Dr Medina Carreira na RTP1, como de facto aconteceu.
Só desejo que as suas palavras tenham chegado a muitos, mesmo muitos Portugueses e que estes o tenham ouvido atentamente.
O Dr Medina Carreira foi igual a si próprio, usando uma linguagem clara e perceptível por qualquer indivíduo.
O meu muito obrigado ao CIDADÃO LIVRE Medina Carreira.

JotaB disse...

Vivo na Região de leiria, pelo que leio, entre outros, os jornais da terra.
No Jornal de Leiria costumam ler-se artigos de opinião de cidadãos atentos e preocupados com este pobre país.
Além do artigo de Henrique Neto, deixo aqui, esta semana, as "palavras" de António Delgado:

Estirpe “não nem”
Estamos na mão de uma autêntica e genuína
casta: Os “não nem”. Não me refiro aos
jovens que não têm profissão nem benefícios
e exprimem a sobrevivência da mesma
forma que os seus progenitores.
De igual modo não falo dos universitários, que ao
acabarem a sua formação, ou não encontram um
emprego digno nem uma pobre oportunidade para
demonstrar os seus talentos, ou não possuem perspectivas
nem possibilidade de progredir nos seus trabalhos,
para não falar dos desempregados que não
vislumbram presente nem futuro, para eles e para
os seus.
De mesma forma, não seria justo nomear os pensionistas,
que não podem dar opinião nem fazer nada
para evitar o desastre que se lhes avizinha, nem o
português médio que não consegue chegar ao fim do
mês e não tem meios para lutar nele.
Os verdadeiros “não nem” que nos conduzem à
pobreza em que muitos, senão a grande maioria, está
a penar, são grupos corporativistas que não têm escrúpulos
nem vergonha. Situando-se à frente deles a
casta política, que não sabe o que é trabalho em prol
do bem comum, nem vontade tem para saber. Criaturas
malditas, sem coração nem conhecimento, que
não podem nem querem melhorar a vida dos demais.
Espécie de vampiros que só se protegem a si mesmos
com salários e reformas ultrajantes, mostrando um
rosto que não reflecte ajuste nem decência.
Junto a eles, fundidos, encontramos os assessores e
calaceiros milionários que não trabalham nem cumprem
com os deveres ou tarefas que justificam a sua desnecessária
existência. Se juntarmos a esta lista alguns banqueiros
desalmados e certos exploradores do alheio, que
nem solidariedade mostram no seu comportamento, temos
então a estirpe “não nem” completa, que não nos deixa
viver nem lutar dignamente pela nossa sobrevivência.
Não deveríamos permitir nem que nos derrotem nem que
nos humilhem quase todos os dias.
Este grupo está ao serviço do seu próprio medrar,
dedicando-se mais a isso e aos interesses particulares
de poderosos que ao bem público. Fazem o que lhes
convém a eles e à sua casta. Nisto consiste o seu espírito
de justiça. São lacaios de um sistema económico
que permanentemente provoca mal-estar na maioria
das pessoas e na natureza, por anteporem o bem-estar
deles e de alguns ao de todos.
Na sua pureza, esta estirpe, mais que apolítica é anti-
-política, necessita de um regime formalmente democrático
para vestir a capa imaculada de candidatos “eleitoráveis”,
dispostos a fazerem a gestão dos interesses
dos cidadãos, que confiam em alguém que os represente
e governe. Por natureza são inimigos da democracia,
infiltram-se no campo contrário para fazer crer que o
bem comum, que nos beneficia a todos, coincide com o
dos seus amos. As suas armas são a corrupção inata, a
amoralidade de um País desmoralizado e os meios de
comunicação que não são correctos nem imparciais, mas
venais. Sobre regimes de partido único e sistemas ou
partidos de classe política única, haverá quem me possa
explicar a diferença?
ANTÓNIO DELGADO
Professor Universitário
a_delgado@netcabo.pt

Mrzepovinho disse...

E quando a crise "Grega" atingir a nossa pobre economia?! Para onde é que os suspeitos do costume vão fujir?!

Já repararam que o "nosso" [des]Governo anda a emitir dívida pública (com juros cada vez mais elevados) para pagar dívidas contraídas em anos anteriores!?

Ora... contraír empréstimos para pagar outros empréstimos (e os juros destes) é considerada uma BOA política?

Parece que só nas grandes mentes económicas é que este modelo faz sentido... é que na minha cabeça, isto é caminhar para o endividamente perpétuo!

Mrzepovinho disse...

Vejam esta sugestão alemã para o governo grego:

http://economico.sapo.pt/noticias/alemanha-aconselha-grecia-a-vender-ilhas-para-saldar-dividas_83177.html

"Alguns deputados alemães recomendam à Grécia que venda algumas das suas ilhas para enfrentar o grave endividamento do país.

"O Estado grego deve desprender-se de forma radical das suas participações em empresas e também vender terrenos, como por exemplo, as suas ilhas desabitadas", sugere Frank Schäffler, membro da comissão parlamentar de finanças, citado pelo jornal "Bild".

Ora aí está uma excelente saída para os nossos problemas! Vendemos a Madeira e libertamo-nos do Alberto João Jardim!! (resta saber se quem comprar a Ilha quer lá o Alberto João! :P)